Embora tenham a mesma plataforma, o Mitsubishi Lancer Sedan (do comparativo das páginas anteriores) e este Lancer Sportback Ralliart são mais diferentes do que parece. O Sportback é uma versão apimentada do sedã – mas não com a dose exagerada de tempero do superesportivo Evolution X. Este é um esportivo versátil, para as pistas, sim, mas também para a família.

Pense nele como uma média arredondada entre o Sedan e o Evo: entre os 160 cv do primeiro e os 295 cv do segundo, o Sportback tem 250 cv; entre os pouco mais de R$ 70 mil do primeiro e os R$ 209.900 do segundo, ele custa R$ 149.990; entre as duas voltas no volante de batente a batente do primeiro e apenas uma no segundo, nele há uma volta e meia… Mas, felizmente, ele está mais próximo do Evo que do Sedan. Assim, honra o sobrenome Ralliart, da divisão de esportivos da marca (algo como os M da BMW ou os AMG da Mercedes). A principal semelhança com o Evo está no conjunto mecânico. Ele tem o mesmo motor 2.0 quatro cilindros turbinado sob o capô, (amansado), o mesmo câmbio automatizado de dupla embreagem, os controles de estabilidade e tração e a transmissão integral com diferencial central ativo e seletor de terreno – função herdada dos ralis, onde o Lancer nasceu em 1974.

Mitsubishi Lancer Sportback Ralliart

Motor quatro cilindros em linha, 2,0 litro, 16V, comando variável, turbo Transmissão manual automatizada, seis marchas, dupla embreagem, tração integral, controle do diferencial ativo (três modos) Dimensões comp.: 4,59 m – larg.:1,76 m – alt.: 1,52 m

Entre-eixos 2,635 m

Porta-malas 450 a 1.320 litros (até o teto/banco rebatido) Pneus 215/45 R18

Peso 1.605 kg ● Gasolina Potência 250 cv a 6.000 rpm

Torque 35 kgfm a 2.500 rpm

Velocidade máxima 220 km/h 0 – 100 km/h 7,1 segundos Consumo não disponível Consumo real cidade: 8,2 km/l – estrada: 11,1 km/l

O motor turbo é o mesmo do Evo X, mas foi amansado.

A enorme asa traseira, que deu lugar ao discreto aerofólio

Os 150 quilômetros de estrada, entre o novíssimo autódromo da Mitsubishi em Mogi-Guaçu (SP) e a sede da empresa na capital, foram su cientes para mostrar o lado família do Sportback. Suave e confortável, mas com ótimas respostas se provocado, lembra o Jetta Highline, versão turbo do Volks com câmbio de dupla embreagem e números de desempenho parecidos. Se eu não tivesse acelerado o Sportback dentro do autódromo antes, estaria até agora me perguntando por que pagar cerca de R$ 60 mil a mais nesse Mitsubishi. Mas foi lá a parte mais divertida, onde o carro mostrou seu valor. Instruído por Guilherme Spinelli, tricampeão do Rali dos Sertões, pude testar os limites do carro – aderência, desempenho e estabilidade – sem nenhuma barreira além dos guard-rails.

A mesma tração integral que faz o carro pesar mais de 1.600 kg é a que faz milagres dentro de uma pista de corrida – ou em situações extremas no mundo real. No autódromo, era praticamente impossível perder o controle do Sportback em curvas e desvios de trajetória. Ele não “saía” de jeito nenhum: a cada curva malfeita ele avisava sutilmente que ia sair, deixava a frente escapar suavemente, aguardava que eu aliviasse o pé. Quando eu não reagia, a eletrônica se encarregava de recolocá-lo “nos trilhos”.

Esse Lancer pode não ser uma pechincha, mas a diversão é garantida. Ah, e faltou dizer que ele tem uma excelente lista de equipamentos e itens de segurança e um acabamento bonito, com materiais razoáveis… Mas isso importa? Não. Seu maior rival, o Subaru Impreza WRX, custa R$ 20 mil a menos e também tem um sistema de tração sofisticado, mas é menos equipado e tem 230 cv de potência.

O interior do Sportback é bonito, mas não primoroso. Já a lista de equipamentos de série merece elogios: tem tela multimídia sensível ao toque, GPS, sensor de chuva e seis airbags