Qual é o carro mais econômico do Brasil? Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, do Inmetro, é o Ford Fusion Hybrid 2.0, que tem uma autonomia de 16,8 km/l na cidade e de 16,9 km/l na estrada, pois também utiliza um motor elétrico. Pena que a Ford não informe a duração da bateria. Até 100 km/h, dependendo da situação, o Fusion Hybrid utiliza somente o motor elétrico. Entretanto, o preço do carro é alto: R$ 124.990. Convenhamos que é uma cifra nada econômica para quem pensa em economizar ao volante. Para a MOTOR SHOW, o carro mais econômico do Brasil precisa ser também acessível ao grande público consumidor. Por isso, definimos o teto de R$ 50.000 e realizamos, pela segunda vez, esse grande teste de consumo de combustível.

Consultamos a lista do Inmetro para selecionar os cinco melhores carros testados pelo programa de etiquetagem. A ideia era verifi car, no trânsito das cidades e nas estradas, qual deles tem o menor consumo na prática. Entramos em contato com as montadoras líderes na etiquetagem e demos a elas a possibilidade de escolher seus representantes para o teste prático. Cada uma poderia concorrer com apenas um modelo.

Portanto, reunimos os cinco veículos que as próprias montadoras consideram seus melhores representantes para o teste que apontaria o carro mais econômico em 2014: Renault Clio 1.0, Nissan March 1.0, Fiat Uno Economy 1.4, VW Gol Bluemotion 1.0 e Ford New Fiesta 1.6. Os testes práticos não foram fáceis. Todos rodaram juntos na cidade com trânsito controlado, na estrada com velocidade limitada, tiveram alternância de cinco motoristas utilizando equipamentos eletrônicos de altíssima precisão e alternaram os combustíveis etanol e gasolina na estrada e na cidade.

Para realizar todos os procedimentos, o trabalho foi intenso e durou cerca de 15 dias. No total, rodamos 13.995 quilômetros, entre os cinco carros avaliados e o carro de apoio, passando por 72 pedágios. Nos carros havia rádios comunicadores para que o consultor técnico Cristiano Sagrillo, coordenador do teste, tivesse contato constante com os motoristas Armando Carrara, Leandro Araujo, Rodrigo Fontanezi, Rodrigo Garcia e Sandy Santos. Foram gastos, entre etanol e gasolina, 1.473 litros de combustível. Um dinamômetro foi usado para aferir a potência dos motores. Ele também foi utilizado no processo de aclimatação, quando trocávamos o combustível de gasolina para etanol, para iniciar outra etapa do teste. Nessas ocasiões os tanques eram completamente limpos antes de receber o novo combustível.

Para que não houvesse influência do tráfego em nossas provas, elas foram realizadas de madrugada. Entretanto, a maioria das fotos foi feita durante o dia, para não atrapalhar o teste. Apesar da pouca intensidade do trânsito, os semáforos estavam operando e as placas de cruzamento foram rigorosamente obedecidas. Além disso, fizemos paradas providenciais em alguns trechos do trajeto urbano para simular as reduções de velocidade naturais das grandes cidades. Tanto na cidade quanto na estrada houve sempre a troca de motoristas, para que os cinco condutores dirigissem todos os carros durante o trajeto e, dessa forma, não interferissem no resultado final. Os motoristas eram pessoas comuns, e não pilotos treinados nas fábricas ou jornalistas especializados. Nosso objetivo foi sempre o de manter o teste o mais próximo possível do consumidor real.

No final, o resultado foi surpreendente. O Fiat Uno e o Renault Clio tiveram uma autonomia média geral (cidade/estrada com etanol; cidade/estrada com gasolina) tecnicamente idêntica – 12,06 km/l para o Uno e 12,05 km/l para o Clio. A minúscula diferença, duas casas depois da vírgula, representa uma distância de apenas dez metros. Se não bastasse a irrisória diferença, imperceptível no dia a dia, o Uno e o Clio tiveram outras circunstâncias que levaram a esse incrível empate técnico. Veja nas páginas seguintes todos os detalhes do teste que indicou O Carro Mais Econômico do Brasil.