Cento e vinte quilos. Esse é o peso extra de uma mecânica inovadora. E ele precisa ser compensado pelos projetistas. Um belo quebra-cabeça para os técnicos de Maranello, cuja solução passa por uma carroceria aerodinâmica, por materiais inovadores e pela atenção aos detalhes. Assim está nascendo a próxima geração da mais furiosa das Ferrari. O primeiro agra da substituta da Enzo, mostramos na edição passada. Agora, vamos aos detalhes.

O coração da nova Ferrari, que poderá se chamar F70, pela primeira vez, é um sistema híbrido que reduzirá as emissões de CO2. Ele é o responsável pelo acréscimo de 120 quilos. E não é preciso conhecer seus detalhes técnicos para ter certeza de que – como manda a tradição – terá de superar o desempenho do antecessor. A Enzo, com um 6.0 V12 de 660 cv, acelerava de zero a 100 km/h em 3s68 e atingia 350 km/h. Para ser mais rápida, sua sucessora não soltará só a potência “suja” do V12 – agora 750 cv –, mas outros tantos “ecologicamente corretos”, do motor elétrico. A soma chega à casa dos 900 cv. “Claro que o que está nos forçando a essa solução são os limites de emissão de CO2”, diz Amedeo Felisa, da Ferrari. “Transformaremos necessidade em virtude. Todos sabem que um motor elétrico, que entrega o torque de imediato, pode ser um belo complemento para uma unidade à gasolina, preenchendo os vazios em baixas rotações, mesmo que em nossos carros eles mal sejam notados. A ajuda do elétrico nos permite esquecer as baixas rotações e ajustar o propulsor térmico de maneira mais precisa para as altas. E a unidade elétrica pode ser usada como ESP, agindo nas curvas.”, afirma.

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O conjunto é constituído do V12 combinado com um câmbio de dupla embreagem e sete marchas, que, por sua vez, é ligado a um motor elétrico. Este transmite o torque por meio de uma das embreagens; nas frenagens, age como gerador para recarregar as baterias. Já para o design, desta vez, nada de Pininfarina. Tudo será feito no centro de estilo da Ferrari. Aerodinâmica e leveza são os critérios principais. “Mas não repetiremos a solução da F12, já que cada um de nossos modelos é único”, enfatiza o chefe de design da marca, Flavio Manzoni. O desenho final está quase definido, como mostra um agra mais recente do carro, feito em meados de junho (abaixo).

LINHAGEM DE SUPERMÁQUINAS

A nova Ferrari será a quinta de uma série de supercarros de motor traseiro-central e série limitada. Tudo começou na 288 GTO e parecia ter terminado com a Enzo. São as mais poderosas, caras e desejadas Ferrari já produzidas. Carros de sonho, mas também laboratórios sobre rodas, para teste de novas tecnologias e nos materiais

Muitas referências à F-1, porta tipo tesoura e motor V12 de 660 cv. Só 399 felizardos colocaram uma Enzo na garagem

Motor V12 de 520 cv e carroceria toda em carbono (pesava 1.320 kg). Foram produzidas apenas 349 unidades

Comemora os 40 anos da marca. Com um V8 de 478 cv, já usava bra de carbono. Foram fabricados 1.315 carros

Primeiro dos supercarros de série limitada (272 unidades). Tinha um V8 de 400 cv e carroceria de bra de vidro