Valdeno brito “O bom piloto é aquele que sabe dirigir tanto um Fórmula quanto um Turismo”

No dia 31 de agosto de 2008, o piloto Valdeno Brito Filho ganhou um dos melhores presentes de sua vida: um anel de ouro branco. Seu signi – cado ia muito além do valor como joia, claro. Esse foi um dos prêmios recebidos pelo piloto ao vencer a primeira Corrida do Milhão, realizada no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ). Foi sua primeira vitória na Stock, conquistada pouco tempo depois de passar seis anos fora das pistas por falta de patrocínio.

O paraibano de 37 anos iniciou sua carreira no automobilismo aos 18. Antes disso, havia conquistado, no iatismo, cinco títulos brasileiros e um norte-americano. “Desde criança, sempre acompanhei as corridas de F-1”, comenta. Depois de um ano de kart, decidiu ir para os campeonatos de turismo regionais. Em 1995, disputou simultaneamente a Copa Corsa, na qual foi campeão, e a Copa Uno. Também participou da extinta Fórmula Chevrolet e da F-3 Sul-Americana. Tudo ia bem até precisar interromper a carreira, em 1998. “Foi um grande baque deixar as pistas”, lembra. Só em 2004 Brito retomou as corridas. “Nesses seis anos, trabalhei nas empresas do meu pai, mas sempre com a vontade de competir”, conta.

O anel que Brito ganhou na Corrida do milhão, a mais importante de toda a sua carreira, segundo o piloto

A volta ao automobilismo aconteceu em grande estilo, com a estreia na Stock Car. O talento do piloto ajudou: foi logo eleito o novato do ano. Já na segunda corrida, em Tarumã, no Paraná (PR), largou na primeira la, ao lado de Cacá Bueno. Na segunda temporada, subiu três vezes ao pódio. “Mas as vitórias sempre batiam na trave”, comenta. Em 2008, a Sky Corrida do Milhão, nos moldes das 500 Milhas de Indianápolis, além do anel, lhe rendeu um cheque de US$ 1 milhão. “Sem dúvida, o momento mais importante da minha carreira”, fala.

Toda essa experiência levou o piloto a novos desa os, e ele não teve di culdades de se adaptar à Copa Petrobras de Marcas. “Já tinha experiência com bólidos de tração dianteira; essa é a principal diferença dos carros da Stock, mas o bom piloto sabe dirigir tanto um Fórmula quanto um carro de Turismo. Você se acostuma com a velocidade. A sensação é indescritível”, comenta.

Sempre buscando mais emoção e novos desa os, Brito aceitou o convite de ingressar no Campeonato de Gran Turismo pela BMW – este ano. “A tocada dos carros é bastante parecida, e eles fazem praticamente os mesmos tempos da Stock. Nos BMW há mais tecnologia, e, por isso, o Stock é mais difícil de pilotar”, explica.

Valdeno é o piloto brasileiro que mais venceu corridas em categorias diferentes: foram sete na GT Brasil, cinco no Brasileiro de Marcas e uma na Stock Car. “Sempre me interessei pela parte técnica e o conhecimento para ajudar a equipe a extrair o melhor rendimento dos carros. No automobilismo, o trabalho é contínuo e deve haver sinergia entre equipe e piloto”, comenta. A segurança nas pistas é outra preocupação de Valdeno. “De 2009 para cá, os carros da Stock Car evoluíram rapidamente. Hoje, temos os mais modernos bólidos e recebemos um novo tipo de banco, que oferece maior proteção”, diz.

Com uma carreira de sucesso, ele destaca que nem tudo é glamour no esporte a motor. “O patrocínio é uma questão polêmica. A profissão exige investimento. O início de carreira é o mais complicado, e os bons resultados facilitam na hora de arrumar um patrocinador. Há muitos pilotos que poderiam ter um futuro brilhante, mas não conquistaram bons resultados pela falta de dinheiro”, diz. No caso de Brito, depois de vencer os desa os, ele ainda tem um desejo para realizar: “Quero correr na Nascar (Stock Car americana), nem que seja só em duas corridas. Já até participei de alguns treinos. É um sonho que quero realizar”, diz

Acima, Brito disputa uma posição na Stock Car. ao lado, com Emerson Fittipaldi, nos bastidores Porsche Cup. abaixo, se preparando para correr