Dizem que os executivos da Chrysler no Brasil gostaram muito do 200. Querem trazê-lo para brigar com Ford Fusion,  Hyundai Sonata, Honda Accord, Nissan Altima e cia. Não é má ideia. É verdade que o segmento não tem grande volume de vendas e é difícil competir com o mexicano Fusion, benefi ciado pela  isenção do Imposto de Importação. Mas o Chrysler 200 tem design atraente, tipo cupê de quatro portas, motores e câmbio modernos, acabamento respeitável e muita tecnologia. Em suma, um bom retrato do feliz casamento entre a Fiat e a Chrysler. Isso tem uma explicação: ele é o primeiro Chrysler com arquitetura derivada de um carro do Grupo Fiat. Trata-se da plataforma CUSW, evolução da C-Evo desenvolvida para o Alfa Giulietta, mas que se mostra cada vez mais como solução mágica para a Fiat Chrysler. A base do hatch italiano foi alongada e alargada, dando origem ao Dodge Dart, ao Jeep Cherokee e a esse Chrysler 200 (e ainda aparecerá em outros modelos, como a picape média nacional da Fiat e o crossover da capa da MOTOR SHOW de julho).  O 200 é uma espécie de Dodge Dart com fermento. Seus 4,88 metros de comprimento ficam na média do segmento, mas não garantem espaço interno de sobra devido a ousadias do design: na dianteira, por exemplo, o console central largo, embora ofereça muito espaço para objetos, esbarra nas pernas dos ocupantes. No alto do painel, fica a tela multimídia de 8,4 polegadas; um pouco abaixo, bem à mão, os comandos do ar-condicionado e do som, além do controle giratório do câmbio e do botão do freio de estacionamento. O acabamento é sofi sticado e a posição de dirigir é muito boa, mas faltam borboletas para trocas sequenciais de marchas.

A mecânica é moderna, e o motor Tigershark MultiAir comprova a sinergia entre as empresas. Ao tradicional 4 cilindros 2.4 americano foi adicionado o sistema italiano de variação constante das válvulas de admissão com acionamento eletro-hidráulico independente. Os 184 cv de potência e 23,9 kgfm de torque fi cam dentro da média, mas o gerenciamento inteligente garante consumo abaixo dela. Segundo as exigentes normas americanas, que inspiraram o Programa Brasileiro de Etiquetagem, ele faz surpreendentes 9,8 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada. Mérito também do moderníssimo (embora lento) câmbio automático  de nove marchas da ZF – o mesmo já utilizado no Range Rover Evoque e no Jeep Cherokee. Nos EUA, há também uma opção V6 de 299 cv, mas (a princípio) a mais interessante para o Brasil seria essa 2.4. O carro pode ser importado com preço inicial na faixa dos R$ 115.000. Se a versão 6 cilindros vier, deve partir de R$ 150.000. Não será o sedã grande com o preço mais atraente, mas sim um carro com qualidades para cobrar um valor acima da média. A discussão está nas salas de reunião do comando brasileiro da Fiat Chrysler.