CACÁ BUENO

“Quero muito medir meu potencial com pilotos do mundo inteiro, correndo em pistas que ainda não conheço”

Era quinta-feira à tarde, estávamos no autódromo de Interlagos. Cacá Bueno chega ao box de sua equipe depois de uma longa reunião com os dirigentes do time para de nir as estratégias para a Corrida do Milhão, que aconteceria no domingo seguinte, 5 de setembro. Na companhia de seu irmão e companheiro de equipe, Popó, o piloto brinca com todos os mecânicos que trabalham duro para montar os carros e a estrutura da equipe para a etapa paulistana da Stock Car.

“Convivo mais com esse pessoal do que com meus familiares e amigos”, disse o piloto, que já estava há 25 dias sem ir para sua casa no Rio de Janeiro, desde que voltou dos EUA. Lá, Cacá bateu o recorde de velocidade de um Stock Car brasileiro. No mítico deserto de sal de Bonneville, o brasileiro chegou à média de 345,9 km/h. “A maior reta do calendário da Stock tem apenas um quilômetro. Foi interessante descobrir o limite real do carro, ainda mais sobre um piso de sal, o que é muito inusitado”, contou.

Cacá tem um currículo de fazer inveja. Há tempos deixou de ser conhecido como o lho piloto do narrador Galvão Bueno para ser tratado como um dos principais nomes do automobilismo brasileiro. Mas apesar de ser totalmente reconhecido nas categorias que disputa (Stock Car e Troféu Linea), o carioca quer mostrar seu talento para o resto do mundo.

Este ano participou de uma etapa do Mundial de Carros Turismo, WTCC, pilotando um Chevrolet Cruze em Spa Francorchamps, na Bélgica. Depois de uma falha mecânica que causou um incêndio no carro, o brasileiro, além de não completar a prova, teve que car de fora da segunda bateria. Mesmo assim, as chances de Cacá disputar o Mundial em 2011 são grandes.

Acima, as comemorações das três vitórias na Stock. Em 2006 (reverenciando Ingo Hoffman), em 2007 e em 2009 (com a namorada Talita). Na sequência, com Popó e Galvão Bueno e no WTCC a bordo de um Cruze

O piloto disse já ter propostas de duas marcas, porém, como ainda prioriza a Stock, sua participação dependerá do calendário da categoria. “Quero muito medir meu potencial com pilotos do mundo inteiro, correndo em pistas que ainda não conheço”, a rmou.

A busca por novos desa os sempre foi constante em sua carreira. Ao contrário da grande maioria dos pilotos de kart, ele sempre se voltou para carros de turismo. Em 1995, por falta de patrocínio, não pôde disputar categorias de monoposto, porém, teve a oportunidade de correr a Copa Uno. “Eu não queria car parado. Naquela época, eu já tinha o objetivo de viver do esporte”, relembrou. Depois de participar da competição por dois anos, Cacá disputou a Stock Light e sagrouse campeão brasileiro da categoria em, 1997, seu ano de estreia. Com a conquista desse título, o ano de 1998 foi um marco: precisou dar um rumo de nitivo para sua carreira.

“Recebi propostas para disputar a Fórmula Indy Light e para correr no Sul-Americano de Turismo na Argentina. Optei por continuar correndo de turismo”, contou. No país vizinho, Cacá foi vice-campeão Sul- Americano em 1998, e, no ano seguinte, campeão. Competiu na Argentina até 2001 e fez corridas em diversas categorias como TC2000, Turismo Carreteira e Top Race. “Provei para mim mesmo o quanto eu era bom. Lá ninguém conhecia nem a mim nem a meu pai. Cheguei até a ter um fã-clube”, lembrou.

Sua estreia na divisão principal da Stock Car Brasil aconteceu em 2002. Logo em seu primeiro ano na categoria, Cacá acabou em terceiro no campeonato e ganhou o troféu “Novato do Ano”. De 2003 até 2006, ano em que conquistou seu primeiro título na categoria, Cacá cou com o vice-campeonato.

“No começo da minha carreira, quando eu ganhava, era porque era lho do Galvão; e, quando perdia, diziam que eu não tinha talento”, contou Cacá. Hoje, depois de três títulos na Stock, é um dos pilotos de maior popularidade no automobilismo nacional. “Consegui provar minha competência com muito trabalho”, finalizou.

Batendo o recorde de velocidade no deserto de sal