Como já dissemos, na média geral das quatro provas o Uno Economy 1.4 conseguiu uma autonomia de 12,06 km/l, contra 12,05 km/l do Renault Clio 1.0. Se a minúscula diferença de 0,01 km/l (que equivale a dez metros de pista) já seria motivo para um empate técnico entre eles, outros números do teste de consumo reforçaram a igualdade entre esses dois carros de entrada. Ínfima ou não, a verdade é que o Uno 1.4 teve uma média geral melhor que a de todos os concorrentes. E também ficou com a melhor média de cidade/estrada só com etanol – 9,72 km/l, contra 9,52 km/l do Clio. Mas como negar o título ao carro da Renault, se ele foi o vencedor em três das quatro provas? Isso mesmo: o Clio ganhou com etanol na cidade (8,90 km/l contra 8,65 km/l do Uno), com gasolina na cidade (13,80 km/l contra 13,50 km/l) e com gasolina na estrada (15,35 km/l contra 15,30 km/l do Uno e do Nissan March). Portanto, o Clio foi o campeão na cidade, com qualquer combustível, e campeão quando abastecido só com gasolina. Mas como pode um carro que ganhou três das quatro provas ficar com uma média inferior? Porque a vitória do Uno com etanol na estrada (10,80 km/l contra 10,15 km/l do Clio) foi grande o suficiente para lhe dar a melhor autonomia geral.

Por isso, MOTOR SHOW decidiu dar o título de O Carro Mais Econômico do Brasil em 2014 aos dois. Ao Fiat Uno 1.4 porque teve a melhor média de autonomia com etanol (9,72 km/l contra 9,52 km/l do Clio). Ao Renault Clio porque teve a melhor média de autonomia com gasolina (14,58 km/l contra 14,40 km/l do Uno). É justo que ambos dividam o título, embora nosso intuito fosse o de premiar apenas um campeão.

Os méritos do Fiat Uno para conseguir este resultado não foram poucos. A começar pela motorização: 1.4 8V com comando de válvulas variável e uma calibração fina para a mistura ar-combustível. Ao contrário de seus adversários menores, o Uno Economy não dispunha de motor 1.0 – esse fato por si só já lhe confere um desempenho destacável.

Além disso, o Uno tinha outros trunfos a seu favor, como o peso contido por não usar ar-condicionado, pneus verdes de baixo atrito de rolamento e uma boa relação de câmbio – mas se tivesse uma quinta marcha ligeiramente mais curta talvez beneficiasse o consumo nas velocidades mais baixas. Só uma crítica deve ser feita ao campeão do consumo com etanol: dos cinco carros testados, o Uno é o único que não dispõe de computador de bordo. Até mesmo o Clio, que custa R$ 24.450, é oferecido com esse recurso como equipamento de série. Como o Uno Economy custa R$ 30.160, não oferecer esse dispositivo, que tanto auxilia o motorista interessado em gastar menos combustível, é um deslize, ainda mais pelo nome que tem.

No restante, o Uno mostrou-se uma boa opção para quem não tolera carros 1.0: ele é econômico, ágil no trânsito urbano e bom no trânsito rodoviário, sem que esses atributos façam dele um carro gastador. O Uno também obteve elogios dos motoristas em função das boas respostas proporcionadas pelo maior torque do motor 1.4 8V, rodando entre 110 e 120 km/h, principalmente nas subidas.

Já o Renault Clio só não foi o campeão isolado por um capricho da matemática: afinal, foi o vitorioso no consumo urbano com gasolina e etanol e no consumo rodoviário com gasolina, ou seja, em três das quatro etapas que compunham o teste. Vamos à explicação de seu desempenho inferior na prova que lhe tirou o título isolado. No teste rodoviário, durante o qual rodamos por um trajeto de 236,5 quilômetros, metade do roteiro foi feita a uma velocidade máxima de 110 km/h e a outra metade a 120 km/h. Essa velocidade mais alta fez com que o Clio 1.0 trafegasse com uma rotação do motor mais alta do que aquela que seria a ideal para seu menor consumo, o que não acontecia com seu adversário Uno 1.4. Ou seja: se o teste fosse todo efetuado a uma velocidade máxima de 110 km/h, certamente o Clio seria o vencedor isolado.

O desempenho do Clio arrancou elogios de todos os motoristas, que reconheceram a efi ciência de seu motor 1.0 16V, com consumo baixíssimo. Com seu tanque de 50 litros e a autonomia urbana com gasolina, o Clio tem o maior alcance rodando na cidade entre os cinco modelos testados: 690 quilômetros. Aliás, durante o teste de consumo urbano com etanol, o Clio teve um pneu furado. A prova foi cancelada, o pneu foi trocado e o teste começou do zero no dia seguinte. Vale lembrar que o preço de aquisição do Clio é o mais atraente entre os cinco carros testados (R$ 24.450). Portanto, considerando os resultados obtidos e seu preço, o Renault Clio 1.0 é a melhor compra do grupo testado.