O rosto e o passaporte de Tetsuya Tada já são bem conhecidos da imigração alemã. Tada, ultimamente, tem sido visto em Munique com uma certa frequência. Mas não se trata de um turista japonês apaixonado pela Baviera – e sim de um engenheiro da Toyota que vai à BMW. O assunto das reuniões supersecretas é o desenvolvimento de um esportivo que dizem que substituirá o BMW Z4 e, ao mesmo tempo, reviverá o japonês Supra, lendário cupê produzido entre 1978 e 2002.

É uma cartada importante para os dois fabricantes, mas, de qualquer forma, a aposta da Toyota é maior. A marca japonesa prepara seu plano estratégico de longo prazo:voltar a proporcionar emoção com seus carros (característica que guardou em uma gaveta empoeirada no início dos anos 1990. É revivendo essa época que o presidente da marca, Akio Toyoda, quer desenvolver uma linha de esportivos capazes de fazer as pessoas mudarem a opinião de que “carro da Toyota é confiável, mas entediante”.

O primeiro passo nesse caminho foi o divertido Toyota GT86, desenvolvido junto com a Subaru BRZ, cujo projeto foi coordenado pelo próprio Tada. Agora, o sucessor do Supra será o teste decisivo para a credibilidade global deste plano que visa ampliar o leque de esportivos Toyota – não só para cima, mas também para baixo, com um modelo mais barato que o GT86.

Segundo uma fonte próxima da Toyota, o projeto levará ao novo Supra já tinha começado antes de as duas marcas anunciarem, em 2011, o fornecimento de motores a diesel BMW para os carros da marca japonesa.

Mas quanto desse novo carro – do qual veremos um conceito de estilo no Salão de Tóquio, no fim deste ano – será Toyota e quanto será BMW? De acordo com os mais recentes rumores que correm pelo Japão, basicamente o carro terá a mesma plataforma do GT86, revisada profundamente pelos engenheiros de Munique. Mas o próprio Tada, entrevistado por nossa parceira Quattroruote sobre o assunto, descartou essa possibilidade. “A partir do GT86, além de sua versão Spider, faremos um sedã esportivo compacto – e isso é o máximo que sua plataforma permite.”

Ansiosos para desvendar esse mistério, podemos dizer com certa dose de confiança que o motor será alemão e o carro terá um sistema híbrido. De fato, programado para 2016 ou 2017, sem a assistência de um motor elétrico, o esportivo dificilmente vai seguir os limites de emissão de CO2 estabelecidos pela Europa (95 g/km em 2020).

E é justamente aí que entra em jogo a experiência da japonesa Toyota, que já trabalha na nova geração de seu avançado sistema Hybrid Synergy Drive – que será acoplado a uma inédita transmissão de dupla embreagem. Para usar a nova transmissão com o maior número possível de variações de motores, os engenheiros da Toyota a conceberam de modo que possa ser acoplada tanto aos motores transversais quanto aos longitudinais. Nossas fontes também dizem que a Toyota está secretamente testando um GT86 com motores elétricos montados nas rodas dianteiras, e que esse sistema de tração integral assistida eletricamente pode ser a principal característica do novo esportivo. Resta ver o que o conceito a ser exibido no Salão de Tóquio nos dirá sobre o modelo.