NOVO FORD KA 1.0 R$ 25.200 (ESTIMADO)

 

A traseira do Ka antigo havia sido reestilizada apenas no Brasil. Agora, as linhas da tampa do porta-malas são marcantes, e lembram um pouco o desenho do Fiat Stilo

Realmente faltava esse novo Ka no portfólio de produtos da Ford. A antiga versão, que deixou de ser produzida, tinha uma grande limitação no espaço interno (principalmente no banco traseiro e na altura da capota para os passageiros) e no volume do porta-malas, que mal acomodava uma valise. Por isso é que a participação do acanhado Ka era tão pequena no segmento B, o de entrada. Mas o pequeno Ford tinha lá seu charme: principalmente no design, o carro sempre foi lembrado de maneira positiva. Suas linhas modernas, e até ousadas, guardaram a imagem positiva do simpático carrinho. Agora a Ford desenvolveu um novo carro e chamou-o de novo Ka. Totalmente criado e desenvolvido pelo design e pela engenharia da Ford brasileira, o novo carro guardou algumas coisas, como a distância entreeixos, do antigo. Pensado por brasileiros para o mercado sul-americano, certamente deverá ser um grande “freguês” de nosso novo Ford.

O conceito “Kinectic” norteou as linhas do novo carro. São mais fluidas e curvilíneas que os cortes retos e abruptos do “New Edge” que regia os desenhos do antigo Ka. Os enormes e destacados faróis acompanham as linhas da dianteira. Nas laterais, as linhas de cintura da carroceria se iniciam na ponta dos faróis e sobem até o contorno das lanternas. O contorno das janelas traseiras dá personalidade às formas, tornando o novo Ka inconfundível. Na traseira, a parte mais feliz do design: as linhas do pára-choque contornam a tampa do porta-malas (de 263 litros, maior apenas que os 260 litros do Celta e menor que os 275 litros do Palio Fire e os 283 litros do Gol), facilitando muito a colocação e retirada de objetos do interior do bagageiro. As lanternas grandes e altas deram uma graça toda especial à traseira. A informação negativa é que o modelo será ofertado apenas na versão duas portas. No interior, o painel do novo carro atrai pelas linhas modernas e chamativas, e, no quadro de instrumentos, leitura clara e fácil para o contagiros, velocímetro e marcador analógico de combustível. O hodômetro é digital. Um conjunto equilibrado e bonito.

Nas laterais, as linhas de cintura da carroceria se iniciam na ponta dos faróis e sobem até o contorno das lanternas

O que restou do antigo modelo: apenas o conjunto motor/câmbio, que também é comum ao Fiesta 1.0. No restante só ficou uma vaga lembrança do antigo Ka. Alguns podem pensar que a plataforma é idêntica à do antigo, mas nem isso restou: a antiga base (utilizada no Ka e no velho Fiesta) desapareceu. Essa nova plataforma (B-402) utiliza subframe (uma estrutura metálica que vai fixada ao monobloco da carroceria) para ancorar a suspensão dianteira e o sistema de direção, ao invés de fazer essas fixações diretamente no monobloco, como no antigo Ka. O objetivo principal é o de “filtrar” ruídos e vibrações vindas do piso em que o carro transita. Claro que a criação desse novo componente (semelhante ao do já existente no Fiesta e no Ecosport) exigiu o desenvolvimento de um sistema novo da suspensão dianteira (braços e mangas de eixo) e sistema de direção, com nova caixa e braços de articulação. O que restou então da plataforma antiga? Na realidade, a parte traseira, onde existem os pontos de fixação do eixo de torção traseiro, que, apesar de semelhante, tem novos valores de torção com relação ao componente antigo. Pouco restou do velho carro. Tudo foi revisto e refeito.

