Em outros carnavais muito se falou da modelo que sambou sem calcinha ao lado do presidente e da coleira da Luma de Oliveira, mas no Carnaval passado, nos meios automobilísticos, só se falava da chegada dos novos crossovers: Honda HR-V, Jeep Renegade e Peugeot 2008. Para não ficar atrás, a Renault deu uma garibada no Duster. Até a JAC entrou na onda, trazendo o T6. Só a Ford, dona do pedaço, líder do nicho durante uma década, achou melhor ficar quietinha. Manteve o EcoSport tal como era e pagou para ver. Quando decidiu reagir, era tarde. Já tinha perdido a liderança para o HR-V, foi engolida pelo Renegade e, nos últimos dois meses, acabou superada até pelo Duster. Caiu para quarto lugar no acumulado do ano! No próximo Carnaval, entretanto, a tão comentada “guerra dos crossovers” já vai ser assunto antigo. Como o 2008, embora seja um ótimo carro, não consegue romper a barreira das 700 vendas/mês, a disputa ficou resumida somente a dois modelos: Jeep Renegade e Honda HR-V.

Sozinhos, o Renegade e o HR-V (sim, agora nessa ordem) venderam mais em novembro do que seus próximos 12 seguidores: Duster, EcoSport, Hyundai ix35, Hyundai Tucson, Chevrolet Tracker, Mitsubishi ASX, Toyota SW4, Mitsubishi Outlander, Kia Sportage, Peugeot 2008, Audi Q3 e Toyota RAV4. Podemos incluir ainda as vendas do Chevrolet Trailblazer nessa lista e ainda assim a dupla Renegade/HR-V vence a disputa de novembro por dois carros de diferença. É um banho comercial!

Desde abril o Honda HR-V vende mais que o EcoSport, sempre na casa de 4.000-5.000 unidades/mês. A arrancada do Renegade começou um pouco mais tarde, em julho, quando rompeu a barreira dos 4.000 emplacamentos/mês. De lá para cá, o HR-V obteve três vitórias e o Renegade as duas últimas. As diferenças pró HR-V foram de 401 carros em julho, 837 em agosto e 71 em setembro. As vantagens pró Renegade foram de 177 carros em outubro e 88 em novembro. Mas o Jeep foi o primeiro a romper a casa dos 6.000 emplacamentos (foram 6.078 em novembro). No ranking deste ano, o Honda será o campeão, pois acumula 44.618 vendas contra 32.211 do rival. Isso porque ele chegou causando: emplacou 8 carros em fevereiro, 2.382 em março e já saltou para 4.959 em abril. Um fenômeno. A subida do Jeep foi mais lenta: 66 carros em março, 575 em abril, 2.492 em maio, 3.059 em junho e 4.028 em julho. Mas no ano que vem o Jeep pode disparar.

Apesar do enorme equilíbrio entre ambos, o Renegade deve continuar subindo em 2016, pois tem uma fábrica inteira só para ele e para a futura picape da Fiat em Goiana (Pernambuco). O HR-V, por sua vez, será prejudicado pela decisão da Honda de suspender a inauguração da fábrica de Itirapina (São Paulo) até a economia melhor. Assim, ele divide a produção com outros carros de sucesso da Honda: o Civic, o Fit e o City. O Renegade começou titubeante, mas é o atual queridinho dos consumidores brasileiros. Homens confiam nele; mulheres o amam. Aos poucos, a força da marca Jeep vai se impondo perante os consumidores, graças à associação com a Fiat (líder do mercado brasileiro). O fato de ter versões 4×2 e 4×4 e motores 2.0 a diesel e 1.8 flex não é nada desprezível, pois sua gama de ofertas é bem maior que a do HR-V, disponível apenas com motor 1.8 flex e tração 4×2.

O desempenho da dupla Renegade/HR-V também serve de lição para um mercado choroso diante das terríveis perdas de 24,2% em 2015. Enquanto isso, o nicho de SUVs/crossovers subiu 2,8% no acumulado de 11 meses, passando de 267.235 emplacamentos para 274.641. Em volume, foram apenas 7.406 carros a mais. Entretanto, os SUVs/crossovers representam hoje 12,2% do mercado automotivo brasileiro, enquanto eram menos de 9% há apenas um ano. Isso mostra que, mesmo na crise, os consumidores compram as boas novidades.