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Um carro fora do comum merece ser testado em uma estrada fora do comum. Não era meu plano, mas, saindo de Itu para a capital paulista, em vez de seguir o caminho mais rápido – pela rodovia Castelo Branco – decidi me aventurar pela Estrada dos Romeiros, que sai de Itu e beira o Rio Tietê até Cabreúva, para depois seguir, ainda sinuosa, até Pirapora do Bom Jesus. São 41 km de curvas, curvas e mais curvas – e não haveria caminho mais divertido para fazer ao volante de um esportivo como esse.

O sol de inverno, não tão quente, é ideal para circular de conversível. Abro a capota no primeiro quilômetro da estradinha e levo um choque com o odor do malcheiroso Tietê. Essa má impressão, porém, passa logo – assim que sou tomado pela adrenalina ao selecionar o modo Sport e acelerar forte (além de melhorar as respostas do motor, câmbio e volante, essa seleção aumenta o som do escape, que é mais bem ouvido com a capota recolhida). A rigidez da carroceria, ponto crítico em alguns conversíveis, não parece pior que no Coupé, e se a capota de lona passa a impressão de ser menos segura que as de ferro, ela tem abertura mais rápida (meros 7 segundos) e que pode ser feita a até 50 km/h – muito útil na hora de passar por um vilarejo sem se expôr e sem ter que parar na beira da estrada.

Com tantas curvas, o negócio não é tanto a alta-velocidade. O carro precisa acelerar e frear rápido –e, principalmente, ser equilibrado. O TT Roadster, nesse ponto, é irrepreensível. Mesmo sendo 90 kg mais pesado que o Coupé, atinge 100 km/h em 6s1 e responde ao pé direito com um lag apenas discreto. O câmbio de dupla embreagem é rápido e dá conta de tudo, mas ainda mais divertido é usar as borboletas no volante (ou a alavanca) para reduzir em cima das curvas e acelerar forte antes mesmo de sair delas.

Mesmo nessas situações de abuso, o TT não se comporta como tração dianteira. De tão colado no chão, parece ter a tração quattro de outros esportivos da Audi. É difícil o ESP atuar e o entre-eixos curto garante uma agilidade ímpar. Curva pra lá, curva pra cá e meu corpo segue firme no banco. É fácil encontrar boa posição de dirigir e há pouca turbulência do vento. Para antever as curvas, a enorme tela do painel pode ser configurada para reduzir os instrumentos e exibir um mapa maior. Nessa tocada forte, o consumo é alto – não passa de 7 km/l –, mas, na hora de relaxar depois de tanta adrenalina, rodando a 110 km/h no modo econômico, dá para fazer 13 ou 14 km/l.

Oferecido só na versão Ambition, o TT Roadster custa R$ 247.990. Seus rivais são o BMW Z4 sDrive20i e o Mercedes-Benz SLK 250 Turbo, ambos de capota rígida. O Z4 é o mais barato (R$ 229.450), porém mais fraco: tem um 2.0 de 184 cv e 27,5 kgfm e acelera de 0-100 km/h em 7s2. Já o SLK custa o mesmo que o Audi (R$ 246.500) e, apesar de 1.8, anda mais perto: tem 204 cv e 31,6 kgfm e atinge 100 km/h em 6s6. São também excelentes carros, e alguns os preferirão pela tração traseira, mas o TT é mais atual e mais rápido.

Ficha técnica:

Audi TT Roadster 2.0 TFSI

Preço oficial: R$ 247.990
Motor: 4 cilindros em linha, 16V, duplo comando continuamente variável, válvulas com abertura ajustável (Valvelift), injeção direta, turbo, start-stop
Cilindrada: 1984 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 230 cv de 4.500 a 6.200 rpm
Torque: 37,7 kgfm de 1.600 a 4.300 rpm
Câmbio: automatizado, seis marchas, dupla embreagem
Tração: dianteira
Direção: eletro-mecânica
Dimensões: 4,177 m (c), 1,832 m (l), 1,355 m (a)
Entre-eixos: 2,505 m
Pneus: 245/35 R19
Porta-malas: 280 litros
Tanque: 50 litros
Peso: 1.425 kg
0-100 km/h: 6s1
Vel. máxima: 250 km/h (limitada)
Consumo cidade: 9,5 km/l*
Consumo estrada: 12,1 km/l*
Emissão de CO2: 127 g/km*
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: A (Esportivo) *dados estimados a partir da versão Coupé