Das três combinações de conjunto motor/câmbio do Jeep Renegade, a única que não havíamos dirigido era essa 1.8 flex automática de seis marchas. O Renegade 1.8 manual – que dirigimos no Rio de Janeiro e publicamos no site – não chegou a empolgar, mas agradou. Já essa combinação do motor 1.8 com o câmbio automático comprovou o que previmos na edição passada: os 130/132 cv (gasolina/etanol) e 18,6/19,1 kgfm de torque do propulsor E.torQ Evo estão aquém dos excelentes atributos do carro. O Renegade 1.8 automático é oferecido em duas versões: Sport (R$ 75.900) e Longitude (R$ 80.900).

Avaliamos a segunda, que vem com sistema multimídia com navegador por GPS, volante de couro com ajuste de altura e profundidade, comandos do áudio e do bluetooth no volante, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, isofix para cadeirinhas, controles de estabilidade e tração, controle anticapotamento, assistente de frenagem em pânico, piloto automático e freio-de-mão elétrico. O carro avaliado estava com rodas aro 18, que vêm no Pacote Luxo (inclui bancos de couro) por R$ 3.500. Ele também tinha o Pacote Segurança (monitoramento da pressão dos pneus e airbags laterais/cortina/joelho do motorista), que custa R$ 3.500.


O Renegade 1.8 Longitude tem um painel muito bem desenhado. Destaque para o quadro de instrumentos bastante rico em detalhes, o freio de estacionamento elétrico e a câmera de ré

Outro opcional incluído, o Pacote Tecnologia 1 (detector de pontos cegos e Park Assist), custa R$ 8.000 e elevaria o preço do carro para R$ 95.900. Com teto solar panorâmico (R$ 6.700) e o Pacote Tecnologia 2 (R$ 14.500, incluindo bancos elétricos e faróis de xenônio), o Renegade Longitude AT6 sairia por R$ 117.100. Amplo espaço interno, silêncio a bordo, acabamento superior, suspensões que dão ótima estabilidade e design diferenciado são os pontos forte desse Jeep. Mas ele não dá prazer ao motorista. Para ter um desempenho razoável, é preciso dirigí-lo o tempo todo com o motor acima de 3.500 giros (antes de embalar).

É desconfortável conduzir assim – e a imensa maioria não o faz. O problema, em parte, está na perda de energia provocada pelo conversor de torque que toda transmissão automática tem, mas a maior culpa é mesmo do motor de 1,75 litro. A Jeep reconstruiu o motor E.torQ da Fiat e o rebatizou de E.torQ Evo. Ele teve modificações no bloco para receber o câmbio automático, ganhou novo cabeçote e comando de válvulas variável na admissão, entre outros aperfeiçoamentos, a fim de melhorar seu torque em baixos e médios regimes. De fato, a curva de torque melhorou, passando de 18,9 kgfm a 4.500 rpm para 19,1 a 3.750. Esse 0,2 kgfm, entretanto, foi insuficiente para os 1.440 quilos do carro (só com um motorista de 70 quilos).

Na prática, o imponente e bonito Renegade 1.8 AT6 é lento no trânsito. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos ele usa um motor 1.4 turbo de 162 cv/25 kgfm e um bloco 2.4 de 183 cv/24 kgfm. Na Europa, é equipado com um propulsor 1.4 de 142 cv/23 kgfm e outro 1.4 de 172 cv/25 kgfm. Até na Rússia, África e Oriente Médio tem um 2.4 de 188 cv/23 kgfm. Na versão flex automática, o Renegade nacional bem que merecia um motor 2.0. Mas poderia ser pior: na Rússia, a Jeep oferece um Renegade 1.6 com apenas 112 cv de potência e 15 kgfm de torque a 4.500 rpm.

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Ficha técnica:

Jeep Renegade 1.8 Longitude AT6

Motor: 4 cilindros em linha, 16V, comando variável (admissão)
Cilindrada: 1747 cm3
Combustível: flex
Potência: 130 cv a 5.250 rpm (g) e 132 cv a 5.250 rpm (e)
Torque: 18,6 kgfm a 3.750 rpm (g) e 19,1 kgfm a 3.750 rpm (e)
Tração: dianteira
Direção: elétrica
Dimensões: 4,232 m (c), 1,798 m (l), 1,705 m (a)
Entre-eixos: 2,570 m
Pneus: 215/60 R17
Porta-malas: 260 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.440 kg 0-100 km/h: 12s6 (g) e 11,5 (e)
Velocidade máxima: 179 km/h (g) e 181 km/h (e)
Consumo: não divulgado
Nota do Inmetro: não participa