Todo mundo sabe que 2014 foi um ano ruim para a indústria automobilística no Brasil. No geral, as filiadas da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) tiveram uma queda de 7,1% nas vendas. Para os filiados da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores), o ano passado foi ainda pior: as vendas caíram 14,3%. Dessa forma, a participação das marcas da Abeifa no mercado passou de 3,15% para 2,90%.

Mesmo assim, várias marcas com bons volumes e focadas na importação conseguiram crescer no mercado brasileiro em 2014: Lifan (136,5%), Mini (24,7%), Chery (18,3%), Dodge (17,8%), BMW (6,8%) e Volvo (6,5%). Somadas, essas seis marcas passaram de 31.919 vendas/ano para 38.602 vendas/ano. Um crescimento de 20,9% em uma temporada de perdas. Já a Suzuki, embora tenha apresentado uma queda de 4,0%, manteve-se na casa dos 6.000 veículos/ano (foi de 6.293 para 6.043), o que também pode ser considerado um bom resultado. Mas, ainda falando das marcas com volume expressivo, três fabricantes sofreram bastante em 2014: Land Rover (-11,8%), Kia Motors (-18,3%) e JAC Motors (-47,3%).

Tudo isso aconteceu num cenário em que as principais moedas estrangeiras estiveram estáveis e desvalorizadas até setembro (mês anterior ao da eleição presidencial). Agora pense: o dólar foi de R$ 2,23 para R$ 3,05, o euro passou de R$ 2,90 para R$ 3,31 e a libra subiu de R$ 3,65 para R$ 4,59. Sem contar que os juros altos também afastam os consumidores das concessionárias. Por isso, a perspectiva para quase todas as marcas filiadas à Abeifa em 2015 é péssima. Para se ter uma ideia, somente em janeiro a queda acumulada (em relação ao primeiro mês de 2014) foi de 22,2%. O volume de 9.609 carros vendidos caiu para 7.478. A rigor, somente a Mini (26 carros), Dodge (68 carros) e a Lifan (185 carros) cresceram. Mas convenhamos que são valores bem modestos. Das três, só os números da Lifan podem ser considerados expressivos, pois subiram 49,6%. Todas as outras marcas despencaram no primeiro mês de 2015, inclusive as que cresceram no ano passado. Das três que já haviam experimentado quedas bruscas, a Land Rover caiu 21,2%, a Kia Motors recuou 26,1% e a JAC Motors desceu 35,5%.

Nesse panorama, e com os frequentes incentivos fornecidos pelos governos federal e estaduais para a instalação de novas fábricas, poderemos ver num futuro próximo o mercado de importados minguar no Brasil. Difícil saber se isso pode causar impacto na qualidade dos carros fabricados em solo nacional, sem a devida queda dos preços, mas é uma situação que não deve ser desconsiderada, diante do que foi o setor quando não havia a concorrência dos importados.