Em meados de março começou a ser distribuída no País uma nova gasolina. Ao invés dos 25% de álcool anidro em sua composição, o novo combustível passou a ter 27,5% de etanol diluído em sua composição. Na prática, isso significa que o poder calorífico desse novo combustível é mais baixo que o anterior, ou seja, a gasolina ficou mais fraca, com menos energia. Para o dia-a-dia do motorista, isso deve significar cerca de 1% a mais no consumo de combustível, acompanhado de uma ligeira perda de potência. Você está pagando o mesmo preço por um combustível mais fraco.

Tecnicamente falando, tal mudança não deve acarretar grandes problemas para o funcionamento dos motores dos veículos. Mas essa solução adotada pelo governo novamente mexe com o nosso bolso: perco potência, gasto mais e pago por isso o mesmo preço de antes. A portaria baixada pelo governo resolve na prática os seus problemas: ameniza o problema dos usineiros, que agora venderão bilhões de litros de álcool anidro a mais por ano, e suaviza os problemas financeiros da Petrobras, que passará a vender mais álcool anidro a preço de gasolina. Um ótimo negócio, mas para o governo. Há um tempo atrás, um dono de posto que diluísse álcool anidro na gasolina para aumentar seus lucros seria preso e teria seu posto de combustível fechado pela desonestidade.

Justo, afinal de contas esse indivíduo estava nos enganando por vender álcool diluído na gasolina ao preço de gasolina. Agora o governo baixa uma portaria fazendo exatamente a mesma prática, só que oficialmente. Estamos sendo enganados da mesma forma, pagando álcool a preço de gasolina. E agora, onde foi parar a justiça? Na realidade, nós, consumidores, ficamos apenas com a parte ruim: o aumento de consumo e a redução na potência. E as vantagens? Ficarão para outros. A conta dos baixos lucros dos usineiros e da Petrobras, infelizmente, deverá ser paga por nós, motoristas. Novamente.