Nem todos foram um enorme sucesso de vendas, mas deixaram marcas preciosas nessa longa estrada que percorremos.

Em duas décadas muita coisa mudou em nosso planeta – e não foi diferente no mundo dos carros. Por isso, selecionamos aqui 20 modelos que marcaram esses últimos 20 anos – tomamos apenas o cuidado de não repetir carros que já  aparecem na reportagem anterior ou na seguinte. Para os mais velhos, é uma volta ao passado. Para os jovens, uma chance de conhecer a história do mercado brasileiro. Do pequeno Corsa, que teve até ágio em seu lançamento, ao ousado Cayenne, que reinventou a Porsche, passamos por carros como o X5 (que deu um novo patamar aos SUVs), o EcoSport (o primeiro compacto “aventureiro”) e  o Scénic (que trouxe o mundo das minivans). Os números das fotos são os anos de produção mundial. Os valores abaixo do nome do carro são as vendas acumuladas. Veja também nos conta-giros o fator inovação e o fator mito de cada carro pelas cores vermelha (muito baixo), laranja (baixo), amarelo (médio), verde-claro (alto) e verde-escuro (muito alto). 

Chevrolet Corsa- Vendas: 2 milhões (Brasil)

O Chevrolet Corsa foi o modelo de maior sucesso na história da General Motors do Brasil. Com mais de dois milhões de unidades fabricadas de 1994 até 2012, sua produção foi muito superior à de outros modelos da GM, como o Chevette, o Opala e o Monza. O Corsa chegou ao nosso mercado em um momento muito especial para a indústria e para o mercado, por ser o primeiro carro popular com injeção eletrônica de gasolina. A primeira versão comercializada foi o Corsa Wind 1.0. Em 2002 surgiu a segunda geração do Corsa, com carroceria e plataforma diferentes, produzida até 2012. 

BMW X5- Vendas: 1,3 milhão (mundo)

Em 1999, o mundo via crescer a febre dos utilitários esportivos, que começou nos Estados Unidos e logo invadiu as ruas europeias. A BMW entrou nessa onda, lançando o X5, primeiro SUV da marca, de nindo novos parâmetros para esse tipo de veículo. Até então, os utilitários esportivos eram derivados de picapes, mas o X5 tinha plataforma própria, como um automóvel de passeio, o que lhe garantia a melhor dirigibilidade já vista no segmento, tanto no asfalto quanto fora dele. O X5 está na terceira geração. Em sua história no Brasil ele conseguiu atingir 3.786 vendas. 

BMW Z3- Vendas: 220 mil (mundo)

O pequeno roadster Z3, lançado pela BMW em 1996, marcou a volta da marca aos modelos de dois lugares, após 40 anos do mítico BMW 507 dos anos 1950. Produzido na fábrica de Spartamburg, nos Estados Unidos, tornou-se objeto de desejo em pouco tempo  e passou a ser considerado um clássico após o m de sua produção, em 2002. Teve uma versão cupê (teto rígido), de aparência um tanto bizarra (parecia uma perua). O Z3 cou famoso após aparecer como o carro de James Bond no lme GoldenEye. Seu sucessor, o Z4, é muito melhor como projeto, mas não é tão cultuado quanto o Z3, que vendeu 470 unidades no Brasil. 

Fiat Uno- Vendas: 3,7 milhões (Brasil)

O Uno representou um salto tecnológico para a Fiat, que tinha em sua linha somente carros baseados no modelo 147. De tão ágil e versátil, o Fiat Uno manteve-se em produção com as mesmas características por 30 anos – foi descontinuado em função da exigência de airbags a partir de 2014. O incrível aproveitamento do espaço interno era sua maior virtude. Equipado com motores 1.0, 1.3, 1.5 e 1.6, teve até uma versão 1.4 Turbo, em 1994, cultuada até hoje. O grande momento do Fiat Uno foi o lançamento da versão popular 1.0, em 1990, batizada de Mille, nome pelo qual o modelo passou a ser chamado nos últimos anos.

