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O Volkswagen Golf é um fenômeno na Europa. Líder disparado no ranking, com mais de meio milhão de emplacamentos por ano, ele vende quase o dobro do segundo colocado (Ford Fiesta) e mais que duas vezes o volume de seu rival direto (Ford Focus). Mas lá a faixa de preços é ampla: a Volks vende desde um simples Golf Trendline com motor 1.2 de 85 cv até um nervoso Golf R com motor 2.0 de 300 cv, sem contar versões a diesel e até elétrica. No Brasil é diferente. Só temos as versões Comfortline/Highline 1.4 de 140 cv e GTI 2.0 de 220 cv.

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Por isso, o Golf está posicionado como um hatch premium. Seu status atual no ranking é um discretíssimo 44º lugar. Ou pior: 53º lugar, se considerarmos as picapes. Essa posição não faz jus a um carro que, seguramente, é um dos melhores do mercado brasileiro. Por isso, a Volkswagen vai mudar a estratégia do Golf. Aproveitando que a produção do famoso hatch já foi totalmente transferida (em agosto) para a fábrica de São José dos Pinhais (PR), a Volks vai lançar agora em outubro uma versão mais barata do Golf, com motor 1.6 flex de 110/120 cv (gasolina/etanol).

Essa versão – que pode ter o nome Trendline – utilizará o mesmo conjunto motor-câmbio do Gol Rallye: o bloco 1.6 MSI e a caixa manual MK200 de cinco marchas. Dessa forma, a Volkswagen terá um ganho de escala na utilização desse motor (que será o único aspirado e o primeiro flex da atual linha Golf) e poderá baratear seus custos de produção. Além de utilizar um powertrain já existente – motor feito em São Carlos (SP) e câmbio fabricado em Pacheco (Argentina) –, o novo Golf 1.6 nacional terá o acabamento e os equipamentos da versão de entrada Trendline alemã.

Ou seja: nada de bancos de couro, faróis de neblina ou volante multifuncional. A ordem em São José dos Pinhais é produzir um Golf barato para turbinar as vendas do modelo no Brasil, roubar o segundo lugar do Ford Focus na categoria e, quem sabe, ultrapassar até o líder Fiat Punto. Por fora, o Golf 1.6 MSI (ele também pode ter esse nome ao invés de Trendline) será espartano. A parte inferior da grade pode vir com um desenho diferente e mais simples (duas barras horizontais) do que o quadriculado usado nas versões Comfortline/Highline 1.4.

Os faróis serão duplos com máscara escurecida, mas os de neblina, como dissemos, só se forem opcionais. Já os retrovisores externos devem vir com os repetidores de seta acoplados e as maçanetas das portas terão a cor da carroceria. Quanto às rodas, serão de liga leve aro 16, pois a Volkswagen acha que o consumidor brasileiro não aceitaria um Golf com calotas (existente na Alemanha). Como as rodas modelo Indie (cinco raios bem largos) já são usadas atualmente no Golf Comfortline no Fox Highline, as rodas do Golf 1.6 deverão ser as mesmas oferecidas como opcionais no Golf Trendline alemão, com cinco raios duplos (mais bonitas até que as do Comfortline).

Por dentro, o Golf 1.6 herdará também o volante do Golf Trendline alemão, bem simples, sem comandos de áudio etc. A tela multimídia é outro item que deverá vir de lá. Não haverá navegador (talvez como opcional). Os bancos, com já dissemos, terão acabamento em tecido. Na verdade, a Volkswagen enfrentou vários dilemas para chegar à configuração do Golf 1.6. Afinal, ao mesmo tempo em que buscava um carro mais barato que o 1.4, não podia baixar demais o padrão do Golf, para não queimar as versões já existentes (que também passam a ser produzidas no Paraná).

Algumas respostas a esse dilema só surgirão com o nível de aceitação do carro pelo público. Foi por isso, por exemplo, que o câmbio I-Motion foi logo descartado. Segundo uma fonte da Volkswagen, o consumidor de Golf conhece um bom câmbio automático e não aceitaria os solavancos provocados pela caixa automatizada que utiliza apenas uma embreagem.

