08/06/2025 - 7:00
Exatos 15 anos e 1 mês: essa é a comemoração de aniversário do “Novo Uno”, a segunda geração definitiva, e também a última, do hatch compacto da Fiat. Lançado no comecinho de maio de 2010, ele veio para ser mais uma opção de hatch dentro da linha da fabricante italiana, que já oferecia duas carrocerias do Palio, além do veterano Mille (em produção ininterrupta desde 1984) e do hatch mais premium Punto.
No meio desse balaio, entrava justamente o Novo Uno, que apostava forte no design descolado e bem jovial, com direito a cores divertidas para a carroceria, modernidades como rádio AM/FM com Bluetooth, sem contar itens de personalização, como os tradicionais adesivos para decorar a parte externa do carrinho.
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Como chegou a segunda geração do Uno?
De início, ele tinha carrocerias de duas ou quatro portas, e opções de motor 1.0 ou 1.4, sempre acoplados ao câmbio manual de cinco marchas. Seu projeto era inteiramente nacional, feito pela engenharia de Betim (MG), enquanto o design ficou a encargo do centro de estilo da Fiat South America. Ou seja, era um produto local, focado nos mercados latino-americanos.

Mas, você sabia que, apesar das pretensões de carro popular e barato, o Novo Uno foi o responsável por inaugurar pelo menos tecnologias no mercado brasileiro? Pois é, desde motorização nova até sistema pra economizar combustível, tudo começou nele.
Plataforma 327 Economy

O Novo Uno não ousava na mecânica, afinal queria manter a fama de robustez e baixa manutenção de outros carros da marca. Por isso, compartilhava partes da sua plataforma com as do Palio da mesma época.
Ele, inclusive, foi o primeiro modelo feito sobre a então inédita plataforma “327 Economy”, desenvolvida especialmente para países em desenvolvimento. Na época, o Novo Uno foi projetado ao mesmo da terceira geração do Fiat Panda europeu, mas o hatch destinado ao Velho Continente utilizava uma base dedicada, mais elaborada.

Essa base 327 Economy (que já tinha no nome uma referência a sua proposta de baixo custo) tinha semelhanças consideráveis com a plataforma 178 do primeiro Fiat Palio, aquele de 1996. Na realidade, a 327 estava mais para uma evolução da 178. De qualquer forma, nasceu primeiro no Novo Uno, e depois foi parar no Novo Palio (2011), Grand Siena (2012) e até no Mobi (2016), em produção até hoje.
Motores Fire EVO

Mas, além da plataforma 327, essa segunda geração do hatch consagrado da Fiat também foi o palco de estreia dos motores Fire EVO, que ficaram em produção até o finalzinho do ano passado. Os motores da família Fire já existiam desde 2000, mas, para 2010, ganhavam modificações substanciais, em busca de maior potência/torque, menores emissões de poluentes, e melhor performance.
As bielas estavam mais longas, enquanto os pistões se tornavam mais leves, os anéis diminuíam os atritos, e havia um novo coletor de admissão plástico. A taxa de compressão também subia, especialmente no 1.4. No total, os 1.0 atingiam 73/75 cv de potência com torque máximo de quase 10 mkgf (etanol), enquanto os 1.4 saltavam para até 88 cv com combustível de cana.

Depois, essa linha Fire EVO se espalhou para outros carros da Fiat: chegou nos Palio, Grand Siena, Strada, Punto, Idea, Dobló, e até no pequeno 500, feito no México. Em boa parte desses carros, estava disponível apenas na versão 1.4 8v, mais potente.
Sistema Start & Stop

Sabe qual foi o primeiro carro nacional com start & stop, aquele sistema que desliga o motor em paradas rápidas, para economizar combustível e emitir menos gases poluentes? Se você chutou algum modelo caro, médio ou grande, e de luxo, errou!
Sim, foi o Uninho! Na sua primeira reestilização visual, lançada para a linha 2015, ele tratou de receber o sistema como item de série numa versão dedicada, a Evolution (“Evolução”, no bom português), que geralmente vinha casada com uma cor de lançamento num tom de cobre (oficialmente, “Laranja Ruggine”).

Na época, a Fiat prometia até 20% de economia de combustível com a tecnologia, que estava disponível apenas na versão Evolution com motor Fire Evo 1.4. Funcionava da mesma forma que os modelos atuais: ao parar, sem o pé no pedal de embreagem, o motor se desligava automaticamente. Era religado, sozinho, quando se apertava a embreagem, indicando o engate de uma marcha para colocar o carro em movimento.
Motor Firefly

Não, o motor de três cilindros da Fiat não foi lançado no Argo. Veio antes no Uno! Mais precisamente, na linha 2017, em setembro de 2016, ou oito meses antes do Argo. Na ocasião, o Uninho ganhava mais um tapa no visual, além da nova motorização: 1.0 6v Firefly nas versões de entrada, ou 1.3 8v Firefly nas mais caras.
Eram exatamente os mesmos motores que hoje movem desde Mobi até Strada, porém ainda numa calibração mais generosa, especialmente falando do 1.3, que entregava até 109 cv com mais de 14 mkgf de torque (77 cv e 10,9 mkgf no 1.0), considerando etanol como combustível.

O Firefly, para a época, era moderno, com direito a concepção inteira em alumínio (o Fire tinha bloco em ferro), corrente de comando ao invés de correia, e alta taxa de compressão (13,2:1). Apesar de simples, com duas válvulas por cilindros e comando de válvulas único, sem variador de fase, apelava para menores custos de manutenção e serviços de revisão mais fáceis, afinal 1.0 e 1.3 compartilhavam a maioria das peças.
Com a criação do Grupo Stellantis, que hoje controla Peugeot, Citroën, Jeep, Fiat, Ram e afins, o Firefly foi parar em outros cofres: hoje, equipa o Peugeot 208, além dos Citroën C3 Hatch e Basalt.
Câmbio por botão

Se hoje ter botões ao invés de alavanca ou joystick para comandar a transmissão é sinônimo de alta tecnologia, saiba que o Uninho 2017 já era assim. Na mesma leva de novidades que inaugurou os novos motores Firefly, o hatch passou a contar com a nova (e polêmica) transmissão automatizada monoembreagem, com cinco marchas.
Era uma evolução do antigo Dualogic, e por isso ganhava outro nome: GSR (sigla para “Gear Smart Ride”, ou algo como “Câmbio de Condução Inteligente”). Para jogar pá de cal no Dualogic, e parecer outra transmissão, trocou os comandos de alavanca por…botões no console!

Eram cinco: N (neutro), R (ré), D (drive), A/M (trocava entre condução de trocas automáticas ou manuais), além da S, que ativava o modo esportivo de condução.
Esse câmbio GSR depois se estendeu ao Mobi 1.0 Firefly (durou pouco nele), e, a partir de 2018, nos Fiat Argo e Cronos 1.3 (também não fizeram sucesso). Mas, antes de todos esses, veio no Uno!