Ferrari acima foi desenhada em parceria com Bertone, chefe do primeiro estúdio onde Giugiaro trabalhou

Cerca de quarenta milhões de veículos em circulação no mundo têm algo em comum: a assinatura do designer italiano Giorgetto Giugiaro.Logo após iniciar sua carreira no estúdio Bertone, em 1960, desenvolveu, em conjunto com o próprio Bertone, um protótipo personalizado da Ferrari 250 GT, que você vê acima. “Para um designer jovem como eu, ser associado à Ferrari era bastante excitante, e tive que me segurar para evitar que meu entusiasmo me deixasse muito ambicioso”, revela quase 50 anos depois. E seu enorme talento o fez crescer rapidamente: depois de mudar para o estúdio Ghia, em 1968 abriu seu próprio estúdio, o Italdesign.

Hoje, seu escritório é dividido em dois: uma sala de conferências onde comanda a equipe de 1.100 funcionários e, em outro espaço, delimitado por uma prateleira de livros, mantém materiais de trabalho – réguas, lápis azuis, e, bem guardados em uma gaveta, esboços arquivados – tudo obsessivamente arrumado

Ser designer, para Giugiaro, é aliar o belo a valores como praticidade, originalidade compreensão, e agradar aos olhos de quem observa o produto. Para ele, esses são alguns dos detalhes aos quais um designer deve estar atento na concepção de um projeto. “No design, a arte é aplicada à logística de mercado, ao conceito de belo somado ao útil, funcional, prático, original, facilmente compreensível e fluido”, diz. “Na arte se encontra a forma e a criatividade traduzida em um traço e no modo de seu emprego”, conclui Giugiaro, que trabalha ao lado do filho, Fabrizio.

SCIROCCO Um dos cupês de maior sucesso da história, o VW Scirocco criado por Giugiaro em 1973 voltou redesenhado, no ano passado

Como desenhar carros, apesar de uma arte, não deixa de ser seu negócio e fonte de renda, Giugiaro não fez sua carreira apenas com belos esportivos como o BMW M1, no passado, ou o Alfa Brera que circula hoje nas ruas européias. Também não são os conceitos futuristas, que sempre fez e até hoje saem de sua imaginação, que fizeram sua fortuna.

Talvez o maior motivo de seu sucesso – que o fez ser eleito o designer do século pela Global Automotive Elections Foundation, em 1999 – foi o de criar soluções revolucionárias para veículos de grande volume, como fez ao criar os Volkswagen Passat, em 1973, Golf e Scirocco, em 1974, e o Fiat Uno, em 1984 (que, aliás, originalmente, é diferente do nosso Uno, vendido aqui na década de 80).

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O esportivo BMW M1, de 1977, virou uma lenda instantânea

Foi ele também que “ajeitou” a segunda geração do Palio, que teve suas linhas concebidas pelos colegas do estúdio I.DE.A (vendido aqui de 2001 até hoje, na versão Fire) e criou o belíssimo Punto, sucesso hoje na Europa e no Brasil. E a lista de criações bem-sucedidas não pára por aí: nestas páginas, você vê alguns de suas principais obras-primas. Hoje, com 70 anos de idade, parece que o mago Giorgetto Giugiaro não tem a menor intenção de se aposentar. Tomara que não.