Fiat Strada- Vendas: 1 milhão (Brasil)

A picape Strada, utilitário leve derivado do Fiat Palio, é um fenômeno de mercado. Poucos automóveis no mundo chegaram perto dos 52% de participação que a Strada tem no Brasil, mesmo com concorrentes mais atualizados. Uma das explicações é sua grande oferta de versões, de carroceria e de motores, que vão desde o 1.4 Fire até o 1.8 E.torQ, passando pelo 1.6 E.torQ. Quanto às variações de carroceria, a Strada sempre inovou. Primeiro com a cabine estendida, depois com a cabine dupla e recentemente com uma inovadora terceira porta nessa carroceria, para facilitar o acesso ao banco traseiro.

Chevrolet S10- Vendas: 540 mil (Brasil)

Antes da Chevrolet S10, as picapes existentes no Brasil eram as full-size, maiores e com pouco conforto a bordo. Dessa forma, a primeira picape média acabou se tornando um carro de passeio, tanto para quem já gostava desse tipo de utilitário quanto para os novos usuários. O primeiro motor foi o 2.2 a gasolina; em seguida vieram o 2.5 turbodiesel e o V6 4.3 a gasolina. No ano 2000 a S10 passou pela primeira reestilização, ganhando o motor 2.8 turbodiesel. Em 2007 veio o 2.4 ex. A segunda geração da S10 surgiu em 2012, com câmbio automático de seis marchas. 

Ford Ka – Vendas: 900 mil (Brasil)

Lançado no Brasil em 1997, o pequeno Ford Ka inovou não apenas pelo tamanho, mas também pelas linhas ousadas, inaugurando o conceito estético New Edge, aplicado com muito sucesso em outros modelos. A principal característica do Ka era a proposta única de duas portas e quatro lugares. A primeira versão tinha motores 1.0 e 1.3, substituídos em 2000 pelo e ciente 1.0 Zetec-Rocam. Em 2001, a Ford lançou um Ka que se tornaria quase um cult, o XR, com motor Zetec- Rocam 1.6 de 95 cv. Era um foguetinho. Depois houve reestilizações em 2002, 2004 e 2007. 

Ford EcoSport-  Vendas: 700 mil (Brasil)

Na virada do milênio, a Ford não tinha um best-seller em produção, papel que deveria ter sido do Fiesta. Mas foi a partir desse compacto que a Ford conseguiu dar uma guinada, criando o primeiro SUV compacto de sua história, o EcoSport. O visual aventureiro (com estepe para fora) e a maior altura do solo compensavam a simplicidade do projeto. Ele surgiu com três motores (2.0, 1.6 e 1.0) e ganhou uma versão 4×4 em 2004. Teve uma leve reestilização em 2007, mas havia planos grandiosos para ele. Em 2012 surgiu o novo EcoSport, dessa vez como projeto global. 

Renault Scénic- Vendas: 142 mil (Brasil)

O Renault Megane Scénic foi o primeiro modelo no segmento das minivans a ser produzido no Brasil, o que de uma certa forma abriu o mercado para seus concorrentes, mais especi camente o Citroën Xsara Picasso e o Chevrolet Za ra. Do ponto de vista mundial, foi o Scénic que marcou a transição das enormes van quadradas e antiquadas, baseadas em utilitários, para as minivans, que têm por base automóveis compactos. Foi também o primeiro produto da Renault no Brasil, inaugurando a fábrica de São José dos Pinhais (PR). Saiu de linha em 2010, muito tempo após ter se tornado desatualizado, devido à pequena procura. 