Posicionamento do Golf

Tudo é uma questão de mercado. Atualmente o Golf mais barato custa R$ 75.080. Tem motor 1.4 TSI e câmbio manual de seis marchas. Entre esse carro e o hatch mais caro da linha existe um enorme gap de R$ 17.460, pois o Fox Pepper 1.6 I-Motion custa R$ 57.620. É dentro dessa faixa que o novo Golf 1.6 deve entrar. Vale lembrar que o SpaceFox Highline com esse motor de 120 cv tem duas versões mais próximas do Golf 1.4: com câmbio manual por R$ 65.720 e com câmbio I-Motion por R$ 69.220. Mas o Golf é um hatch premium e sua proposta é diferente, por isso a análise foi feita mesmo em cima da diferença de R$ 17.460 para o Fox.

Considerando também que a Ford acaba de lançar o Focus reestilizado por R$ 69.990 na versão Hatch SE 1.6, este novo Golf 1.6 básico poderia custar um pouco menos. Afinal, o Focus já vem com faróis de neblina, tem rodas de liga aro 17, controle de tração/estabilidade e um motor que é 21 cavalos mais potente com gasolina e 15 cavalos mais potente com etanol. Mas os 16,3 kgfm de torque do motor 1.6 do Focus só é entregue a 4.250 rpm. No Gol Rallye, o motor 1.6 que será usado no Gol entrega um pouco mais de torque (16,8 kgfm) um pouco mais cedo (4.000 rpm).

A diferença então pode estar na curva de torque: 80% da força do Focus surge a 1.500 rpm, enquanto 80% do torque do Gol Rallye aparece a 2.000 rpm. Como o Gol Rallye pesa 1.046 kg e o Golf Comfortline tem 1.218 kg, podemos esperar um Golf Trendline pesando cerca de R$ 1.170 kg. O Focus é bem mais pesado: 1.310 kg. Portanto, a cavalaria a menos não será problema para o Golf 1.6. Quanto ao controle de tração/estabilidade, é norma da Volkswagen não fabricar nenhuma versão do Golf 7 sem esse equipamento de segurança (que inclui assistente de partida em subida).

A questão do preço

Diante de tudo isso, o preço do carro será definido somente às vésperas do lançamento. Considerando o cenário de hoje, entretanto, o Golf 1.6 poderia (ou deveria) custar entre R$ 67.500 e R$ 68.500. Isso se a ambição de vendas da Volkswagen fosse maior. Segundo uma fonte, a previsão é produzir 10.000 carros/ano além do volume que é vendido hoje (cerca de 10.500 carros/ano). Isso dobraria a oferta de Golf no mercado e já o colocaria na disputa da liderança, pois o Focus (rival direto) vende hoje cerca de 15.600 carros/ano e o Punto (líder da categoria, mas não rival) vende 16.800 carros/ano.

Mas o fato é que o Golf 1.6 deve custar um pouco mais que o Focus 1.6 SE, pois possui uma imagem fantástica no mercado. Além disso, há uma questão de honra no Grupo Volkswagen: em nenhum lugar do mundo existe um Golf que custe menos que um Focus similar. Por isso, nossa previsão é de que o Golf 1.6 custe entre R$ 70.500 e R$ 71.500. Historicamente, o Volkswagen Golf nunca foi um best-seller no Brasil. Suas vendas foram boas quando mercado estava bombando. Nesse caso, até mesmo a envelhecida e obsoleta geração 4 (também fabricada em São José dos Pinhais) chegou a vender quase 21.000 unidades em 2009, mas sua posição no ranking geral foi apenas o 37º lugar.

Em 2006, ele ficou em 50º lugar, com vendas abaixo de 8.300 unidades. Já em 2002, num mercado muito menor, suas vendas ficaram em torno de 27.000 unidades, com um bom 12º lugar. Se o preço não será tão atraente quanto se esperava, de qualquer forma a chegada do novo Golf 1.6 nacional é uma boa notícia para quem acha a faixa dos R$ 75.000 muito alta. Se o preço não ficar muito próximo disso, o Golf 1.6 terá chances de levar o modelo a um novo patamar de vendas e liderar a categoria da hatches médios.

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As outras versões da Linha Golf

COMFORTLINE

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HIGHLINE

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GTI

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