A temporada de 1974 foi, e continua sendo, uma das mais duramente disputadas da história da Fórmula 1. Quatro equipes estavam ótimas – McLaren, Brabham, Tyrrell e Ferrari – e todas ganharam GPs. Depois da minha vitória no Brasil com a McLaren, nas duas competições seguintes, na África do Sul e na Espanha, venceram o argentino Carlos Reutemann e o austríaco Niki Lauda. Logo depois vinha o GP da Bélgica, que não foi em Spa-Francorchamps, mas em Nivelles, na época um novo circuito plano e suave, que só teve um GP, em 1972, no qual eu havia vencido.

Pensei que o McLaren M23 iria bem lá. E foi, assim como a Ferrari, que levou a pole com Clay Regazzoni. Lauda ficou em terceiro e eu em quarto no grid. A surpresa foi Jody Scheckter, cujo Tyrrell não tinha ido tão bem no início da temporada, mas ele conseguiu ficar na fila da frente, ao lado de Clay, em segundo na largada. Na corrida, como eu suspeitava, o M23 mostrou seu potencial. Clay terminou em quarto, Jody em terceiro, Niki em segundo e eu, apenas 3/10 de segundo na frente de Lauda, fui o feliz vencedor.

Depois fomos para Mônaco, onde venceu Ronnie Peterson, o “Sueco Voador”, sempre muito rápido naquele circuito de rua. Daí veio o GP da Suécia e Jody venceu. Lauda ganhou novamente na Holanda, Ronnie faturou na França e mais uma vez deu Jody, na Inglaterra. E eu ia ganhando meus pontinhos: quinto em Mônaco, quarto na Suécia, terceiro na Holanda e segundo na Inglaterra. Clay Regazzoni fazia o mesmo. Mas ele venceu o GP seguinte, em Nürburgring, na Alemanha, onde acabei quebrando uma suspensão já na segunda volta.

Durante a temporada de 1974, exceto em Interlagos, o McLaren M23 não se portava muito bem em circuitos irregulares. Por isso, ganhei em Nivelles, na Bélgica, um circuito plano e suave. Em compensação, o M23 foi complicado em Dijon, na França, com suas muitas subidas, descidas, cheio de curvas. Mas o pessoal da McLaren tinha um plano e desenhou uma nova geometria de suspensão para Brands Hatch, na Inglaterra – circuito especialmente irregular e montanhoso – e assim consegui terminar em segundo. Quando cruzava a linha de chegada, pensei: “Se o M23 conseguiu terminar em segundo aqui em Brands, vai ser ótimo daqui para frente.”

Mas, como disse, nem terminei em Nürburgring e não ganhei pontos no GP seguinte, na Áustria, onde meu motor falhou e Reutemann venceu mais uma vez, com seu Brabham. Aí vinha o GP da Itália, em Monza. Lauda colocou sua Ferrari na pole, com Clay em quinto. Mas os tifosi da Ferrari ficaram muito desapontados, pois os motores dos dois carrinhos vermelhos quebraram. Ronnie ganhou mais uma vez, eu terminei em segundo. Jody foi o terceiro. Faltavam apenas mais dois GPs, com muita briga na pista.