Quando o smart fortwo chegou, gostei de muita coisa: a facilidade de estacionar, a simpatia que desperta, o bom espaço na cabine, o sistema de ajuda em subidas e descidas (que segura os freios por alguns segundos) e o baixíssimo consumo (embora não rode com etanol). Agora, passei uns dias com esta versão Brabus Xclusive – para quem está disposto a pagar R$ 92.900 pelo mesmo smart, mas com uma pitada de pimenta e uma boa dose de exclusividade.

Usando o nome da empresa alemã especializada em envenenar Mercedes, ele tem bancos, volante, painel e portas revestidos em couro, além de pedais esportivos, logotipos Brabus por todo o interior e exterior, parachoques com tomadas de ar e spoilers, saias laterais, escape duplo, rodas 16” na frente e 17” atrás.

Se um dos problemas do primeiro smart que avaliei era a rigidez da suspensão, aqui essa característica piora: com chassi 1 cm mais baixo, é ainda mais duro. As grandes rodas com pneus de per l baixo (225/35) no eixo motriz, traseiro, e 175/50 no eixo dianteiro não ajudam. É bom circular por ruas lisinhas – caso contrário, sua coluna e o seu smart sofrerão bastante.

Com novo gerenciamento, o motor 1.0 três cilindros turbo gera 98 cv. Na teoria, a marca diz que ele acelera até 100 km/h em 9,9 segundos (um segundo a menos que a versão de 84 cv), e atinge a máxima de 155 km/h (10 km/h a mais). As trocas de marchas do câmbio automatizado, segundo a marca, são 20% mais rápidas. Na prática, percebi uma melhora sutil no desempenho. A primeira marcha foi reduzida e cou curta demais. As retomadas são vigorosas, mas o câmbio, no modo automático, irrita. Usando as borboletas no volante, a situação melhora, mas, mesmo assim, não é boa: perdia muito tempo nas passagens de marcha – justamente quando a turbina passava a atuar em pressão máxima, ele embalava a aceleração e começava a empolgar.

Eu caria com a versão mais barata (R$ 49.900). Consome menos e é mais confortável. Andando devagar, o câmbio não incomoda. A nal, o smart é um carro urbano, não um esportivo. Se quisesse um esportivo, pelo mesmo valor, compraria um de verdade: o Civic Si.

CONTRAPONTO

O smart tem bom desempenho, visual para lá de descolado e, é claro, um porte inusitado. Por essas e por outras que, assim como o Flávio disse, seu principal apelo é o uso urbano. Mas, durante o teste com o smart Brabus, percebi uma inversão sem sentido dessa lógica. Nessa versão, o modelo carrega diversos equipamentos e particularidades que o deixaram ainda mais exclusivo, belo e potente. Em contrapartida, sua suspensão mais rígida e a menor distância do solo tornaram o veículo desconfortável na cidade. Ele sofre muito com nossas ruas esburacadas e com isso o nível de ruído interno chega a incomodar. Na estrada, pude curtir mais o carro. O Brabus é a agilidade em pessoa, ou melhor, em carro. Mas, de qualquer jeito, não seria minha opção de compra. A nal, se o seu ponto forte é na estrada, pre ro um modelo mais robusto e esportivo. Por esse valor, encontro diversas opções.