A pista de testes da Hyundai, em Namyang, na Coreia do Sul, possui 70 quilômetros de extensão e é composta por 34 “estradas” que possuem 71 tipos diferentes de superfícies. É nesse laboratório que estão sendo dados os últimos retoques na principal aposta da montadora coreana para o Brasil: a família de veículos batizada de Projeto HB.

O carro será produzido na fábrica de Piracicaba (SP) e só começa a ser vendido no final de 2012. Contudo, MOTOR SHOW fez parte de um seleto grupo que já dirigiu o HB. O veículo, colocado à disposição pela empresa, foi a versão hatch de uma família que contará, ainda, com um sedã e um compacto aventureiro, com o jeitão do Crossfox. Ambos permanecem até agora guardados a sete-chaves e longe da curiosidade da imprensa.

O teste, devo confessar, surpreendeu em vários aspectos. Primeiro porque o veículo estava bastante camuflado, não permitindo visualizar suas linhas. Se levarmos em conta, no entanto, um dos protótipos do HB em exibição no centro de design da marca que integra o complexo de Namyang, ele lembra muito seus irmãos i20 e ix20 (leia quadro). Os executivos coreanos negam qualquer parentesco. Garantem tratar-se de uma plataforma inteiramente nova, feita do zero, incluindo o câmbio e o motor, nas versões 1.0 e 1.6, ambas flex, que irão equipar as três versões nacionais.

Ao mesmo tempo que escondem detalhes importantes do veículo, como dimensões, medida de entre-eixos, volume do porta-malas e até mesmo a performance do motor quando abastecido com etanol (importado do Brasil para os testes) ou gasolina, os executivos da Hyundai são pródigos em capturar todas as observações dos jornalistas brasileiros. Para isso, foram colocados, em cada um dos carros usados no teste, dois engenheiros munidos de pranchetas. Falando um péssimo inglês e sempre escrevendo em coreano, eles ouviam atentos os comentários, tentando extrair as impressões dos motoristas especializados e formadores de opinião.

O modelo tem motores 1.0 e 1.6. Seu porte é semelhante ao de um Palio ou de um Gol e o porta-malas acomoda cerca de 250 litros. A família contará com um sedã e um aventureiro urbano

Minha avaliação foi positiva. O carro, na versão 1.0, é suave. O ar, claro, compromete a performance e atrapalha as retomadas, mas a caixa de marchas permite fazer trocas com maciez e precisão. A única exceção é na passagem da quarta para a quinta, que exige uma “pressão” maior. Na versão 1.6, os problemas não se repetem. O hatch é ágil e acelera com vigor.

O espaço interno é confortável para o motorista e o passageiro dianteiro. No banco de trás, dois adultos com estatura de até 1,70 m viajam confortavelmente. O destaque fica por conta do porta-malas, que tem espaço para abrigar entre 250 e 300 litros de bagagens. Com relação aos acabamentos, os dirigentes da empresa foram rápidos em avisar que, como o projeto ainda está em andamento, o interior do protótipo usado no teste pode não ser replicado nos modelos finais. Mas a impressão que fica é que a Hyundai se esforçou para construir um hatch com visual esportivo, mas ao mesmo tempo sóbrio, destinado a um público na faixa dos 25 aos 35 anos.

Brincando de cabra-cega

Quem esteve na pista de testes de Namyang dirigiu o HB, mas não pôde ver as suas linhas. O teste foi feito com o carro totalmente coberto por um tipo de disfarce conhecido na indústria como burca. Mas os executivos da marca mostraram aos jornalistas um protótipo anterior ao que eles pilotaram. Segundo nosso repórter, as linhas são bem próximas às do i20 e do ix20 (fotos), com faróis longos, grade ampla e tampa do porta-malas bem reta.