Hyundai Tucson- Vendas: 143 mil (Brasil)

O utilitário-esportivo coreano Hyundai Tucson foi lançado em 2004, compartilhando a plataforma com o sedã Hyundai Elantra e com o Kia Sportage, também um SUV. Inicialmente importado para o Brasil pelo Grupo Caoa, o Tucson passou a ser montado em Anápolis (GO), em 2010, mesmo ano em que o Caoa iniciou a importação da segunda geração do Tucson, o ix35. Para não haver confusão com as duas gerações do mesmo carro, que são comercializadas concomitantemente, o importado não é conhecido em nosso mercado como Tucson, mas apenas ix35. Em 2013, o ix35 começou a ser montado em Anápolis, ao lado do “velho” Tucson.

Mercedes Classe A- Vendas: 63 mil (Brasil)

O primeiro Mercedes-Benz compacto foi lançado em 1997 na Europa e começou a ser fabricado em Juiz de Fora (MG) em 1999. Ele inovou por sua estrutura e pelos equipamentos. Na verdade, o Classe A criou o que hoje chamamos de compacto premium. Foi o primeiro a ter freios com ABS e controle de estabilidade de série. Inicialmente tinha só o motor 1.6, mas no ano seguinte ganhou o motor 1.9 e um sistema de embreagem automática (sem pedal). Em 2001 veio o câmbio automático. Em seis anos de produção, o Classe A vendeu menos do que estava previsto para apenas um ano, o que levou ao m de sua produção em 2005.

Mercedes SLS- Vendas: 1 mil (mundo)

Uma das tradições da Mercedes-Benz é produzir seus modelos superesportivos sempre por um período não muito longo. Ao fim desse tempo não há segunda geração, como nos modelos de grande série, mas sim um novo superesportivo. Para substituir o Mercedes McLaren SLR (2003-2009), havia chegado a vez de reeditar um mito: o Mercedes 300 SL Asa de Gaivota, dos anos 1950. Assim surgiu o Mercedes AMG SLC, o primeiro modelo feito inteiramente pela AMG. Com um V8 de 591 cv, o Mercedes SLS AMG GT Final Edition encerrou a série em 2013, surpreendendo por seu equilíbrio e dirigibildade. 

Mitsubishi Eclipse- Vendas: 900 mil (mundo)

Primeira marca a produzir um carro em série no Japão, a Mitsubishi fez sucesso com o Eclipse, um esportivo 2+2. Ele era fabricado em Normal, Estados Unidos, em co-produção com a Chrysler, que comercializava o mesmo carro com o nome de Eagle Talon. O Eclipse ganhou fãs no Brasil, na abertura das importações, por ser barato e muito potente. Ele estreou com um motor 2.0 turbo de 192 cv. Em sua segunda geração, lançada em 1995, o Eclipse ficou muito mais bonito e mais  amigável para as mãos inexperientes de seus “pilotos”. Teve mais duas gerações: 2000-2005 e 2006-2011. Quase mito. 

Mini Cooper- Vendas: 2,4 milhões (mundo)

O carro original de Sir Alec Issigonis, de 1959, não pretendia se tornar tão famoso, mas acabou fazendo tanto sucesso que virou ícone. A primeira geração foi produzida até 2000. Relançado em 2001 pela BMW, maior e adaptado para o terceiro milênio, o Mini Cooper voltou a ser um sucesso comercial, atrelado ao seu ótimo desempenho esportivo. Nessa nova fase, já ganhou seis tipos de carroceria: Hatch, Cabrio, Coupé, Roadster, Countryman e Paceman. O Mini está passando de automóvel cult para carro comum sem perder seu DNA de origem. Vendeu 6.369 unidades no Brasil. 

Chevrolet Vectra- Vendas: 313 mil (Brasil)

Para substituir o Chevrolet Monza (1982-1996) como queridinho das famílias brasileiras, a GM precisava de algo realmente muito bom. Dessa forma, o Opel Vectra começou a ser importado em 1993. Excelente carro, mas não cativou o motorista brasileiro. A segunda geração do Vectra veio em 1996, já produzida no Brasil, e dessa vez agradou. Bonito, aerodinâmico e com soluções visuais inéditas, como o prolongamento dos retrovisores sobre o capô, foi um sucesso. A terceira geração manteve apenas o nome, pois se tornaria um sedã grande e gastão, baseado na plataforma do Za ra. O Vectra que deixou
saudades foi mesmo o de 1996 a 2003. 

