O recém-lançado Trax se coloca no meio do caminho entre um hatch compacto e um SUV. Exatamente como seus principais concorrentes no mercado nacional: o EcoSport e o Duster. O representante da Chevrolet, assim como seus rivais da Ford e da Renault, é mais versátil do que seus 4,30 metros de comprimento nos podem fazer crer à primeira vista. Ele pode tranquilamente ser o único automóvel de uma família, o carro de um estudante solteiro ou o segundo veículo em uma garagem onde já repouse um sedã médio, por exemplo.

Apesar de ter sido apresentado na Europa como uma espécie de Captiva em miniatura, o Trax fica abaixo disso no que diz respeito ao acabamento. O Mokka, seu irmão gêmeo da Opel, mereceria mais essa comparação. Nele, o painel é bem elaborado, o revestimento tem menos plástico duro e a qualidade, tanto visual quanto tátil, é superior. Já o Chevrolet, que para os consumidores europeus é uma versão mais em conta do carro alemão, tem um interior muito semelhante ao do Sonic – com quadro de instrumentos, linhas de design e revestimentos mais simples.

Por sorte, seus oponentes no Brasil também não são muito caprichosos com o acabamento e o Trax terá o ótimo sistema multimídia já adotado aqui no Onix e no Prisma. Como herança da também familiar Zafira, o Trax tem bancos reconfiguráveis: o do passageiro dianteiro, por exemplo, pode deitar por completo, facilitando o transporte de cargas maiores. São oito possibilidades de configuração dos assentos e um bagageiro que comporta até 1.370 litros de tralhas (mínimo de 356 litros, menor que o do Duster). Há gavetas sob os bancos e um vão no assoalho do porta-malas para carregar objetos menores. Além disso, os ocupantes do banco de trás contam com uma tomada para carregar o laptop ou os jogos eletrônicos e há um suporte embutido para transportar bicicletas.

Com relação à motorização, na Europa, Mokka e Trax têm duas opções a gasolina: um bloco 1.4 turbo e o Ecotec 1.6 de 115 cv (esse último vendido apenas em alguns mercados). Ambos podem vir equipados com transmissão manual ou automática de seis velocidades e a tração é dianteira ou integral, dependendo da versão. Por aqui, o modelo, importado do México – onde será fabricado na base do Sonic –, terá opção do motor com duplo comando 1.6 flex que rende 120 cv com etanol. A transmissão também será a mesma do compacto: manual de cinco marchas ou automática de seis, com versões 4×2 e 4×4. Fornecedores locais chegaram a cogitar a possibilidade de a Chevrolet trazer também uma unidade topo de linha com o motor 1.4 turbo de 140 cv e tração somente 4×4 para enfrentar as versões dois litros de EcoSport e Duster. Mas nada está con rmado até o momento. O modelo começa a ser vendido no fim deste ano ou início de 2014 e, segundo especula-se, poderá ter seu nome modificado para Tracker, como era chamada a versão do Suzuki Grand Vitara feita pela Chevrolet vendida aqui anos atrás. Os preços devem partir de pouco mais de R$ 50 mil.

Na cidade, a versão 1.4 turbo é rápida e ágil, fácil de guiar e com bom equilíbrio entre capacidade de carga e desempenho. A calibragem é firme – uma característica que não chega a roubar o conforto dos ocupantes, mas indica que o carro deverá se sair bem também nas estradas e em velocidades mais altas. Quando mais exigido, ele contorna curvas com eficiência e mostra-se um automóvel equilibrado, principalmente por conta do bom trabalho da tração integral, que divide o torque entre os eixos com rapidez.

O moderno motor sobrealimentado, apesar de ser um bom exemplo de downsizing, carece de mais homogeneidade nos regimes intermediários. Ainda assim, dá conta do recado. Já a versão 1.6, bem parecida com a que será vendida aqui, é um tanto mais lenta nas acelerações e também nas retomadas de velocidade, mas não fica atrás de Duster e Eco com a mesma cilindrada. Pelo menos nas versões de entrada – aquelas com mais volume de vendas –, a Chevrolet passará a oferecer em nosso mercado um concorrente de peso no segmento.