O Juke já foi fortíssimo candidato a ser vendido no Brasil. E pode voltar a ser, dependendo de como o dólar se comportar e de como a Nissan decidir expandir sua linha futuramente. Hoje, a marca está focada em sua fábrica em Resende (RJ), inaugurada este ano e responsável pela produção da dupla March/ Versa e, em 2016, do “primo” racional do Juke, o Kicks. Por isso, é bem pouco provável que vejamos esse crossover/mini-SUV aqui tão cedo. Pena, porque, além de carismático (para aqueles que não o odeiam), o Juke, nessa novíssima versão superesportiva Nismo RS, é um carro divertidíssimo de dirigir. 

Para quem não conhece, Nismo é a divisão de esportivos da Nissan. Quando um carro tem esse sobrenome, é especial. Aqui, ainda é adicionada a sigla RS; signi ca que ele é um Nismo com algo a mais. No caso, mais potência, esportividade e agressividade. Ao design já ousado e controverso do jipinho (fenômeno de vendas na Europa e nos EUA) soma-se um visual ainda mais inspirado, com saias laterais, rodas pretas aro 18, suspensão rebaixada e para-choques e escape com sonoridade modi cada. Até mesmo nas ruas de Miami Beach, onde discrição não é palavra de ordem, as pessoas torciam o pescoço para vê-lo. Um crossover deliciosamente excêntrico, do tipo que facilmente faz os fanáticos por esportivos se apaixonarem. Vários deles trocariam seus Mini Cooper, Golf GTI e Civic Si por esse Juke. Se não antes, depois de dirigi-lo. 

Isso porque toda essa esportividade se repete no interior e na mecânica: os bancosconcha são Recaro, daqueles que não se vê por aí há tempos. Com abas generosas, são bastante duros, até desconfortáveis de tão esportivos – e completamente revestidos de camurça, assim como o volante esportivo. Já o motor é o mesmo 1.6 turbinado com injeção direta do Juke normal, mas levado ao limite, garantindo uma performance próxima da oferecida pelos rivais 2.0. São 218 cv e 28,6 kgfm, e a aceleração de 0-100 km/h leva sete segundos. Apesar da turbina, que faz questão de se fazer ouvir, ele gosta de trabalhar com giro alto: não perde totalmente o fôlego quando as rotações caem, mas pede sempre mais uma esticadinha. Funciona em harmonia com o câmbio manual de seis marchas – com alavanca bem posicionada, engates justíssimos (sincronizador triplo) e relações curtas. A embreagem é pesada, tornando cansativo encarar congestionamentos (mas, em um carro desses, quem se importa?). 

A tração é dianteira, e para reduzir o torque steer (aquela puxada para o lado nas aceleradas), há diferencial de deslizamento limitado. O volante com assitência elétrica é pesado, com calibração exclusiva, e as suspensões, apesar do eixo de torção na traseira, são firmes como raramente se vê, sacri cando o conforto, mas garantindo que o crossover encare curvas tão bem quanto qualquer hot hatch, apesar da altura excessiva da carroceria. 

Nos EUA, o Juke Nismo RS custa o mesmo que um Mini Cooper S ou um Golf GTI topo de linha. Ou seja, poderia ser vendido no Brasil por algo entre R$ 120.000 e R$ 130.000. Poucos o comprariam, é verdade, mas garanto que  cariam felizes, esses excêntricos.