Na tentativa de cobrir todos os nichos de mercado, a BMW deixou as coisas um tanto confusas. Primeiro, lançou o desengonçado Série 3 Gran Turismo, um “cupê esportivo” com quatro portas derivado do tradicional Série 3 Sedan. Depois, veio o Série 4, no fundo nada mais que um novo nome para as versões Conversível e Coupé (de verdade, com duas portas) do mesmo Série 3. Por fim, lançou esse Série 4 Gran Coupé, um outro cupê de quatro portas, mas agora baseado no Série 4, que por sua vez veio do… Série 3. Complicado, né?

Mas então qual a diferença entre o Série 3 GT e o Série 4 Gran Coupé? São muitas. Para começar, o 4GC tem um design bem mais harmônico que o do bizarro 3GT. É 12 cm mais baixo, 18 cm mais curto e tem entre-eixos 11 cm menor – e por isso é mais proporcional, esportivo e belo. Claro que isso se reflete em menos espaço na cabine: se você costuma levar sempre adultos altos no banco traseiro, em ambos eles terão bom espaço para as pernas, mas no 4GC o teto é um pouquinho mais baixo justamente por causa do design.


Há uma redundância na linha BMW hoje. O modelo acima é o Série 3 GT, que perde o sentido com a chegada do Série 4 GC

Se não é o caso, esqueça o 3GT e leve esse 428i Gran Coupé, vendido em versão única de R$ 246.950 (O 3GT tem as opções 320i, de R$ 172.950, e 328i, de R$ 220.950; já o Série 4 Coupé não é vendido no Brasil). Além de ser mais bonito, a menor altura e as proporções mais esportivas do 428i Gran Coupé se refletem na dirigibilidade e no prazer ao volante. A posição de dirigir é mais baixa e a dinâmica é mais envolvente. Mesmo de olhos vendados, você sabe que está num BMW: a direção é direta e precisa, os freios agarram bem e a traseira dá deliciosas escapadas – especialmente quando se escolhe o modo mais esportivo no seletor junto à alavanca de câmbio, que deixa o controle de estabilidade mais permissivo e enrijece os amortecedores.


O acabamento é bom, mas o espaço é limitado para dar a sensação de esportividade. O volante não é grosso como nos BMW M e o navegador GPS tem tela grande e bons gráficos, além de informações de trânsito. No detalhe: Junto ao câmbio, os seletores do modo de condução e do ESP

Para completar, o motor de 245 cv tem pouco turbo lag e torque máximo disponível a 1.250 rpm, garantindo desempenho excelente (0-100 km/h em 6 segundos) e baixo consumo (no modo Eco Pro faz banguela automática), o câmbio de oito marchas é excepcional, o acelerador é pivotado no assoalho, os assentos dianteiros têm ajuste de comprimento e o aro do volante não é grosso demais como nos BMW M. Esse 428i Gran Coupé é, portanto, muito mais afiado ao volante do que os Série 3
– seja o GT, seja o sedã tradicional (que, com esse motor, custa R$ 203.950).


O painel de instrumentos conservador, o som e o ar-condicionado com duas zonas

Já em versatilidade, ele se destaca novamente do sedã e se iguala ao GT: abrindo o porta-malas (com tampa motorizada devido ao tamanho e peso exagerados), há acesso para a cabine, e, rebatendo os bancos, o espaço é similar ao de uma perua (e dá para carregar objetos bem maiores que no sedã). No fim, esse é um cupê de quatro portas bom de acelerar, prático de usar e – diferentemente do Série 3 GT – bonito de olhar. Uma bela opção ao Audi A5 Sportback, seu maior rival atualmente.

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Ficha técnica:

BMW 428i Gran Coupé

Motor: 4 cilindros em linha, 16V, comando variável, válvulas de admissão continuamente variáveis (Valvetronic), turbo twin-scroll, injeção direta, start-stop
Cilindrada: 1997 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 245 cv de 5.000 a 6.500 rpm
Torque: 35,7 kgfm de 1.250 a 4.800 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Tração: traseira
Direção: elétrica
Dimensões: 4,638 m (c), 1,825 m (l), 1,389 m (a)
Entre-eixos: 2,810 m
Pneus: 255/35 ZR19 (run flat)
Porta-malas: 480 a 1.300 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.605 kg 0-100 km/h: 6s0
Vel. máxima: 250 km/h (limitada)
Consumo cidade: 8,7 km/l
Consumo estrada: 12,1 km/l
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: C (Grande)