25/03/2013 - 15:05
Quanto vale um motor flex? Difícil dizer. Depende muito do preço do etanol, que varia conforme a época e a região. Depende também de quanto ele vai valorizar seu carro na revenda, quando chega a hora de passá-lo adiante – o que também depende do preço do etanol, que varia conforme a época e a região… Ou seja, é tudo muito difícil de mensurar. No caso desse Fusion, porém, o motor bicombustível tem que valer muito para fazer dele um bom negócio.Porque nem é preciso sair da concessionária Ford para ver que ele não é a compra mais sensata.
A comparação é inevitável, e os números falam por si só. Fusion 2.5 Flex: 175 cv, 24,1 kgfm a 4.500 rpm, R$ 92.990; Fusion Titanium 2.0 EcoBoost FWD: 240 cv, 34,7 kgfm a 3.000 rpm, R$ 99.990. Isso mesmo, são só R$ 7 mil de diferença. Por 7,5% a mais do que custa esse Fusion Flex, você compra a versão com o motor mais moderno – sem dúvida um dos melhores 2.0 da atualidade. Comparado à unidade que pode usar etanol, ele é nada menos que 37% mais potente e – o que faz ainda mais diferença – tem torque 44% maior (e em rotações mais baixas).
Acredite, as vantagens do Titanium não param por aí. Na lista de equipamentos, ele tem tudo que essa versão flex oferece e, ainda, borboletas para trocas de marchas no volante (no Flex há o irritante botão na alavanca), rodas aro 18 (17 no Flex), sistema de som Sony Premium com 12 alto-falantes (o dobro!) e entrada e partida sem chave. Isso sem falar do acerto mais esportivo. Como a Ford revelou e comprovamos em alguns dias com o carro, essa versão flex têm suspensões mais macias, em parte por causa dos pneus mais “borrachudos”, em parte pelo acerto diferente. Assim, a carroceria inclina mais nas curvas e oscila bastante em ondulações, lembrando a geração anterior. Por outro lado, as suspensões são bastante silenciosas e garantem o conforto.
Ao volante, apesar de passar a sensação de ser mais pesado que o Titanium, esse Flex tem outras qualidades em comum com a versão mais cara. Assim, mesmo que o modelo com o EcoBoost não existisse, esse flex ainda seria uma boa presa para os principais rivais. A direção tem assistência progressiva: leve na cidade, mais pesada na estrada e pouco anestesiada. Tem ainda controle ativo de vibração e deriva, que, além de reduzir as vibrações nos pisos irregulares, exige menos correções na estrada – onde se mostrou precisa.
No mais, merecem destaque o generoso espaço interno e o pacote de segurança – esse último igual ao da versão Titanium FWD. Além dos freios ABS e dos controles de estabilidade e tração, ele traz auxílio em subidas, retrovisores internos e externos antiofuscamento, monitor de pressão dos pneus e oito airbags (dianteiros, laterais, de cortina e de joelhos). O que ele fica devendo é o pacote de tecnologia exclusivo da versão Titanium AWD (R$ 112.990), com piloto automático adaptativo, alerta de mudança de faixa com correção automática, monitor de ponto cego e tráfego cruzado, sensor de chuva e faróis altos automáticos.
Ainda falando em tecnologia, todos os Fusion têm o controle ativo da grade frontal: atrás da grade cromada, há outra grade com aletas que se fecham automaticamente em algumas situações. Na estrada em alta velocidade, por exemplo, elas são fechadas, melhorando a aerodinâmica do carro e, consequentemente, reduzindo o consumo, que, não por acaso, é apenas razoável na cidade e muito bom na estrada. A marca não divulgou os dados oficiais, mas durante nosso teste, com 100% de etanol, o Fusion fez de 5 a 6 km/l na cidade e de 9 a 10 km/l na estrada. O fato de o motor Duratec ter ganhado comando variável na admissão também ajudou a reduzir o consumo.
Já a transmissão automática não é rápida, mas troca de marcha com suavidade e, na estrada, em sexta, garante que o motor gire menos e faça pouco ruído (quando solicitado demais, porém, reduz com lentidão e o som do motor se faz ouvir).
A conclusão eu já havia adiantado: o Fusion Flex é um bom carro, mas perto do Titanium FWD, considerados seus preços, não é o melhor negócio. Pagando apenas R$ 7 mil a mais, é como se você estivesse comprando o pacote mais farto de equipamentos e, de brinde, ganhando o motor Eco-Boost. Com os atuais preços do etanol, só mesmo o dono de uma usina ou o mais verde dos ecologistas deverá se interessar por essa configuração.