Parece cada vez mais perto o dia em que esse planeta mudará de o nome de Terra/Earth para Google. Os carros do planeta Google serão muito diferentes daqueles que temos hoje. Já não é novidade que a empresa de tecnologias digitais realiza testes em pista do Google Car, um veículo autônomo e pequeno, para apenas duas pessoas, que poderá circular sem motorista. Como um táxi, o carro atenderia à chamada das pessoas pelo smartphone. Mas, como ficou demonstrado pela rejeição do governo da Califórnia, não será fácil para o Google implantar sua ideia. Por um simples motivo: governos de todo o mundo, sejam eles federais, estaduais ou municipais, têm as garras fincadas profundamente em seus paradigmas.

Tudo poderia ser diferente. E o planeta Google até admitiria a presença de marcas como Renault e Smart. Essas empresas já demonstraram que têm uma visão mais inteligente do mundo do automóvel, criando veículos muito pequenos, para uma ou duas pessoas, como o Twizy e o Fortwo. Quando se analisa a poluição, o estresse e o desperdício de energia nos engarrafamentos de cidades como São Paulo, Paris e Roma, provocados por carros de 4 metros que levam apenas o motorista, fica claro que alguma coisa está errada. Por isso, Christopher Urmson, responsável pelo projeto do Google Car, diz que “ter um carro já não faz mais sentido”. E explica: “Ele fica parado 95% do tempo, representando um péssimo investimento. E, quando se move, cria congestionamentos e acidentes de trânsito, porque o homem ao volante não tem cuidados e atenção constantes”.

A Mercedes-Benz não criou o Smart Fortwo para ser barato. O veículo vem com grande aparato tecnológico para ser seguro mesmo parecendo ser meio carro. No Brasil, com os altos impostos sobre os carros, o Smart mais em conta custa mais de R$ 50 mil. E não se acha um usado com seis anos de uso por menos de R$ 37 mil. Por isso, sua venda é baixa e limitada a um público de alto poder aquisitivo. Agora, imagina se a Prefeitura de São Paulo fizesse um acordo com a Mercedes para fabricar e vender o Smart na metrópole por apenas R$ 10 mil. E, por outro lado, reprimisse de forma contundente a circulação de carros para quatro pessoas que carregam apenas uma. Talvez fosse mais econômico e produtivo do que construir avenidas, túneis e pontes apenas para aliviar os congestionamentos durante algum tempo. Melhor ainda se houvesse um acordo desse tipo com a Renault para a produção do Twizy. O carrinho pode levar uma ou duas pessoas (a segunda vai atrás do motorista) e ocupa o espaço de uma moto. O Twizy tem apenas 2,3 metros e 32 unidades da versão elétrica estão sendo produzidas em Itaipu. Incentivo real para botar o carrinho nas ruas, entretanto, não existe. Produzido em Valladolide, Espanha, o Twizy custa cerca de 7 mil euros na Europa. Cerca de R$ 21 mil reais. Também não é barato.

São conversas desse tipo que os governos do mundo poderiam ter com a indústria automobilística. Pois, apesar de a poluição ser causada pelas indústrias e pela utilização de seus produtos, são os governos que não se mexem. O planeta está pedindo socorro ecológico e as ações reais são pífias. Se continuarmos assim, nem o Google salva.