As linhas exageradas do BMW Série 6 anterior, criadas por Chris Bangle, deram lugar a um desenho elegante, com a cara dos novos BMW. Sem dúvida, o modelo perdeu sua personalidade forte. Mas julgar essa mudança fica a cargo do consumidor. No habitáculo, a mensagem é incontestável: o motorista é o rei. É um carro para ser desfrutado sozinho ou com, no máximo, um acompanhante – mero coadjuvante na experiência. Na frente, há um bom espaço para dois, mas a estrela é o piloto. Todos os comandos são voltados para ele e o desenho curvo do console forma uma espécie de casulo que “isola” o motorista. Já os bancos traseiros parecem mais aptos a acomodar malas de mão do que pessoas, reforçando o porta-malas de 350 litros. Um autêntico 2+2 que aceleramos pelas estradas da África do Sul.

A capota se abre em 19 segundos e é de lona: ela tem desvantagens, mas invade pouco o porta-malas

Ele é bem pesado, mas o motor V8 4.4 biturbo de 407 cv da versão 650i avaliada (o 640i, seis cilindros, tem 306 cv) movimentaria bem até um tanque de guerra. Ele faz o conversível acelerar até 100 km/h em cinco segundos e, com absurda facilidade, atingir os 250 km/h – obviamente limitados. Começamos com o carro na configuração conforto. Capota recolhida em 19 segundos, vento no rosto, a sensação é a de estar deslizando. Para passeios sem pressa.

Mas as sinuosas estradas da Cidade do Cabo pediam mais. Configuração esportiva selecionada, câmbio no manual… puro prazer! O V8 com injeção direta está sempre disponível e muito bem auxiliado pelo câmbio de oito velocidades. Entre 1.750 e 4.500 rpm, sobra torque (61,2 kgfm). De 5.500 a 6.400 giros, sobra potência. Nas curvas, você não precisa convencê-lo a entrar na trajetória e as correções acontecem com uma facilidade incomum para modelos de medidas e peso exagerados – mérito também das rodas traseiras esterçantes. Isso tudo sem perder o conforto, apesar de as suspensões e o volante ficarem endurecidos no acerto sport plus.

Os técnicos da marca estavam tão satisfeitos com o resultado que não escondiam que esse novo Série 6 está 80 quilos mais pesado que o anterior (peso investido na segurança, é bom dizer). O xis da questão é não esquecer que se trata de um gran turismo com capota de lona. Se exigir demais, o peso extra se fará sentir. Para esse caso, é melhor aguardar a chegada do M6 – ele sim um foguete. Esse novo modelo conversível chega à Europa este mês e, no Brasil, no segundo semestre (com preço na casa dos R$ 500 mil). Brigará com o Mercedes SL 500, versão top do legítimo roadster das páginas anteriores.

Ao lado da alavanca de câmbio (à esquerda) está o botão que controla o acerto do carro (acima), exibido na tela central (à direita, no alto)

 

 

BMW 650i Conversível

/ MOTOR oito cilindros em V, 4,4 litros, 32V, injeção direta, biturbo/ TRANSMISSÃO automática sequencial, oito marchas, tração traseira /DIMENSÕES comp.: 4,89m – larg.:1,89m – alt.: 1,37m/ ENTRE-EIXOS 2,855 m / PORTA-MALAS 300 a 350 litros / PNEUS 245/45 R18 / PESO 1.940 kg GASOLINA / POTÊNCIA 407 cv de 5.500 a 6.400 rpm / TORQUE 61,2 kgfm de 1.750 a 4.500 rpm / VELOCIDADE MÁXIMA 250 km/h (limitada) / 0 – 100 km/h 5 segundos* / CONSUMO cidade: 6,5 km/l – estrada: 12,7 km/l* / CONSUMO REAL não disponível *dados da Europa