Lá se vão quase nove anos desde que a Fiat lançou, em 2008, o hatch médio Stilo com a opção de um cambio automatizado que, apesar de ser semelhante ao manual, dispensava o pedal da embreagem. Um sistema eletrônico se encarregava de debrear o plato e disco normais e um mecanismo eletromagnético se encarregava das trocas de marchas. Um robozinho fazia a parte chata do dirigir no difícil anda e para dos congestionamentos das grandes cidades. A maior vantagem desse sistema estava no preço: na época do lançamento cerca de metade de um cambio automático convencional. Genial!

Na verdade, a história desses câmbios no Brasil começou um pouco antes. Ela se iniciou no final dos anos 90, quando a Mercedes-Benz lançou seu Classe A com embreagem automática e, logo depois, a Fiat veio com o Palio Citymatic, com o mesmo recurso do pequeno Mercedes.

Esses carros dispensavam o pedal da embreagem, que funcionava de maneira automática: quando você estava parado com o pé no freio, a embreagem estava acionada, quando você soltava o freio e acelerava a embreagem voltava a ligar o motor ao cambio e o carro começava a andar. Em movimento, bastava que se colocasse a mão sobre a alavanca de mudanças e o sistema entendia que você ia trocar a marcha, bastava aí desacelerar e fazer a troca normalmente.

Uma comodidade. Mas, claro, que alguém questionou: “Se a embreagem já é automática, podemos automatizar também as trocas de marchas, a exemplo do que a Ferrari já fazia na F1”. A toque de caixa, a Marelli, que desenvolveu o sistema para a equipe italiana, passou a criar um sistema semelhante para os carros de rua. E nasceu aí o cambio automatizado.

Brilhante no papel, esses primeiros sistemas tinham lá as suas desvantagens, sendo a mais destacada os trancos nas trocas de marcas. Mas como tudo na indústria automobilística, os câmbios automatizados foram passando por aprimoramentos tecnológicos e, posso garantir, hoje eles estão bastante maduros e confiáveis.

Particularmente, tenho usado nos últimos tempos um Voyage Highline 2017 equipado com um cambio automatizado de cinco marchas. E seu funcionamento é tão suave que me surpreendeu, mesmo com a sua embreagem simples.

Tenho certeza de que, para a grande maioria da população, passaria por um cambio automático convencional com conversor de torque. Tanto que, atentos a isso, hoje os fabricantes que oferecem este tipo de transmissão cobram, em média, R$ 3.500 a mais pelo câmbio. Valor bem próximo ao cobrado normalmente pelo câmbio automático convencional.

Mas voltando à pergunta do título. Vale a pena levar um automatizado? Na manutenção, a vantagem dos automatizados em relação aos automáticos com conversor de torque está no fato dessas caixas serem praticamente um câmbio manual. Seu custo é mais elevado que nas transmissões convencionais, mas ainda é mais baixo que a dos automáticos.

Uma critica que ouço no mercado é a que o tal robozinho responsável pelas trocas de marchas se desgasta muito rapidamente e já com 70 ou 80 mil quilômetros requer uma completa revisão com troca das peças desgastadas. Na internet, já se encontram kits de componentes a serem substituídos nos câmbios automatizados que já apresentam vacilos nas trocas de marchas.

Mas se a sua preocupação for somente o conforto, pode comprar sem medo. Os sistemas evoluíram muito e agora, em linhas gerais, os câmbios automatizados têm funcionamento suave e esperto. Pode comprar o seu automatizado. Assim como eu, você ficará surpreso de como o sistema evolui nesses quase nove anos.