Civic e Corolla top de linha são caros, muito caros. Poucas marcas têm coragem de cobrar quase R$ 90 mil por um sedã médio – mas, aproveitando-se de seu prestígio, é o que fazem Honda e Toyota. E foi o que nos levou a introduzir o forasteiro mexicano, Fusion, no que era para ser um duelo entre as versões mais completas dos sedãs campeões de venda. Na verdade, o Fusion 2.5 é de um segmento superior – em tese ele enfrentaria, como nos EUA, o Toyota Camry 2.5 (não vendido aqui) e o Honda Accord 2.4 (aqui, 2.0). Mas, por R$ 80.920, ele é uma ameça aos japoneses menores.

Outro mexicano, o VW Jetta, entraria na disputa pelo mesmo motivo, mas cou de fora: a perua acaba de mudar e a nova geração do sedã será apresentada no Salão de Paris, em setembro – e talvez nem seja mais vendida aqui. O Hyundai Azera? A marca não o disponibilizou, mas, por cerca de R$ 85 mil (e com motor V6), estaria quase na mesma posição do Fusion.

O Civic ca atrás. Apesar do ótimo acerto do chassi, com suspensão esportiva (independente na traseira, ótima em curvas) e respostas imediatas do volante e do acelerador; apesar da excelente posição de dirigir e da sensação de espaço; e, en m, apesar dos comandos à mão e do bom câmbio sequencial de cinco marchas com borboletas, ele tem seus defeitos, principalmente considerando o preço: o porta-malas é menor, a suspensão esportiva não é exatamente confortável, o acabamento prima pela qualidade (e não pela so sticação) e o ruído do motor é alto quando se pede desempenho. Seu 1.8 ex tem a menor potência e torque e, se na cidade é bom, na estrada as retomadas deixam a desejar. Por m, sua lista de equipamentos tem o básico do segmento, mas ca atrás das dos rivais (leia tabela).

O Toyota, pelo mesmo preço, entrega um motor 2.0, mais forte e potente, com mais silêncio na cabine. Ele anda rápido, com boa desenvoltura, mas não é tão ágil, pois seu câmbio tem apenas quatro marchas, bem longas – e uma marcha a menos faz falta em determinadas situações, como subidas ou retomadas. Falando em câmbio, o modo sequencial oferece trocas por borboletas ou na alavanca, mas serve apenas para reduzidas ou para “segurar” uma marcha mais baixa, não dando controle total ao motorista. Destaque para o baixo consumo: gasta com etanol o que o Fusion bebe de gasolina. Sua suspensão é confortável, mas pior nas curvas, fazendo o carro inclinar mais (não é independente na rodas traseiras). Em equipamentos, é mais completo que o Civic e tem acabamento ligeiramente superior.

Se o comparativo acabasse aqui, a vantagem do Toyota estaria bastante clara. Ele oferece mais pelo mesmo preço. Mas aí é que entra o Fusion: por quase R$ 10 mil a menos, não dá para negar que é superior. O motor 2.5 tem mais torque e potência, o câmbio tem seis marchas (e aproveita melhor a superioridade do motor), o acabamento é mais luxuoso, a cabine é mais silenciosa e a lista de equipamentos mais completa (destaque para os seis airbags, os 12 alto-falantes, o monitor de pressão dos pneus, entre outros). Sua suspensão traseira é independente, mas o acerto geral, bastante confortável, agrada mais nas retas que nas curvas (onde a frente sai um pouco, mas ainda é bom). Ponto negativo: falta a opção de trocas de marcha sequenciais.

A vitória do Fusion parece inevitável, mas vamos ver se os custos de manutenção mudam o jogo. O pacote de peças mais barato é o do Civic e o mais caro, do Corolla. O do Fusion ca no meio-termo. Mas é preciso ver os números com cuidado. Parte do custo adicional do Toyota está nos faróis (os únicos de xenônio) e nos retrovisores (rebatíveis eletricamente): é o preço que se paga por um carro mais equipado. Em relação ao seguro, as diferenças não são tão grandes nas apólices, mas a franquia do Ford é maior.

Três anos de garantia todos oferecem, mas enquanto as revisões dos japoneses são feitas a cada dez mil quilômetros ou um ano, as do Fusion ocorrem a cada dez mil quilômetros ou seis meses. Na prática, se você roda 15 mil quilômetros por ano, em dois anos terá de fazer três revisões com Honda e Toyota e quatro com o Ford. Assim, gastará, em dois anos, R$ 676 com o Civic, R$ 881 com o Corolla e R$ 1.640 com o Fusion (sua quarta revisão é mais cara: R$ 820). Agora, se você roda muito – 20 mil quilômetros/ano ou mais –, fará o mesmo número de revisões nos três, mas ainda gastará mais com o Fusion. Na tabela de revisões da página ao lado, você pode conferir os custos de cada carro nos primeiros 30 mil quilômetros.

Conclusão: o Civic, apesar de ser ótimo de dirigir, nessa faixa de preço fica devendo espaço, equipamentos, potência e refinamento interno. Se optar por ele, que com as versões mais baratas. O Corolla é uma ótima alternativa ao Honda, mais equipado e potente, e ainda é mais econômico que o Ford – mas também é um tanto caro. No nal das contas, o Fusion é a melhor opção entre os três. De um segmento superior, é maior, mais espaçoso, potente e imponente no trânsito. Além disso, custa quase R$ 8 mil menos que os rivais – o que compensa em parte os custos maiores de uso e manutenção e a falta do motor capaz de usar combustível renovável. Sem dúvida nenhuma, aqui, o Ford Fusion é a melhor escolha. Mas, nas próximas páginas, a história continua – e tudo pode mudar…

Revisões obrigatórias nos primeiros 30 mil quilômetros

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