Foram apenas 100 dias. Com o trabalho de um batalhão formado por 3,5 mil operários, a construção foi completada em tempo recorde. No dia 10 de setembro de 1922, o circuito de Monza recebeu pela primeira vez um Grande Prêmio de Fórmula 1. Cerca de 100 mil pessoas estavam presentes na estreia para ver a largada. O grid foi composto por apenas oito carros e o vencedor foi o piloto Pietro Bordino com seu Fiat 804.

De lá para cá, o traçado italiano foi palco de importantes passagens do automobilismo mundial. Um templo para os amantes da velocidade, assim como o circuito americano de Indianápolis. Por essa pista, passaram nomes como Nuvolari e Fagioli com suas Alfa, além de Von Stuck, Rosemeyer, Caracciola e Fangio com seus Auto Union e Mercedes. Os bólidos da Ferrari, sempre impulsionados pelos tifosi (nome dado à torcida italiana) e disputando em casa, foram os primeiros em Monza inúmeras vezes: pelas mãos de Ascari, Phil Hill, Surtees, Regazzoni, Scheckter, Schumacher, Rubens Barrichello e Fernando Alonso.

Mas apesar das muitas glórias, a pista também foi marcada por inúmeras tragédias. Em 1961, depois de um toque com Jim Clark na reta que antecede a Parabólica, a Ferrari do alemão Wolfgang von Trips atingiu o público que assistia ao espetáculo. O piloto e 14 espectadores morreram. Nove anos depois, na mesma curva, morreu o austríaco Jochen Rindt. Ao final da temporada, depois da vitória de seu companheiro de equipe, Emerson Fittipaldi, nos Estados Unidos, recebeu a consagração póstuma como campeão do mundo de 1970. Em 1973, foi a vez de os motociclistas Renzo Pasolini e Jarno Saarinen perderem suas vidas no circuito italiano. Em 1978, uma confusão na largada – autorizada antes que o grid estivesse totalmente alinhado – causou um acidente envolvendo 11 carros. O piloto da Lotus Ronnie Peterson foi levado ao hospital com ferimentos graves e acabou não resistindo às cirurgias que se sucederam ao desastre.

Às vezes, esse é o alto preço da glória, diriam. A mesma glória que premiou tantos outros competidores em Monza em momentos memoráveis. Como não lembrar do GP de 1967? Jim Clark, que ponteava a corrida, foi obrigado a parar nos boxes para a troca de um pneu furado. Ao voltar, tirou mais de uma volta de atraso, retomando a liderança de forma espetacular. Na última volta, no entanto, ficou sem combustível e acabou perdendo para John Surtees.

Os brasileiros também tiveram alegrias em Monza. Em 1972, Fittipaldi venceu a prova e a temporada com a Lotus. Senna também ganhou por duas vezes na pista italiana. O recorde do circuito, de 2004, pertence ainda a Barrichello (três vezes campeão na pista) com 1’21”046 e 260,395 km/h. Um pouco de Brasil, nos 90 anos de história de um dos circuitos mais rápidos da F1.