Dodge RAM- Vendas: 6,4 milhões (mundo)

A primeira picape Dodge RAM foi apresentada em 1981, nos EUA, já com tamanho exagerado, uma vez que os americanos sempre foram obcecados por veículos extremamente grandes. A segunda geração veio em 1994, mas só em 2005 a RAM começou a ser vendida no Brasil, já na sua terceira geração. Uma nova geração da RAM está no Brasil desde 2012, com motor 6.7 a diesel de 310 cv. Ela é tão grande que exige que seu condutor tenha carteira classe C, para dirigir caminhões. A RAM 2500 não leva mais a marca Dodge, pois passou a ser uma das marcas da Chrysler. No Brasil foram vendidas 7.024 picapes RAM. 

Porsche Cayenne- Vendas: 580 mil (mundo

Nos anos 1970, quando a Porsche produzia apenas o 911 em série, a ideia de variedade não deu muito certo para a imagem da marca. Os modelos 924, 944, 928 e 968, com motores dianteiros 4 cilindros em linha ou V8, enfureceram os puristas. Em 2002, a Porsche novamente arriscou sua imagem, dessa vez no segmento dos SUVs de alto luxo e desempenho. Deu certo: o Cayenne se tornou referência. Com plataforma compartilhada pelos primos VW Touareg e Audi Q7, o Cayenne oferece mais potência e exclusividade. A segunda geração (2010) cou ainda melhor. No Brasil já foram vendidos 3.875 Cayenne nesses 12 anos. 

Honda Fit- Vendas: 500 mil (Brasil)

O compacto Honda Fit chegou timidamente ao Brasil em 2003, mas surpreendeu pela extrema precisão de condução, mostrandose um carro de excelente dirigibilidade. Com motor 1.4, o câmbio contínuo CVT era o seu maior atrativo, apesar de, no início, não ser tão bem compreendido. Em 2005, o Fit passou a oferecer também o motor 1.5 VTec. A segunda geração do Fit, que veio em 2008, perdeu o câmbio CVT e ganhou um automático convencional. Em 2014, a terceira geração do Honda Fit estreou só com o motor 1.5 e a transmissão automática voltou a ser do tipo CVT. 

VW New Beetle- Vendas: 1,1 milhão (mundo)

O Volkswagen Fusca foi produzido até 1986 e não deixou saudade em quem já não era fuscamaníaco. Em 1993 ele voltou sob o argumento de ser um “popular” bom e barato. Parou em 1996 e novamente ninguém deu falta dele. Mas, em 1999, o surgimento do New Beetle suscitou uma febre mundial em torno do velho Fusca, até então desprezado. O New Beetle era um Golf com linhas parecidas com as do Fusca e motor transversal (dianteiro). Virou cult, objeto de desejo, peça de coleção. Seu fim só não foi mais comovente porque a Volks criou mais um Fusca e desviou as atenções do falecido. 

Smart Fortwo- Vendas: 1,5 milhão (mundo)

A marca Smart, pertencente à Daimler (dona da Mercedes) foi criada para projetar e produzir veículos urbanos de pequeno porte. O nome Smart, que também significa “esperto”, provém de Swatch, a fábrica de relógios que projetou o carro; Mercedes, que o produz; e art (arte). Seu modelo mais conhecido é o Fortwo, que tem motor traseiro 3 cilindros 1.0. O Fortwo (nome que em inglês  significa “para dois”) leva só duas pessoas, é claro. Ele começou a ser produzido na Europa em 1998 e teve sua importação iniciada para o Brasil apenas em 2009, onde vendeu 3.954 unidades.