Difícil acreditar que a Bruce McLaren Motor Racing surgiu há mais de 50 anos. Até hoje ainda penso na McLaren como uma equipe nova, mesmo tendo sido fundada em 1963. Talvez porque cheguei à Inglaterra para competir em 1969 e a McLaren tinha apenas seis anos nas corridas, só três anos na Fórmula 1. E a equipe na qual iniciei, a Lotus, competia na F1 desde 1958, tendo conseguido vários títulos mundiais com meus heróis de adolescência, Jim Clark e Graham Hill.

Assim, quando deixei a Lotus e fui para a McLaren, no final de 1973, muitos ficaram imaginando a razão dessa troca. Afinal, ganhei o campeonato mundial pela Lotus em 1972 e comecei a temporada de 1973 extremamente bem. Ganhei três dos primeiros seis GPs – na Argentina, Brasil e Espanha – e consegui o pódio nos outros três (África do Sul, Bélgica e Mônaco. Bem, enquanto corria a temporada de 1973 pela Lotus, comecei a ter alguns problemas mecânicos e de confiabilidade no carro, o que nunca havia acontecido no ano anterior. Embora tenha conseguido muitos pontos nos primeiros seis GPs, fiz apenas 1 ponto nas seis corridas seguintes.

Era muito frustrante, mas apesar dos maus resultados, quando cheguei em Monza ainda tinha a chance matemática de alcançar o líder Jackie Stewart, primeiro piloto da Tyrrell, e disputar o título mundial. Meu colega de equipe, Ronnie Peterson não tinha essa possibilidade. Por isso, fizemos um acordo: se ele estivesse liderando a corrida faltando 15 voltas para o final, e eu estivesse em segundo, Colin Chapman, o chefão da Lotus, iria mostrar uma placa na pista para Ronnie me deixar passar. Assim eu manteria minha chance de continuar disputando o campeonato mundial.

Ronnie conseguiu a pole e pegou a liderança. Eu larguei em quarto no grid, mas logo encontrei meu caminho para a segunda posição, atrás de Ronnie. Quando faltavam 15 voltas, eu esperava que Colin sinalizasse para Ronnie me deixar passar. Nada aconteceu. Então comecei a dirigir o mais rápido que podia, bem no limite, disputando a vitória duramente com Ronnie, que continuava com o pé no fundo. Ronnie – que faleceu na largada em Monza, em 1978 – era um grande cara e não o culpo por não me deixar passar.

Afinal, Colin nunca mostrou a placa que tínhamos combinado. Cheguei em segundo lugar, menos de 1 segundo atrás de Ronnie, e Jackie Stewart terminou em quarto lugar, mais de 30 segundos atrás de mim. Mesmo assim, Jackie foi o campeão mundial de 1973. Foi ridículo. Eu estava tão bravo com Colin que naquela tarde decidi deixar a Lotus no final do ano. Logo depois, altos executivos da Philip Morris, que faz os cigarros Marlboro, me contataram com uma oferta muito atraente: “Escolha sua próxima equipe, Emerson. Nós vamos te patrocinar em qualquer equipe que você escolher”.

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