Cerca de dois meses antes do lançamento do up! quatro portas na Europa, a Volkswagen convidou alguns jornalistas para uma conversa com Luca de Meo, um italiano de 45 anos que já viveu no Brasil e hoje é o homem de marketing do grupo alemão. Ele não estava ali para responder a perguntas, mas para fazê-las. Nas duas horas de conversa, a questão principal ficava evidente: onde posicionar o up! no Brasil? Como carrinho de luxo para concorrer no nicho do Fiat 500 ou como subcompacto popular, porta de entrada da marca? Todos foram unânimes: ele tem muita chances de sucesso como popular de bom preço. Uma espécie de Fusca do século 21. Essa foi a decisão de Luca e da VW. A questão agora é fechar as contas para fabricar o carro com preço atraente, menor que o do Gol.

Para conhecer de perto o modelo que em breve chega ao Brasil, voltamos à Alemanha para rodar com o novo VW up! quatro portas durante seu lançamento oficial. O carrinho foi nosso companheiro de viagem por quatro dias. De quebra, andamos com o SP2 do Museu da Volkswagen. Cenário de conto de fadas: hospedados em um hotel-castelo perto de Colônia, apenas três jornalistas brasileiros tiveram o novíssimo up! e o brasileiríssimo SP2 à disposição para rodar durante um fim de semana. Além do test drive fomos passear de up! por muitas cidades, visitamos igrejas, fizemos compras em supermercados… Como qualquer consumidor. E, preciso dizer, a despedida foi difícil. O carrinho 1.0 agrada pela praticidade, pelo conforto e pela valentia. Rodamos em Autobahns da Alemanha, em trechos de velocidade livre, a mais de 160 km/h. A velocidade máxima da versão com 75 cv (a 6.200 rpm) é de 171 km/h. E, com quatro pessoas a bordo, subia valente o morro de volta ao hotel-castelo.

Uma das maiores qualidades do up! é exatamente ser divertido de dirigir: em poucos quarteirões, ele parece um velho conhecido. Apesar de pequeno (apenas 3,54 m de comprimento, contra 3,90 m do Gol G5), basta sentar ao volante para esquecer suas dimensões externas. O espaço interno mostra ótimo aproveitamento, com conforto para quatro pessoas. Caso seja lançado no Brasil para cinco, o quinto ocupante vai ficar tão espremido quanto em um Gol, já que a largura dos modelos é quase a mesma.

Ao volante, grande parte das boas sensações vem do fato de ser um projeto muito atual, com o padrão da exatidão alemã e muita eletrônica. Câmbio de engates precisos, direção idem, suspensão firme, porém confortável, boa estabilidade, silêncio interno, boa visibilidade… O carrinho esbanja qualidade e prazer ao dirigir. Claro que no Brasil a suspensão terá maior curso para enfrentar a buraqueira e o modelo será simplificado por questões de custo, já que vai substituir o Gol G4.

Porém (e sempre há um porém) o motorzinho de 999 cm3 tem barulho de cortador de grama em baixa rotação. Um “crá-crá-crá” meio incômodo, característico dos motores três cilindros. Mas é bom se acostumar: além da VW (que deverá usar esse motor também no novo Santana) outras marcas, como a Ford e a Hyundai, terão seus modernos motores três cilindros rodando por aqui. Basta olhar o motor do up! para perceber a simplicidade mecânica. Visto de cima, ele tem as dimensões de um pacote de pão de forma. Aqui, ele deverá ganhar um pouco de potência com a utilização do etanol e consumo que pode passar os 20 km/l. Interessante.

A versão avaliada era muito completa, inclusive com GPS no painel. Para o Brasil, o carrinho será simplificado. Mas seu maior destaque está no prazer de dirigir e no espaço. Atrás, dois passageiros viajam com muito conforto