Na estradinha entre os rios do Alho e da Cebola, perto de Austin, Estados Unidos, o novíssimo  BMW X6 M reduz a velocidade na descida, contorna as curvas com estabilidade e ronca alto na retomada, mostrando que a divisão M acertou a mão no X6 mais temperado da linha. A nova geração do crossover alemão ganhou 20 cavalos na potência (575 cv) e 7,1 quilos no torque (76,5 kgfm). O roteiro  rodoviário que misturou trechos sinuosos e de alta velocidade no primeiro test-drive do renovado X6 M, entretanto, era insufi ciente para mostrar a capacidade do carrão. Por isso, a BMW tratou de mostrar o modelo também no Circuit Of The Americas, que sedia anualmente o GP dos Estados Unidos de Fórmula 1.

Na pista, o que faltava era piloto. Por isso, a empresa colocou os pilotos Augusto Farfus e Marco Wittman para “puxar” os jornalistas – e também para segurar o ímpeto dos mais corajosos. Na pista, o novo X6 M surpreendeu. Não por sua capacidade de aceleração, que já era notável na geração anterior, mas sim por sua incrível estabilidade, que lhe permitiram percorrer alguns trechos sinuosos do circuito sem usar os freios. Isso porque a BMW não se satisfez com um face-lift: dotou o X6 M de novas suspensões, carroceria mais baixa e pneus de tamanhos diferentes para dianteira e traseira. Assim nasceu a segunda geração, que começa a ser vendida nos Estados Unidos em março e no resto do mundo a partir de 11 de abril. No Brasil, entretanto, o carro deve chegar somente no segundo semestre. O poderoso motor V8 biturbo de 4,4 litros, dotado de duploVanos (que permite a melhor entrega de potência em qualquer rotação), não aumentaria o status de esportividade do X6 M se não tivesse um comportamento dinâmico equivalente. Por isso, a BMW modificou o movimento do

eixo dianteiro de braço duplo transversal, melhorando a estabilidade lateral e a agilidade do carro. O eixo posterior também foi modificado para dinamizar as arrancadas e as frenagens. Com molas mais duras e carroceria rebaixada em 10 milímetros, o carro ficou tão esperto que precisou de pneus mais largos na parte de trás. Assim, as lindas rodas de 20 polegadas com cinco raios duplos ganharam pneus 285/40 na dianteira e superlargos 325/35 na traseira.

O novo X6 M acelera de 0-100 km/h em 4,2 segundos, ou seja, meio segundo mais rápido do que o antigo. É muita coisa. Apesar disso, o consumo foi reduzido em 20%, chegando a 11,1 litros/100 km na Europa. O câmbio sequencial de oito marchas, entretanto, tem uma característica discutível: quando está

no modo manual, ele não aceita o chamado kick down no acelerador em oitava marcha, proporcionando uma aceleração medíocre. No modo Drive, aí sim, vira um canhão. Segundo os engenheiros da BMW presentes em Austin, “se o motorista escolheu o modo manual o carro vai respeitar isso”. Em outros modelos da marca, porém, uma rápida e intensa pisada no pedal do acelerador fará o câmbio reduzir várias marchas em qualquer modo de condução, garantindo a segurança numa arrancada de emergência.

O X6 M é um carro tipo “track ready”, ou seja, pronto para a pista. Ele tem discos de freios perfurados e ventilados. Todos os componentes do chassi do X6 normal foram modificados e ajustados para a linha M. A tração é totalmente variável, devido ao sistema Dynamic Drive, e baseada na tração traseira. Os parâmetros do carro podem ser modificados com dois toques nos botões M1 (controle moderado) e M2 (controle reduzido), que ficam no lado esquerdo do volante. Segundo a BMW, não existe a opção de fi car totalmente sem controle de tração e estabilidade. Pesando 2.340 quilos, o X6 M não é um carro leve de guiar nem mesmo com todos os seus controles eletrônicos de tração e estabilidade ligados, mas sem dúvida se tornou muito mais  sportivo. Nisso, as linhas ousadas do X6 ajudam bastante, embora não sejam unanimidade entre os puristas. Mas basta fi car diante do carro para que a sua beleza exótica se revele totalmente. Os detalhes de design da linha M garantem linhas agressivas e as modifi cações estéticas agradam a qualquer pessoa que não tenha opinião pré-concebida sobre o que é bonito ou feio. Segundo Carsten Pries, chefe de produto da Divisão M, “o design tem independência”. A dupla grade do radiador que caracteriza os BMW cresceu e agora encosta nos faróis, formando dois conjuntos. Aliás, “o” radiador na verdade são 10 radiadores combinados! As entradas de ar laterais ficam integradas nas caixas de rodas dianteiras. A traseira tem linhas horizontais e duas ponteiras duplas de escapamento.

Por dentro, o novo X6 M tem comandos bastante intuitivos. Na estrada, o Head Up Display, que mostra não apenas a velocidade refletida no parabrisa, mas também o limite permitido para cada trecho, foi muito útil durante o test-drive nos Estados Unidos. A Polícia Rodoviária não se comoveu com a apresentação do carro e ficou o tempo todo de olho em alguns trechos. Felizmente, no Texas, a velocidade máxima permitida é de 85 milhas (cerca de 137 km/h), pois em outros estados americanos é de apenas 65 ou até de 55 milhas (88 km/h). Também gostei da posição de dirigir, da grossa pegada do volante esportivo, do navegador por GPS e da grande tela multimídia no centro do painel. Os controles dos parâmetros do volante, da suspensão e do motor ficam ao lado da alavanca de câmbio e também são fáceis de acessar.