Os SUVs sempre foram considerados os vilões do meio ambiente. Pesados, precisam de grandes motores, com consumo mais elevado e maior emissão de CO2. Para os norte-americanos, eles são – junto com as minivans – sinônimo de carro familiar. Para a classe média de países emergentes, são garantia de status. Uma isca e tanto para ser desperdiçada pelas marcas.

Chevrolet leva o motor elétrico e a plataforma do Volt para o segmento considerado vilão do meio ambiente

Como uma possível solução, a Chevrolet apresentou, no Salão de Pequim, na China (leia cobertura do evento nesta edição), um conceito de crossover desenvolvido sobre a plataforma de seu elétrico Volt, que deve começar a ser produzido em série ainda este ano. O Volt MPV5 tem porte semelhante ao de um Chevrolet Captiva, com 4,58 m de comprimento, 1,61 m de largura e 2,76 m de entre-eixos. Mas, com 1,61 m de altura, é cerca de 10 cm mais baixo que seu primo movido a gasolina. O porta-malas também é bem maior e, com os bancos em posição normal, acomoda 863 litros. Em seu interior, viajam até cinco passageiros, diferentemente do Volt, que leva só quatro.

Seu funcionamento é exatamente igual ao do hatch. Um conjunto de baterias de íons de lítio de 16 kWh em forma de T (sob o assoalho) é carregado em uma tomada convencional de 110/120V durante seis horas e, com essa energia elétrica acumulada, é capaz de movimentar o veículo por cerca de 51 km. O porte avantajado do MPV5 limitou essa autonomia que, no Volt, chega a 64 km. Assim como no hatch, quando a carga da bateria está baixando, o sistema automaticamente dá partida em um pequeno motor a gasolina (1.4 turbo de 141 cv) que não é ligado às rodas e funciona apenas como um gerador para alimentar as baterias. Assim, a autonomia estende-se em 482 km com um uso limitado de combustível fóssil e emissão de poluentes, pois o motor estacionário tem consumo mínimo. “O conceito demonstra a exibilidade do sistema de propulsão Voltec, capaz de propulsionar desde um compacto como o Volt até um crossover como o MPV5”, a rmou Doug Parks, responsável pela linha de veículos globais da divisão de elétricos da GM.

A apresentação do modelo é parte do projeto que a marca chama de “eletri cação do carro na China”, processo que teve início com o lançamento do China Automotive Energy Research Center, uma parceria com a montadora Saic e com uma universidade local para o desenvolvimento de uma estratégia energética para o País. “A estreia do MPV5 demonstra o desejo da GM em fazer da China um ponto focal na sua avançada estratégia tecnológica”, comentou Kevin Wale, presidente e diretor administrativo da GM China.

Já nos EUA o conceito será uma poderosa arma para a marca enfrentar as novas regras do Cafe (Corporate Average Fuel Economy) aprovadas no ano passado. Segundo a normativa, a partir de 2016, a gama de SUV de uma montadora deverá ter um consumo médio de 10,6 km/l (13,8 km/l para automóveis). O lançamento de um crossover elétrico nos EUA jogará bem para baixo a média de consumo da GM e permitirá que ela continue vendendo pelo menos uma parcela de seus SUVs mais gastões.