O motor V8 é excepcional, mas o excelente chassi é também um grande responsável pela diversão. Já o espaço, é ideal só para dois

Para ir da capital de São Paulo até a cidade do Guarujá, na Baixada Santista, utilizar a rodovia Mogi-Bertioga não é a melhor opção. Além de mais longa que a rodovia dos Imigrantes – a rota óbvia – ela é uma estrada cheia de curvas. Para completar, já passa das dez da noite e há previsão de neblina. Meu GPS diz que, por esse caminho, levarei uma hora a mais. Duvido: é segunda-feira – estrada vazia – e tenho um BMW 650i Conversível. Ele é o motivo da escolha da via alternativa porque “pede” uma estrada desafiadora.

Entro no BMW e ligo o V8 biturbo. A posição de dirigir e o ronco acabam com as dúvidas que ainda tinha em relação a encarar o caminho mais perigoso. Não posso deixar nada de seus 407 cv sem uso. No fim de semana, ele já tinha ficado na garagem, porque não quis colocar minha esposa e filho espremidos no modesto banco traseiro. O carro precisava ser recompensado.

No acostamento, reduzo até 40 km/h para abrir o teto de lona (que parece rígido tamanha sua capacidade de isolar a cabine do mundo externo). Não que a cabine seja claustrofóbica – é até bastante agradável – mas sem a capota fica melhor. Chego à serra e a neblina se mistura à leve garoa. Seleciono o modo Sport+ e as respostas do motor, do câmbio e do volante ficam mais rápidas. Melhor ainda, o controle de estabilidade age com menos rigor. Como previsto, estou sozinho na estrada. A combinação de pista molhada e modo sport+ significa divertidas saídas de traseira. Pura adrenalina. Depois de cada escapada, uma forte aceleração. O sistema que projeta informações no para-brisa ajuda a manter os olhos fixos na estrada, e as borboletas de marchas mantêm as mãos prontas para corrigir a trajetória. Chego ao destino bem antes do que o previsto, mas a média de consumo é de 4 km/l. A BMW se esforçou para fazer um carro econômico, mas é difícil dirigi-lo com moderação.

mais seguro e equilibrado que ele seja, me deixa fora de controle. Imprudência tem limite, e acelerá-lo é uma irresistível tentação. Agora, falando sério: o preço do BMW é muito alto. Por esse valor – ou até menos – há opções que considero mais interessantes, como o Porsche Boxster ou o Mercedes SL 63 AMG.

Quando aberto, o teto garante amplitude. Entre os itens, head up display, tela multimídia, câmeras externas, aquecimento dos bancos. Mas o melhor é o comando para mudar o acerto do carro. Ele garante vários automóveis em um só

Contra Ponto

– Eu não fiquei tão empolgada com esse carro. Ao contrário do meu colega, resolvi espremer minha família no habitáculo. Alguém tinha que fazê-lo e resolvi tentar. Meu marido não reclamou porque o passageiro da frente tem conforto de sobra. Já meus dois filhos sofreram no espaço traseiro minúsculo. Abrir a capota foi uma compensação, mas, na cidade, não dá coragem de rodar exposto por muito tempo. Dinamicamente, as opções de configuração garantem que você tenha vários carros em um só. Nos modos normal e conforto, o Série 6 roda tranquilo e enfrenta relativamente bem o asfalto mal cuidado. Se quiser emoção, dá para fazer como o Flávio e aproveitar o potencial do V8. É divertido e, como brinquedo, é tentador. Mas racionalmente… Pagaria até mais em um cabriolet como Porsche Carrera 4S, em um esportivo de dois lugares, como o SLS ou o R8. Se fosse o caso, pagaria R$ 100 mil a mais por um Panamera, se precisasse de um sedã executivo. Mas um carro que tenta ser tudo isso ao mesmo tempo não me conquistou.

Ana Flávia Furlan | Editora