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A Volkswagen mostrou essa semana à imprensa latino americana a nova Amarok 2017. Além de uma discreta atualização visual externa, a picape ganhou um interior com mudanças significativas e melhorias nas listas de equipamentos – que incorporaram os itens antes opcionais como de série quase sem aumentos nos preços. E ainda ganhou uma nova série especial chamada Extreme, baseada na topo de linha Highline, mas com proposta mais esportiva, além do anúncio de uma versão V6 para o fim do ano que vem (os detalhes das mudanças você confere aqui e versões e preços aqui).

Para nossa avaliação, entretanto, a marca disponibilizou apenas a tradicional versão topo de linha Highline (e uma rapidíssimo contato com a V6; já volto a falar dela), de R$ 167.990. O test-drive foi no sul da Argentina, em El Calafate, uma cidade gélida – literalmente, pois lá fica a Glaciar Perito Moreno, uma das maiores geleiras do mundo. Não que dirigir a picape fosse fundamental, uma vez que mecânica e dinamicamente nada muda em relação ao modelo já conhecido e vendido no Brasil desde 2010.

Embora discretas, as alterações no design da dianteira (detalhes no link acima) foram boas. A luz diurna com LEDs –  agora de série na Amarok Highline em conjunto com os faróis bixenônio – deu à picape um ar mais moderno, e o para-choque dianteiro redesenhado a com um ar mais robusto. Já o novo adesivo 4MOTION na lateral, alusivo à tração 4×4 full-time, seria dispensável, mas agrada aos clientes da categoria.

No interior, o acabamento melhorou com a faixa prateada que corre por todo o painel, e o ar-condicionado digital agora indica temperatura em mostrador próprio. não mais só na tela da central multimídia – agora a topo de linha Discover Media, enfim digna do valor da picape (com Android Auto, Apple CarPlay e MirrorLink, além de uma tela de tamanho decente). Outra mudança sensível está nos bancos. Eles não eram ruins, mas ficaram muito melhores. Tem comandos elétricos em doze direções, ajuste de comprimento do assento e abas generosas – que se provaram muito eficientes para segurar o corpo quando sacolejamos no longo percurso fora de estrada, que incluiu subidas e descidas radicais, além de uma passagem pelo lago Argentino, o maior do país, formado pelo degelo do Perito Moreno e de fundo pedregoso. Para completar, há um compartimento bem grande acima do painel para guardar coisas (podia ter um fundo emborrachado) e mais tomadas 12V pela cabine (agora são três).

Ao volante, segue a velha e boa Amarok, talvez a melhor do segmento em prazer de dirigir. Nenhuma rival tem suspensões que combinem tão bem conforto e estabilidade em curvas. Em um trecho no banco traseiro, além de pular menos que a média, ainda fiquei com as pernas mais confortáveis, sem os joelhos tão no alto como nas rivais. É verdade que a direção é meio pesada, pois ainda é hidráulica. Não é um problema na estrada e no off-road, mas na cidade incomoda um pouco.

Ainda no off-road, o motor 2.0 biturbo a diesel de 180 cv e 42,8 kgfm não é o mais forte do segmento, mas o câmbio de oito marchas com a primeira bem reduzida o aproveita bem, garantindo desempenho equivalente ao de rivais mais potentes. No modo sequencial, vencemos subidas bastante íngremes em segunda marcha, sem precisar apelar à primeira. A ausência do bloqueio de diferencial central é compensada pela tração integral inteligente 4MOTION. Já no eixo traseiro há bloqueio mecânico: foi o que salvou um colega Argentino menos habilidoso a sair de uma encalhada no lago. Outra função interessante é o botão off-road: ele deixa as respostas do motor mais lentas para situações de terra e altera o funcionamento do ABS para melhor frenagem em superfícies escorregadias.

No asfalto, além da boa estabilidade, a Amarok agradou pelas novas borboletas no volante, com respostas rápidas e útil para reduções antes de curvas ou ultrapassagens. E a tração integral, mais uma vez, é uma bela vantagem, pois garante mais segurança e aderência ao solo, em quaisquer condições de pista. pena que cobra seu preço no consumo alto, o pior entre as picapes diesel de sua categoria.

No fim, a Amarok continua entre as melhores opções do segmento, e o preço pedido por essa Highline é mais baixo do que o das versões de topo das rivais. Tudo bem que em relação a elas fica devendo alguns recursos de direção semi-autônoma, mas não são itens fundamentais. Se vocês busca uma picape completa e segura, não deixe de considerar sua compra. Mas dirija também a nova Toyota Hilux e a Chevrolet S10.

E a versão V6?

Não dá pra dizer quer avaliei a versão V6 turbodiesel. Dei uma acelerada, uma freada e acabou. E depois andei uns dois quilômetros no banco traseiro. Dá para dizer apenas que é mais silenciosa e tem trocas de marcha ainda mais suaves que a da 2.0. O motor é o do Touareg, com 224 cv de 3.000 a 4.500 rpm e torque de 56,1 kgfm de 1.400 a 2.750 rpm (10% a mais que S10 e Ranger e 13,3 kgfm a mais que esse 2.0 biturbo). Ela chega ao Brasil no segundo semestre do ano que vem, muito provavelmente na versão Aventura, posicionada acima da Highline, em torno de R$ 200.000. Será a única picape V6 a diesel em nosso mercado – até a chegada da Mercedes Classe X em 2018.

FICHA TÉCNICA

VW AMAROK
Preço básico: R$ 126.990 (CD)
Carro avaliado: R$ 167.990

Volkswagen Amarok Highline 2.0
Motor: 4 cilindros em linha 2.0, 16V, biturbo
Cilindrada: 1968 cm3
Combustível: diesel
Potência: 180 cv a 4.000 rpm
Torque: 42,8 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Direção: hidráulica
Suspensão: duplo triângulo (d) e eixo rígido com molas de lâminas (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: integral (4MOTION) com bloqueio mecânico do diferencial traseiro
Dimensões: 5,254 m (c), 1,944 m (l), 1,834 m (a)
Entre-eixos: 3,097 m
Pneus: 255/60 R18 (Opc.: 255/55 R19)
Caçamba: 1.280 litros/1.134 kg
Tanque: 80 litros
Peso: 2.036 kg
0-100 km/h: 10s9
Velocidade máxima: 179 km/h
Consumo cidade: 8,9 km/l*
Consumo estrada: 9,2 km/l*
Emissão de CO2: 220 g/km
Com etanol: não é flex
Nota do Inmetro: E*
Classificação na categoria: C (Picape)*
*dados do modelo 2016