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Fiat Uno é uma coisa, Fiat Mobi é outra. Para distanciar os dois modelos, a linha 2017 do Uno recebeu mais que estética e conteúdos renovados. Os destaques são os novíssimos motores Firefly (vagalume, em inglês) 1.0 e 1.3 de três e quatro cilindros, respectivamente. Ambos são feitos na nova fábrica de motores do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) em Betim (MG).“É um projeto global que estreia no Brasil pela importância do mercado para esse tipo de propulsor”, conta Aldo Marangoni, diretor de powertrain.

Todo o desenvolvimento buscou eficiência (baixo consumo e emissões) e confiabilidade (robustez e manutenção descomplicada) – um grande atributo dos blocos Fire e Fire Evo, que ainda continua em linha em outros modelos da Fiat. De maneira geral, o 1.0 é o 1.3 com um cilindro a menos. Aliás, os motores dividem as mesmas dimensões de pistões e de cilindros para diminuir os custos de produção, viabilizando o intercâmbio de peças entre eles, com taxa de compressão de 13,2:1 (favorece a queima com etanol) e duas válvulas por cilindro.

Diferentemente da maioria dos tricilíndricos 1.0 do mercado, com 12 válvulas, o da Fiat tem seis. “Isso garantiu menor atrito e melhores consumo e desempenho”, explica Marangoni. Essa arquitetura também possibilitou aplicar o comando de válvulas único com variador de fase – estendido também ao 1.3. O uso desse recurso possibilitou fazer o ciclo Miller – usado atualmente nos carros híbridos. No ciclo Miller, em situações de baixa carga no acelerador ou médias rotações, o comando de válvulas atrasa o fechamento da válvula de escape, fazendo parte do gás recircular na câmara de combustão, diminuindo a emissão de poluentes e beneficiando o consumo. Segundo a Fiat, a economia de combustível com o ciclo Miller chega a 7%.

A engenharia também aplicou a partida a frio sem tanquinho de gasolina e otimizou o coletor de aspiração, a posição das velas de irídio (mais finas e duráveis) para aumentar a turbulência dentro da câmara de combustão e utilizou bobinas de ignição. O lubrificante do 1.0 e do 1.3 é mais fino e tem especificação 0W20, além do Firefly possui balancins roletados (50% menos atrito), bomba de óleo variável, corrente Silent Chain (mais silenciosa que correia dentada) e cárter e pescador feitos de aço eliminando as chances de quebras e vazamentos por impactos.

Ao dar a partida, a típica vibração dos propulsores tricilíndricos é baixa no Uno – o coxim do motor é hidráulico. O motor Firefly 1.0 oferece 72/77 cv (g/e), contra 73/75 cv do antigo Fire Evo. Entretanto, a palavra de ordem foi: torque alto ao invés de potência. E nisso o Fiat é impecável, oferecendo a maior força entre os concorrentes de três cilindros 1.0 aspirado. Esse propulsor está presente na avaliada versão de entrada Attractive (R$ 41.840) e na aventureira Way (R$ 41.970). Espere por boa força em baixos e médios giros.

O carro embala com facilidade sem requisitar muito do pedal do acelerador, proporcionando poucas mudanças ou reduções de marchas no trânsito urbano. De acordo com o fabricante, a ideia de turbinar o 3 cilindros – como fez Volkswagen e Hyundai –  implicaria em um novo desenvolvimento, enquanto sua ida ao Mobi ficará para um segundo momento. A transmissão do Uno 1.0 é manual de cinco marchas. O diferencial final foi alongado, assim como a quarta marcha em relação ao modelo anterior. Sendo assim, houve uma diminuição na rotação a 120 km/h: de 3.952 rpm para 3.827 rpm.

Há indicador de marcha no quadro de instrumentos para ajudar o motorista a dirigir de forma mais econômica. Aprimorado na linha 2015, o isolamento ficou ainda melhor na linha 2017. A precisa direção elétrica substituiu a hidráulica e é bem macia ao esterço. A tecla City (começou no Fiat Stilo) deixa a direção ainda mais leve para facilitar as manobras/balizas. Esse sistema desarma acima de 30 km/h. As suspensões foram recalibradas com novas molas e amortecedores para uma condução mais refinada. Os pneus passam a ser “superverdes” (mais eficiente que os “verdes”). Já os freios seguem sem alterações.

E de que adianta um motor moderno se a aerodinâmica não faz sua contribuição? Para ajudar, o design do Uno foi reformulado. As mudanças estéticas se concentraram na dianteira fazendo sua parte para deixar o Uno mais econômico. Vieram novo para-choque e grade mais clássica fazendo o coeficiente aerodinâmico (Cx) baixar de 0,33 para 0,32. Há novo spoiler frontal, compensador de ar para direcionar o fluxo ao radiador e revestimento aerodinâmico embaixo do carro. As calotas estão redesenhadas.

Mais atual e seguro, esse novo Uno 1.0 pode receber opcionalmente itens de categorias superiores, como o assistente de partida em subidas e os controles de tração/estabilidade. Pois é, agora o Uno 1.0 pode entrar na briga de igual para igual contra os rivais do segmento. Mais que isso, ele não só se distanciou do Mobi, como há chances de o propulsor Firefly equipar modelos europeus da Fiat, como o Panda. Essas são cenas do próximo capítulo.

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Ficha técnica

Fiat Uno 1.0 Attractive

Preço básico: R$ 41.840
Carro avaliado:
R$ 41.840
Motor:
3 cilindros em linha 1.0, 6V
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 72 cv a 6.000 rpm (g) e 77 cv 6.250 rpm (e)
Torque: 10,4 kgfm a 3.250 rpm (g) e 10,9 kgfm a 3.250 rpm (e)
Câmbio: manual, cinco marchas
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco sólido (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 3,820 m (c), 1,636 m (l), 1,480 m (a)
Entre-eixos: 2,376 m
Pneus: 175/65 R14
Porta-malas: 280 litros
Tanque: 48 litros
Peso: 1.010 kg
0-100 km/h: 13s6 (g) e 12s5 (e)
Velocidade máxima: 154 km/h (g) e 157 km/h (e)
Consumo cidade: 13,1km/l (g) e 9,2 km/l (e)
Consumo estrada: 15,1 km/l (g) e 10,4 km/l (e)
Emissão de CO2: 94 g/km (com etanol = 0 g/km)
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Subcompacto)

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Mais Sporting do que nunca

A versão Sporting chama atenção, óbvio, por seu visual esportivado. No passado, ela já foi oferecida com duas portas. Desde o último facelift, há dois anos, o design do Uno Sporting ficou mais agressivo e traz as saídas de escape centralizadas. Agora, no Uno 2017, o carro acompanhou todas as mudanças aplicadas no restante da linha. Destaque para as belíssimas rodas de 15”. Diferentemente das demais configurações, a Sporting é vendida somente com motor 1.3 de quatro cilindros e opção de transmissão manual (R$ 49.340) ou automatizada Dualogic Plus (R$ 53.690), ambas de cinco marchas.

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