Sem dúvida ele é um Punto. Mas não adianta procurar pelo logotipo da Fiat, pois não vai encontrá-lo: no lugar dele está o escorpião da Abarth. “Trata-se de um tuning inteligente do Grande Punto. Melhoramos sem estragar o original”, explica Paolo Ollino, responsável pela engenharia e design da Abarth.

Criada em 1949 por Carlo Abarth, a marca do escorpião fez sucesso nas pistas de competição nos anos 50, 60 e 70. Em 1971 foi adquirida pela Fiat, e com o tempo perdeu representatividade. Agora, ressurge com marca independente e autônoma.

Por isso mesmo o Punto Abarth não faz questão de mostrar que é um Fiat. Esqueça nosso Sporting, já criticado aqui pela incompatibilidade entre visual esportivo e comportamento manso. Além das alterações estéticas, também presentes no Abarth, o veneno do escorpião fez bem para seu desempenho. Afinal, não é isso que se procura em um esportivo?

O que os olhos vêem são rodas de 17 polegadas com freios Brembo em vermelho, mesma cor dos retrovisores e da inscrição Abarth nas laterais, párachoques com tomadas de ar maiores, faróis com máscara negra, saias laterais e caixas de roda em preto e o escudo do escorpião por todo lado.

No interior, o “Mr. Dot” no painel deu lugar ao escorpião, os bancos esportivos seguram o motorista nas curvas, painel e console tem acabamento que imita fibra de carbono, volante e câmbio em couro ganharam costuras vermelhas aparentes e o painel de instrumentos ficou mais esportivo. Pedaleiras em alumínio e soleiras completam a transformação.

• Potência de 157 cv

• 0 a 100 km/h – 8s2

• 17.800 euros

Mas a melhor notícia está debaixo do capô: o motor 1.4 turbo de quatro cilindros e 16 válvulas gera 157 cavalos, 42 a mais que no nosso Punto Sporting 1.8. O torque também leva uma boa vantagem sobre o 1.8 compartilhado com a GM, com 18,5 kgfm. No Abarth, são 21 kgfm a 5.000 rpm, em modo “normal”. Isso porque ao apertar o botão “Sport Boost” o torque sobe para 23,4 kgfm, com uma vantagem adicional: a marca é atingida antes, nas 3.000 rpm. Além disso, a direção fica mais firme, e o carro mais “na mão”. Ao volante, na pista de testes da Fiat em Balocco, Itália, sentimos bem as diferenças. O carro fica divertido de dirigir, com boas respostas e ótima estabilidade.

Isso porque o Punto Abarth ainda recebeu modificações na suspensão, com barra anti-rolagem maior, amortecedores dianteiros 20% mais firmes e altura rebaixada em dez milímetros. Os freios são a disco nas quatro rodas (Brembo nas dianteiras) e, em nome da segurança, o sistema ESP (controle de estabilidade) é de série e não pode ser desligado.

Críticas? Em primeiro lugar, o turbo poderia ter geometria variável, assim não “esvaziaria” tanto depois de atingir seu pico, o que é um pouco frustrante. Uma segunda crítica, que talvez viesse dos que não acham os 157 cv suficientes, a Abarth já respondeu com o kit “esseesse” (veja box). No Brasil, a Fiat ainda diz não ter previsão sobre a venda do carro. Mas, segundo rumores, chega ano que vem. Tomara!

1. O botão “Sport Boost” adianta o torque máximo em 2.000 rpm, além de aumentá-lo em 10%. No painel, um indicador digital mostra a pressão do turbo

2. Os bancos dianteiros, além de bonitos, seguram muito bem nas curvas. A alavanca de câmbio, em couro, tem costuras expostas em vermelho: um pequeno detalhe para mais exclusividade

Pimenta no escorpião

Depois do Abarth, pilotamos sua versão mais potente, o Abarth Esseesse (Super Sport). Na verdade, é um kit que será vendido por cerca de 5.000 euros. Modificações mecânicas (entre elas aumento da pressão do turbo) fazem a potência subir para 180 cavalos a 5.750 rpm, com torque de 27,7 kgfm. A velocidade máxima sobe para 215 km/h e a aceleração até os 100 km/h cai para 7,7 segundos. Além disso, o kit inclui rodas de 18 polegadas, bancos em concha, rebaixamento da suspensão em 20 mm, adereços estéticos e sistema de freios mais eficiente. Na pista de testes, o kit mostrou seu valor, com respostas ainda mais rápidas ao acelerador. Um belo upgrade, embora caro.

Os freios Brembo na cor vermelha fazem questão de ser notados. A dupla saída de escapamento e o pára-choques traseiro modificado completam o visual. O motor também vem com o escorpião da Abarth. Com quatro cilindros e 1,4 litros, pode até parecer um pouco fraco. Mas, quando o turbo entra em ação, responde muito bem