Dois mil e quatorze será sempre lembrado como o ano que marcou o resgate da honra dos vice-campeões mundiais de 1950. Afinal, perder a final da Copa do Mundo para o Uruguai, no Maracanã, pelo honrado placar de 2-1, nem de longe chegou perto da vergonha que foi a goleada de 7-1 que o Brasil tomou da Alemanha, no Mineirão, em 2014. Se não bastasse isso, tudo indica que o patropi perderá também a 4ª posição no ranking mundial de vendas de automóveis e comerciais leves para a Alemanha, que terminou 2013 em 5º lugar.

De acordo com o ranking divulgado pela Jato Dynamics – empresa especializada em estudos sobre a indústria automobilística –, os alemães abriram uma vantagem de 44.869 veículos depois da apuração dos resultados acumulados até outubro. Não há milagre de venda em uma economia claudicante. A diferença nem foi muito grande em outubro: 297.115 para a Alemanha contra 291.385. Mas o que preocupa é a tendência. Em relação aos números de outubro de 2013, o mercado alemão cresceu 4,2%, enquanto o brasileiro caiu 7,1% (olha o 7 e o 1 aí de novo!).

A tendência no acumulado também é desfavorável aos tupiniquins. Enquanto alcançamos uma queda de 8,7% em 2014 (2.695.585), comparado a 2013 (2.951.986), os germânicos subiram 3,4% (2.740.454 em 2014 contra 2.651.287 em 2013). Ainda não sabemos quais são os números do mercado alemão em novembro, mas já sabemos que o brasileiro caiu mais ainda: 2,9% em relação a novembro de 2013 e 4,0% em relação a outubro de 2014. Em números absolutos: -8.358 e -11.562 veículos, respectivamente, nas duas comparações.

Entre os cinco maiores mercado de automóveis e comerciais leves do mundo, só o Brasil caiu. A China (líder com 16.906.728 veículos) cresceu 9,1%, os Estados Unidos (13.709.475) subiram 5,5% e o Japão (4.659.737) deu um salto de 4,7%. Se serve como consolo, os dois países que aparecem logo atrás do Brasil também estão em queda: Índia com 1,4% e Rússia com 12,8%. Depois vêm outro pelotão em alta no acumulado do ano: Grã-Bretanha (10,4%), França (1,3%), Canadá (5,5%), Coreia do Sul (5,8%) e Itália (5,2%).

Pelo andar da carruagem, 2015 não deverá ser o ano da recuperação, pois o novo governo de Dilma – com Joaquim Levy substituindo Guido Mantega na formação do esquema tático da economia – não deverá ser tão generoso com a indústria automobilística, no que diz respeito a isenções fiscais. Mas, como no futebol, não dá para afirmar nada com certeza quando se trata da economia brasileira. Vale lembrar que o Brasil tem uma população de 202,7 milhões de pessoas, enquanto a Alemanha possui 80,8 milhões de habitantes. Somos, como sempre, o país do futuro.