Comecei minha vida nas competições como mecânico em São Paulo, trabalhando com meu irmão Wilson nos karts, quando ainda éramos adolescentes. Depois, ainda como mecânico, ajudando nosso grande amigo José Carlos Pace. Mas eu queria correr. O problema é que para correr precisa-se de dinheiro e eu era um adolescente sem grana. Só que estava me tornado um bom mecânico, uma vantagem. Quando tinha 15 anos, comecei no ramo de acessórios. Patenteei um volante de alumínio com acabamento em couro, o “Volante de F-1”, e muitos brasileiros o usaram em Fusca. Também vendia rodas de liga leve (magnésio na época) escapes esportivos, kits de dupla carburação e construía karts.

Desta forma, financiava minhas competições no Brasil, com muito sucesso, e logo defini a próxima etapa como piloto: ir para a Inglaterra. Quando cheguei ao Reino Unido em fevereiro de 1969, com 22 anos, tinha muita experiência em trabalho pesado, o que poucos pilotos da minha idade têm hoje. E sabia que meu sucesso dependia muito do trabalho dos mecânicos. O primeiro mecânico com quem realmente trabalhei junto foi Ralph Firman, por quem tenho enorme consideração. Ralph foi designado por Jim Russell, quando ele me convidou para correr na Fórmula 3 com seu Lotus 50 no Guards Trophy de 1969, em Brands Hatch.

Não me classifiquei na primeira sessão de treinos, mas venci a segunda e terminei em terceiro na última. Ralph e eu estávamos no caminho certo e tivemos muito sucesso juntos: fui campeão da Fórmula 3 inglesa naquela temporada. Quando cheguei à Formula 1, em 1970, logo consegui uma boa relação com o chefe da Lotus, Colin Chapman, e também com meu mecânico, Eddie Dennis, cara adorável e mecânico fantástico.

Venci nove GPs e um campeonato mundial pela Lotus (1972) e não teria conseguido tudo isso sem Eddie e seus garotos. Eles trabalharam brilhante e incansavelmente e nunca esquecerei isso. Cometeram poucos erros, e conto aqui um deles. A temporada de 1971 não foi boa para a Lotus, mesmo tendo sido campeã mundial em 1970, com Jochen Rindt. No GP da Inglaterra de 1971, em Silverstone, parecíamos muito competitivos. Classifiquei meu carro na quarta posição, atrás de Ferrari, Tyrrell e BRM.

Na volta de aquecimento fui acelerando em todas as marchas, mas quando troquei de terceira para quarta, senti o motor cair muito de rotação. Logo percebi o que aconteceu. Eddie e seus garotos trocaram a posição da quarta com a quinta marcha. Não havia tempo para corrigir o erro. Como resultado da confusão, fiz péssima largada, caindo para 11ª posição. Logo me acostumei com o problema, movendo a alavanca de câmbio para quinta quando queria a quarta e vice-versa. Era estranho no início, mas depois comecei até a gostar da confusão. Consegui chegar em terceiro lugar. Foi um dos pódios mais difíceis da minha vida.