Para início de conversa, antes de falarmos sobre os dois carros deste embate, é bom que você saiba, logo de cara, que ter um Volvo XC60 na garagem pesa mais no bolso do que ter um Volksvagen Tiguan. Além da diferença de preços, o grande problema do modelo sueco é o alto valor cobrado pelo seu pacote de peças e pelas revisões (confi ra nas próximas páginas). O SUV com propulsor dois litros é vendido na versão de entrada Comfort (R$ 134.9 mil) e na topo Dynamic de R$ 154,9 mil – também existem os XC 3.0 com bloco de seis cilindros e tração integral. Já o Volks tem preço inicial menor – R$ 115,6 mil – e “completão” chega a R$ 153 mil.

Há algum tempo, a Volvo abandonou as linhas quadradas por formas mais fluidas, bem diferentes das dos modelos da marca das décadas de 1980 e 1990. O XC60 é um dos melhores exemplos dessa mudança conceitual adotada por seus designers, e traz uma lateral com traços vincados e belíssimas e marcantes lanternas em posição bastante elevada na coluna C – uma herança do “irmão” maior XC90. O Tiguan, por sua vez, desembarcou por aqui redesenhado no ano passado, alinhado à nova linguagem de design da montadora e tem ares bem mais modernos e despojados. Por conta disso, dentro de um Volvo você passa a impressão de ser mais conservador, enquanto que ao volante do Tiguan parece uma pessoa mais jovial.

Pelas dimensões, o Volvo se sobressai: oferece mais amplitude interna que aumenta o conforto dos ocupantes, principalmente, para os viajantes do banco traseiro, que encontram um maior espaço para as pernas. Esse Tiguan é montado sobre a base do Golf europeu, de quinta geração, mas, nos próximos anos, passará a utilizar a nova plataforma modular MQB, assim como o novo Audi A3. O Volks pode ser menor no comprimento, na largura e na altura, mas empata com o Volvo no porta-malas, fator importante para os consumidores desse tipo de veículo.

Ambos oferecem uma cabine luxuosa com o uso de plásticos de ótima qualidade e uma recheada lista de mimos. Entre eles, os assentos forrados em couro – com ajustes elétricos nos dianteiros –, o teto panorâmico e o sistema de som com entradas auxiliares para USB e iPod. Uma pena que a tela de 5”do XC (agora, finalmente colorida) seja tão pequena que dificulte a visualização. No Tiguan, o monitor é maior e os gráficos são mais belos. No entanto, é no Volvo que o motorista se sente mais acolhido. Os bancos têm desenho do tipo “concha”, os detalhes pintados em prata e a melhor posição para dirigir (nos dois há o volante regulável em altura e profundidade). Destaque também para as saídas de ar nas colunas. O interior do Volks poderia ser mais caprichado: por ser simples demais – apesar de correto –, remete a veículos mais baratos da marca.

 

A Volvo decidiu trazer essa opção do XC60 sem a tração nas quatro rodas para atender o público que anda 100% no asfalto e dificilmente se aventura em trechos do fora de estrada – no máximo uma estradinha de terra batida. Agora, se você procura por um comportamento dinâmico mais apurado embarque no Tiguan! Não que o desempenho do Volvo seja ruim, pelo contrário. Ele é até mais potente que o SUV alemão. Mas, na cidade, as suas reações são apenas “comedidas”. O câmbio automático de seis velocidades realiza as trocas em baixos giros para privilegiar o consumo e não há borboletas atrás do volante como no Tiguan – as trocas manuais são feitas somente na alavanca. Aliás, bem que poderiam ser um pouco mais ágeis. O fôlego do XC60 aparece mesmo na estrada. Aí sim é pisar fundo no acelerador para conhecer todo o seu poderio. Nas curvas, a carroceria rola um pouco além da conta. Nada fora do comum para um carro com centro de gravidade alto.

O Tiguan mostra a sua “veia esportiva” logo ao sair da garagem. Para dar a partida basta entrar com a chave no bolso e pressionar o botão Start-Stop (no Volvo é preciso inseri-la no local apropriado para somente depois acionar o botão de partida). O dois litros do VW têm um funcionamento mais suave e é mais arisco. Ele parece um kart com uma tonelada e meia! E tem sede de curvas. A tração nas quatro rodas coopera em muito na estabilidade e na diversão. Pode entrar com vontade, que ele contorna com segurança graças à melhor plataforma e à menor distância entre-eixos. Além disso, o menor peso e a melhor transmissão automática (com também seis velocidades) mostram mais disposição nas saídas de semáforo e também nas ultrapassagens.

Quem está disposto a dar mais de R$ 100 mil por um carro familiar desse segmento quer, no mínimo, um pacote de itens de série que preserve a segurança da sua família. E, disso, a Volvo entende como ninguém. O XC60 traz o City Safety, que evita colisões em baixa velocidade. O sistema identifica uma batida iminente e, em velocidades de até 15 km/h, freia automaticamente o carro. Já entre 16 km/h e 30 km/h o dispositivo diminui ao máximo os efeitos da “pancada”. Além disso, traz o dispositivo On Call. Por meio de dois botões no teto é possível relatar à central de atendimento da marca sobre alguma pane no carro. A outra tecla – SOS – serve para acionar as autoridades locais ou o resgate. 

Já o Tiguan traz o conveniente freio de estacionamento eletrônico e o sensor de fadiga, que indica sinais de cansaço do motorista pedindo para que ele faça uma breve parada. Outro item de série interessante é o prático sistema de estacionamento Park Assist II, que faz balizas tanto paralelas à guia quanto em vagas a 90º (como nos shoppings). Isso com pouca interferência do motorista, que controla apenas o pedal do freio.

Ainda no quesito proteção familiar, os dois utilitários ofercem seis airbags (frontais, laterais e de cortina), controle de tração e de estabilidade, freios com sistema ABS e o controle de cruzeiro adaptativo, que mantém a velocidade e uma distância segura do veículo à frente, pré-programadas pelo condutor.

No fim das contas, o Volvo pode até ter o preço de manutenção mais elevado, mas trata melhor seus ocupantes. Por outro lado, o Volks – mais apertado – oferece praticamente o mesmo pacote de equipamentos (perde em pouquíssimos itens), é mais prático e versátil, mais divertido de dirigir e tem preço de manutenção mais justo. Qual a sua escolha?