Caça ao TESOURO

MOTOR SHOW mostrou em primeira mão as fotos do novo Ford Ka em junho de 2005. O modelo sofreu pouquíssimas alterações nas linhas que mostramos na época. As pequenas mudanças apresentamos com exclusividade em julho de 2007. O projeto do novo Ka foi deflagrado na Ford em 2004. Mostramos as fotos do modelo aprovado pela diretoria em 2005. Nosso leitor já viu esse carro em primeiríssima mão há mais de dois anos e meio. E, agora fomos privilegiados novamente: quando saíamos com o novo Ka para um testdrive, fomos informados de que aquela seria a primeira vez que o carro andaria pelas ruas sem disfarces. Por isso, João Marcos Ramos, chefe do design da Ford Brasil e coordenador do design do novo Ka, fez questão de ir junto: “Quero ver a reação das pessoas na rua”. Saímos para um passeio de pouco menos de uma hora com o carrinho vermelho, que era apontado pelas pessoas a todo momento. Uma alegria para o pai das linhas do novo carro.

O painel do Ka antigo era mais ousado, com suas linhas ovais, e o porta-luvas era pequeno e pouco funcional

O ar-condicionado é opcional nessa versão de entrada, e o porta-copos não existia na geração anterior. Já o painel de instrumentos, ao lado, permite leitura mais clara que o antigo, mas continua sem indicar a temperatura do motor

 

 

Os grande faróis deixaram a dianteira mais parecida com a do Fiesta, enquanto as lanternas ficaram bem atraentes

Andando com a versão 1.0 flex (que deverá responder por 90% das vendas do modelo, oferecido também na versão 1.6 flex), tivemos uma impressão positiva de desempenho. Com o carro com uma carga perto da máxima de 400 kg (estávamos com quase 300 kg entre motorista e passageiros), transitamos por estradas e curtos trajetos urbanos, sempre utilizando o álcool combustível (o motor dessa forma produz bons 73 cv, ou 70 cv com gasolina) e as respostas foram positivas para um carro 1.0 que pesa pouco mais que 900 kg: estradas com longos trechos de aclive não intimidaram o carrinho, que manteve os 110 km/h com meio acelerador. Uma boa combinação de torque e relação de quinta marcha. Mesmo nas saídas, seu arranque foi bom e suficiente para imprimir boa velocidade ao novo carro. Nas provas de aceleração, o Novo Ka faz de 0 a 100 km/h em bons 15s5 (16s com gasolina). Em curvas, mesmo sem barras estabilizadoras, a inclinação da carroceria é bastante limitada, não provocando desconforto aos ocupantes.

 

O painel, acima, ficou bem mais conservador, mas agora tem portaluvas “normal”. Portas e interior continuam mostrando parte da lataria

 

O novo Ford deverá ter seu preço fixado na casa dos R$ 25.200 na versão básica, que vem com travas elétricas, controle remoto para abertura de portas e porta-malas, alarme, travamento automático das Lançamento portas quando atinge os 15 km/h e comando no painel para abertura do porta-malas.

Uma alça (à direita) ajuda o fechamento do porta-malas que, antes insatisfatório, agora cresceu mais de 80 litros e se alinhou aos dos concorrentes. O motor 1.0, por se tratar de um carro leve, tem desempenho adequado

O modelo antigo despertava opiniões variadas: alguns o consideravam horroroso, mas até prêmios de design ele ganhou. No novo Ka, a Ford decidiu não ousar tanto

Opcionalmente o carro será oferecido com arcondicionado, direção hidráulica, comando elétrico para os vidros, sistema de som e limpador e desembaçador do vidro traseiro. Com um pacote de ar/direção/ vidro elétrico, o carrinho, na versão 1.0, deverá sair por cerca de R$ 30.000. Um preço bem competitivo nesse disputado mercado.

Como não existe na versão de quatro portas, a Ford não descarta a possibilidade de oferecer o novo Ka com motor 1.6 por um preço semelhante a que os concorrentes oferecem as versões quatro portas 1.0. É de se pensar: o conforto das quatro portas pelo desempenho marcante do 1.6? (pelo menos no modelo antigo, esse motor nos proporcionou muita diversão). Vamos esperar isso acontecer na prática.