O termômetro marca cinco graus. Estamos quase no Círculo Polar Ártico. É um dos invernos mais quentes dos últimos anos, e as áreas congeladas onde os fabricantes testam seus carros estão  erretendo. Um enorme trator remove a lama formada pelo gelo derretido e nos assegura que não afundaremos neste lago da Lapônia sueca. A nal, se aguenta o trator, não vai quebrar com nosso Smart.  Na verdade, nossos Smart: um de dois lugares (Fortwo) e outro de quatro (reencarnação do Forfour fabricado entre 2004 e 2006). Ambos são equipados com um novo motor 3 cilindros e com um também  nédito câmbio automatizado de dupla embreagem – tudo na traseira, assim como a tração. Eles ainda estão bem camu ados, pois só estreiam o cialmente em junho (e devem chegar ao Brasil apenas no  no que vem).

Quando chegamos a 40-50 km/h, basta uma leve pressão no pedal do acelerador para sentir a traseira começar a perder aderência. O controle de estabilidade (ESP) intervém, cortando parte  a potência do motor, esperando o motorista corrigir com o volante. Se isso não acontece, o carro dá uma freadinha – mas bem menos abrupta e invasiva que no Smart atual. É só a primeira surpresa dessa  terceira geração do carrinho.

Estamos juntos com um pequeno grupo de engenheiros da Mercedes-Benz, liderados por Ingo Huber. Em breve esses Smart estarão nas lojas e as mudanças que a equipe sugerir agora serão as últimas. “Estamos aqui para fazer uma espécie de revisão nal. Se o projeto for mesmo bom, não teremos nada substancial para fazer. Só pequenos ajustes”, explica. Um deles envolve o sistema de freios com ABS,  pivô de um choque de cultura entre os parceiros do projeto, Daimler (dona da Smart) e Renault (o novo Twingo tem a mesma base). O engenheiro me explica que, em uma frenagem de emergência, a Daimler prioriza a estabilidade, enquanto a Renault dá mais importância à distância de frenagem. “Nessa disputa, ganhou a marca alemã. Melhor parar depois, mas manter o carro dentro da estrada”, diz Huber.

O comportamento do Smart Forfour é ainda “mais fácil”, graças à maior distância entre-eixos, que garante melhor estabilidade. “Calibramos o ESP dele de modo mais discreto”,explica o engenheiro. “A suspensão dianteira foi redesenhada e, na traseira, mantivemos a atual De Dion, que, além de garantir ótima estabilidade, deixa espaço para o motor.” Para o engenheiro, esse Forfour é um verdadeiro Smart” (esperto, em inglês), pois com apenas 3,5 metros de comprimento oferece ótimo espaço. É verdade, apesar de os bancos dianteiros atrapalharem a visão de quem vai atrás – que ainda sofre com o encosto muito vertical. Palavra de passageiro.