A oferta de SUVs e crossovers na faixa de R$ 100.000 é enorme. Mas enquanto Hyundai ix35, Mitsubishi ASX, Kia Sportage, Honda CR-V e Toyota RAV4 lideram o ranking de vendas, esse Subaru XV Crosstrek tem resultados modestos – o que se deve mais à pequena rede da marca do que às qualidades do carro em si. 

Diferentemente de outros crossovers, que são baseados em hatches ou sedãs mas ganham carrocerias próprias, o XV Crosstrek não é muito mais do que uma versão anabolizada do hatch Impreza. E, acredite, isso não é ruim. Pelo contrário: nessa geração, a versão dois volumes do Subaru ganhou formas que estão mais para perua/sportback que para hatch – a começar pelos 4,45 m de comprimento (15 cm mais que o ASX, 8 cm menos que o CR-V). Essa medida se faz notar bem no banco traseiro, onde o espaço para joelhos e cabeças ca acima da média – ao custo de um sacrifício no bagageiro, que parte de 380 litros (mas pode ser ampliado pelo rebatimento do banco traseiro).

É a partir dessa boa carroceria do Impreza que, depois de se adicionarem adereços e se elevarem as suspensões, a Subaru chega ao XV Crosstrek. Seus generosos 22,1 cm de vão livre do solo garantem tranquilidade tanto para encarar buracos e valetas quanto para enfrentar estradas de terra, mesmo em más condições. E a boa notícia é que, apesar dessa altura elevada, o XV não “deita” nas curvas como muitos dos seus rivais. Ele é surpreendentemente estável, graças ao motor boxer (que baixa o centro de gravidade) e à tração integral (que distribui o torque entre os eixos, garantindo a aderência). No limite, há uma discreta tendência ao substerço.

O prazer ao volante é garantido não só por essa dinâmica apurada, mas também pela ótima visibilidade, pela impecável posição ao volante e pela direção elétrica bem calibrada. O único ponto que deixa um pouco a desejar está na mecânica. Não que o motor boxer 2.0 de 150 cv seja ruim: para a proposta familiar de um crossover está mais que bom, mas um derivado do Impreza merecia mais. Atingir 100 km/h leva quase 11 segundos e o câmbio continuamente variável (CVT), mesmo com marchas simuladas, passa a típica sensação de escorregamento desse tipo de transmissão, com acelerações e retomadas um pouco tediosas. Por outro lado, é ele mesmo que garante o consumo contido: o XV gasta menos gasolina que um Mercedes-Benz GLA 1.6 turbo de tração dianteira (sua nota é E porque o XV está na categoria médio, enquanto o GLA, que é menor que ele, está na grande). 

No fim, esse Subaru é uma opção bastante interessante aos best-sellers do segmento. Apesar do design envelhecido do painel, que merecia uma central multimídia mais moderna, o crossover tem uma carroceria original, muito espaço e conforto a bordo e valentia e robustez acima da média – seja para enfrentar os obstáculos do cotidiano, seja para uma eventual aventura em estradas de terra.