No lançamento do modelo em 1957, tanto a imprensa quanto os cartazes colocavam o 500 como alvo das atenções italianas

Fiat 500 é um ícone da indústria automobilística italiana. Lançado em 1957, o minúsculo carrinho foi um marco para a Fiat: foi o início da popularização do automóvel para o povo italiano durante a recuperação econômica da Segunda Grande Guerra. Enquanto a Itália era reconstruída, as famílias podiam voltar a ter um carro. O que nem todo mundo sabe é que o “italianíssimo” 500 era, na realidade, um projeto alemão, inspirado no Fusca, do qual herdou algumas linhas básicas. Isso mesmo! Nos anos 50, a Fiat possuía na Alemanha um centro tecnológico em Heillbronn e uma linha de montagem em Weinsberg, na qual trabalhava Hans Peter Bauhof, um técnico alemão que propôs, à matriz italiana, o projeto de um novo carro, adequado à situação que a Europa enfrentava naquele pós-guerra.

Inegável semelhança

Apesar de sua forte personalidade, o Fiat 500 tem um elo com o nosso velho e conhecido Fusca. O projetista do pequeno Fiat foi o alemão Hans Peter Bauhof, que se inspirou nas linhas do genial Ferdinand Porsche para criar o desenho do popular italiano. As formas básicas realmente se assemelham…

Iniciado no primeiro ano da década de 50, o protótipo e o projeto foram enviados à Itália para avaliação: um carro pequeno, de construção simples, com manutenção reduzida, fácil de ser produzido e que poderia ser vendido a preços populares. Era tudo o que a combalida Europa precisava naquele momento. Do projeto original alemão, os italianos trocaram o motor. O propulsor de 500 cm3 de dois tempos e um cilindro proposto pelo alemão foi substituído por outro com a mesma cilindrada, mas com dois cilindros e quatro tempos.

Certamente, essa alteração faria toda a diferença. Apesar de um pouco mais potente, o motor de dois tempos consumiria mais combustível e não teria a mesma durabilidade de um de quatro tempos, duas características fundamentais em tempos difíceis. Desenvolvendo parcos 13 cv, o motorzinho permitia ao Fiat 500 baixo consumo e uma velocidade máxima de 85 km/h. Os italianos percorriam todo o país com família e bagagem a bordo do valente carrinho. Fica fácil entender o fascínio do italiano pelo 500: a grande maioria das pessoas tem um caso familiar para contar envolvendo o carrinho. Assim como acontece no Brasil com o Fusca. Agora em 2007, 50 anos depois do lançamento do ícone italiano, a Fiat apresentou em uma grande festa na cidade de Torino, o berço do 500 original, uma versão modernizada do modelo.

O novo Fiat 500 guarda as linhas básicas do modelo original, mas seguindo as tendências atuais de estilo. A chegada do Fiat 500 permitiu até mesmo uma renovação nas competições italianas com a revelação de jovens pilotos.

Baseado na plataforma do Panda, o novo 500 voltou a brilhar e a despertar nos italianos um sentimento mais forte de patriotismo. Sob todos os aspectos, o novo carro chegou em uma hora feliz. Depois de passar por maus momentos no início desta década (quando quase foi adquirida pela GM) por estar enfrentando uma difícil crise financeira, a Fiat deu “a volta por cima” e hoje mostra bons resultados em seus balanços financeiros, destacando-se como uma das empresas européias que mais resultados positivos tem conquistado nestes últimos anos. Na renovação de sua linha de produtos surgiram só carros de sucesso, como os novos Panda e Punto, sem considerar Brava e os Alfa, cujo sucesso de vendas foi além das fronteiras italianas.

O Fiat 500 foi imortalizado em inúmeros filmes, principalmente nos anos 60 e 70. Já as gerações mais novas tiveram a oportunidade de conhecer o carrinho com sua exibição no desenho animado Carros, lançado nos cinemas no ano passado. No longa-metragem, ele é um personagem dono de uma loja de pneus, perdidamente apaixonado pela marca Ferrari

O que o novo 500 tem a ver com o antigo? Absolutamente nada! Na realidade, os designers dos estúdios da própria Fiat se basearam nas linhas básicas do modelo original para criar a nova versão. O carro ainda é pequeno (3,54 m de comprimento), estreito (1,62 m de largura) e baixo (1,49 m de altura), mas é bem maior que a versão original. O motor traseiro de 13 cv deu lugar a uma gama dianteira arrefecida a líquido que vai do 1.2 Fire de 69 cv até 1.4 16V Fire, que gera 100 cv, passando pelo moderno diesel 1.3 16V Multijet de 75 cv. Na transmissão, câmbio manual ou automático, ambos de cinco marchas. Com esses trens de força, é possível ao novo carrinho acelerar de 0 a 100 km/h em 12s9 (o 1.2) até 10s5 (o 1.4) e atingir máximas de 160 km/h e 182 km/h, respectivamente. Muito além dos tímidos 85 km/h da versão original.

Mas o preço também se modernizou. Se antes o 500 era um popular, agora é um carro especial, para quem curte um veículo diferenciado: a versão mais barata custa ao redor dos 10.000 euros (R$ 27 mil) e a mais completa cerca de 14.500 euros (R$ 40 mil). Por aqui, com impostos pagos, chegaria por cerca de R$ 60 mil a versão 1.2. Um brinquedo caro…

Apesar da modernidade do painel de instrumentos, na nova versão foi mantido o ar retrô, com pintura na cor do carro

1. Antigo na aparência, mas com altíssima tecnologia embarcada. Assim é o novo 500. Construtivamente opostos, enquanto o original tinha motor traseiro a ar de dois cilindros, a versão moderna tem motor de quatro cilindros dianteiro. Em comum só as formas básicas e o nome. Pelo preço, nem mesmo popular pode ser considerada a nova versão, bem sofisticada.