Difícil imaginar uma Ferrari sem a assinatura da Pininfarina. O estúdio, criado por Battista “Pinin” Farina, em 1930, desenha os esportivos da marca italiana há 60 anos. Hoje, o centro de estilo é comandado por Paolo Pininfarina. Nascido em 1958, o herdeiro da empresa veio ao Brasil no mês de outubro para participar de um ciclo de palestras sobre design organizado pela faculdade Fundação Armando Álvarez Penteado (Faap), em São Paulo.

Paolo garante que a última Ferrari é sempre considerada a melhor. “Mas a F12 Berlinetta é o primeiro modelo no qual participei integralmente”, diz orgulhoso. Seus traços também ficaram conhecidos em carros não italianos como o Chevrolet Lumina APV, o Pontiac Trans Sport e o Cadillac Silhouette. “O segredo do bom design está na harmonia, no dinamismo e na aerodinâmica”, explica. Sem poupar críticas à arquirrival Lamborghini, o executivo dispara: “Eles têm um desenho muito agressivo, que não se integra a ambiente nenhum”, disse à MOTOR SHOW. “Gosto da Renault pela constante inovação e da BMW. De Audi e Volkswagen nem tanto porque os projetos saem de uma mesma cabeça (Walter de Silva é responsável pelo design de todas as marcas do grupo)”, explica. Sobre a entrada da Ferrari na moda de SUVs e cupê quatro portas – cujos números de venda já atraíram Porsche, Maserati e Lamborghini – Paolo é categórico: “Isso está fora de cogitação. Não seguiremos o caminho do Cayenne ou do Quattroporte”, garante.

Mas nem só de automóveis vive o estúdio Pininfarina. “Desde 2007, fazemos os interiores de barcos e jatos particulares. Temos uma parceria com o estaleiro brasileiro Schaeffer e uma nova embarcação será lançada em 2013. Outro ramo de atuação da marca é a arquitetura. “Já criamos aeroportos, estações de trem e eu desenhei o estádio do meu time, a Juventus de Turim”, diz satisfeito. Além disso, há cozinhas, banheiros, utensílios e acessórios domésticos com o logótipo da empresa. “Não há fronteiras para o design”, explica Paolo.

O italiano destacou que os segmentos de refrigeração industrial, de embalagens e de relógios também são importantes para o estúdio. “As novas máquinas da Coca-Cola que serão instaladas nos McDonald’s americanos também levam o nosso nome”, conta. Paolo também destacou o trabalho do design brasileiro. “Em São Paulo, você encontra belíssimos projetos. A atitude dos brasileiros é fantástica. Vocês estão indo no caminho certo”, incentiva. Palavra de um criador de mitos.