01/08/2008 - 0:00
A Stock Car começou a ganhar maior repercussão na mídia há alguns anos e, por isso, nem todos que acompanham a categoria hoje sabem que, antes de chegar ao nível profissional, ela passou por diversas mudanças. A história da modalidade começa nos anos 70, quando ainda era chamada Divisão 1 e abrigava modelos Opala e Maverick, todos com motor seis cilindros de 290 cv, pneus radiais de rua lixados para pista seca e originais para molhada. Chassi e câmbio eram do carro de rua e a cabine tinha apenas um santantônio.
Acima, um Opala do primeiro ano da categoria (1979). Abaixo, o mesmo modelo em1993, sua última temporada na Stock Car
O nome Stock Car só foi adotado em 1979, depois que a GM começou a apoiar a categoria e os Opala continuaram correndo praticamente originais. E foi assim até 1987, quando o casamento com a GM chegou ao fim. Para desatrelar o campeonato da marca (apesar de os Opala continuarem lá), a organização da Stock desenvolveu uma nova bolha para os carros. Uma espécie de casca diferenciada, que “mascarava” as formas do modelo da Chevrolet. Mas a separação não durou muito tempo e, dois anos mais tarde, os carros voltaram a ter o visual do Opala. Só em 1994 é que o Omega entrou em cena e ficou na categoria principal até 1999, quando saiu para dar lugar ao Vectra.
Nessa época, começou uma nova fase na categoria. Os carros na verdade tinham apenas a casca do Vectra (a bolha). Por baixo, havia um chassi tubular, motor V8 e câmbio seqüencial de seis marchas, a mesma receita que até hoje é utilizada nos campeonatos. A partir desse momento, os carros (quase) originais desapareceram definitivamente da divisão principal da Stock Car. Em 2004, a bolha do Vectra deu lugar à do Astra Sedan. De lá para cá, não houve mudanças no carro, apenas outras marcas entraram no campeonato. A Mitsubishi colocou a bolha do Lancer; a Peugeot, do 307 Sedan; e a Volks, do Bora, na temporada 2007. “Todas essas mudanças colaboraram para que a categoria crescesse, mas é inegável que, no começo, era um campeonato muito mais romântico”, afirma Zeca Giaffone, proprietário da JL Rancing, que produz os chassis.
“Todas essas mudanças colaboraram para que a categoria crescesse, mas é inegável que, no começo, era um campeonato muito mais romântico’”
Zeca Giaffone
Durante esses 29 anos de existência, a Stock Car passou por momentos bons e ruins. “Lembro que houve anos em que eu tinha contratos com patrocinadores, mas não tinha a certeza de que haveria campeonato”, conta Ingo Hoffmann, piloto da Stock desde 1979. “Em 1979 era tudo muito amador, hoje a estrutura é outra”, conta Raul Boesel.
A partir de 2009 os carros ganharão um novo chassi e terão alterações no câmbio. “Acredito que a dirigibilidade tenha ficado mais precisa, assim como um monoposto”, diz Giaffone. O grande desafio dessa nova geração de carros será manter a competitividade que a Stock tem. Hoje são mais de 30 competidores, e seus tempos de volta são incrivelmente próximos. Há etapas em que se classificaram 20 carros no mesmo segundo. Se tentassem desenhar essa diferença no asfalto, não haveria lugar para todos.
À esquerda, o Omega, que ficou na Stock até 1999, último ano em que os carros tinham praticamente a mecânica original. Depois dele, veio o Vectra (abaixo), já com chassi tubular