Lançada em 2008, essa reestilização do Mercedes SL demorou para chegar ao Brasil – e também às nossas mãos Mas finalmente pudemos avaliar o SL 350 Sport, à venda desde julho do ano passado por cerca de R$ 350 mil. Trata-se da versão mais simples dos Classe SL por aqui (o V8 enfrenta o BMW Série 6 das páginas anteriores).

Os Classe SL (Sport Licht – ou esporte leve em alemão) viraram mito nos anos 50. Em 1954, nasceu o 300 SL Gullwing. Com portas do tipo asas de gaivota, foi o primeiro Mercedes com injeção direta de combustível, recurso que, curiosamente, não aparece neste SL. Em 1957, a procura por conversíveis fez o Gullwing dar lugar ao 300 SL sem capota, um legítimo roadster: conversível com dois lugares e chassi, acima de tudo, esportivo.

Nos anos 60, a segunda geração do SL perdeu um pouco de sua graça. Nos anos 70 e 80, ainda tinha personalidade, mas se distanciava das origens. Nos anos 90 e 2000, virou “mais um”. Nesta última reestilização, a enorme grade frontal com a estrela fixada nela e os “power domes” (ressaltos) no capô são homenagens à primeira geração (confira foto no alto da página). Feio, claro que não é, mas não chega nem mesmo perto da elegância dos modelos de 1954 e 1957.

Se quiser sentir os cabelos ao vento, basta baixar a capota. A operação dura 20 segundos. Caso prefira não desmanchar o penteado, baixe a barra de proteção traseira, encaixe o defletor e viaje sem vento ou barulho até os 140 km/h

O desempenho é excelente, mas, se pensar que o SL pode ter um V12 de 612 cv, você começa a achar que falta potência a essa versão

Se o SL roadster original tinha capota de lona (a rígida era um acessório), hoje a capota elétrica permite que ele se transforme de cupê de teto de metal em roadster em 20 segundos. O porta-malas fica reduzido a pouco mais de 200 litros, mas sobra algum espaço atrás dos bancos, que têm sistema de aquecimento e ventilação, inúmeros ajustes elétricos, memórias e até massageador. Os cintos de segurança traseiros são, na verdade, presilhas que seguram a bagagem no lugar durante as curvas e frenagens. Além disso, há porta-objetos no apoio de braço, atrás dos bancos (com um botão no encosto que os movimenta para a frente para facilitar o acesso) e até dentro dos apoios de braço nas portas. De capota fechada, não é claustrofóbico – tampouco amplo.

O volante tem ajuste elétrico e é fácil achar uma boa posição para dirigir. A visibilidade traseira, apesar do pequeno vidro, é boa. Só fica prejudicada quando se usa o defletor de vento, que pode ser retirado ou ficar constantemente encaixado no santantônio. Nesse caso, com a capota aberta, não se sente ou ouve a turbulência provocada pelo vento. A assistência ao volante é elétrica, mas sem anestesiar o carro. O chassi é extremamente esportivo e, apesar do grande porte, ele tem reações de um carro menor.

No quadro de instrumentos, ótima visualização e ausência de reflexos, por conta da boa cobertura protetora. Já os bancos, com ajuste elétrico, têm até massageador e suas abas laterais seguram o corpo nas curvas. Atrás deles, cintos para prender ainda mais bagagens

Com um excelente trabalho nas suspensões, me flagrei fazendo curvas muito mais rápido que de costume. Nessas manobras, as reduções usando as borboletas do volante (não importa qual modo de câmbio está selecionado – esporte, conforto ou manual) são rápidas, graças a uma complicada tecnologia da transmissão automática convencional, mas um automatizado de dupla embreagem, como o utilizado na versão 63 AMG, cairia bem.

Para andar de capota aberta (até 140 km/h, o vento pouco incomoda), o novo motor V6 de 316 cv é mais que suficiente – e seu ronco, acima das 2.000 rpm até o limite de giros (7.200 rpm), ficou muito bem acertado. É música para os ouvidos. Mas seu desempenho, apesar de excelente, não chega a intimidar, como sugerem a carroceria e as rodas. Acelero e acho pouco. Penso que, em outras versões, aquele enorme capô abriga um V8 e até um V12. Sim, o SL 65 AMG tem um seis litros 12 cilindros biturbo de 612 cv e 102 kgfm de torque. Mas esse superesportivo custa o dobro: US$ 414 mil (R$ 706 mil). Ou seja, no mundo real, o 350 Sport é suficiente.

 

 

 

 

As linhas, as enormes rodas e as saídas de ar laterais fazem o carro parecer mais agressivo do que é

Mercedes SL 350 Sport

/ MOTOR seis cilindros em V, 3,5 litros, 24V, aspirado / TRANSMISSÃO automática sequencial, sete marchas, borboletas no volante, tração traseira / DIMENSÕES comp.: 4,56 m – larg.:1,82 m – alt.: 1,32 m / ENTRE-EIXOS 2,560 m / PORTA-MALAS 235/339 litros (capota aberta/fechada) / PNEUS 235/35 R19 (diant.) – 285/30 R19 (tras.) / PESO 1.825 kg GASOLINA / POTÊNCIA 316 cv a 6.500 rpm / TORQUE 36,7 kgfm a 4.900 rpm / VELOCIDADE MÁXIMA 250 km/h (limitada) / 0 – 100 km/h 6,2 segundos / CONSUMO cidade: 7,3 km/l – estrada: 13,9 km/l* / CONSUMO REAL não disponível *dados da Europa