16/07/2014 - 14:26
Para a Seleção Brasileira, a derrota de 1982 fez do italiano Paolo Rossi um vilão tão poderoso quanto Alain Prost foi para Ayrton Senna nas pistas.
O futebol é a grande paixão nacional dos brasileiros. Mas a Fórmula 1 também já foi discutida nos bares das esquinas por anos a fio. Isso aconteceu principalmente na década de 80, quando Nelson Piquet e Ayrton Senna ganharam dezenas de corridas. O Brasil era tão forte na F1 que a torcida chegou a se dividir entre “piquetistas” e “sennistas”. Já que a Copa do Mundo atraiu as atenções mundiais para o patropi, vale a pena relembrar quem foram os maiores carrascos do Brasil no futebol e na Fórmula 1.
1950– O Brasil só precisava de um empate contra o Uruguai, num Maracanã lotado por 200.000 pessoas, para levantar a Taça Jules Rimet. O título estava no papo, tanto que vários políticos foram à concentração da Seleção Brasileira, na véspera da decisão, tirar fotos com os novos campeões mundiais. No jogo, o Brasil começou ganhando. Mas o que parecia uma vitória certa se transformou na maior tragédia esportiva nacional. O Uruguai venceu por 2-1 e o atacante Ghiggia, autor do gol da virada, até hoje é considerado o maior carrasco do futebol tupiniquim.
1973– O Brasil era campeão mundial de Fórmula 1 e o bicampeonato de Emerson Fittipaldi parecia barbada. Pilotando o famoso JPS Lotus 72D, o brasileiro venceu três das quatro primeiras corridas. Mas uma série de quebras de seu carro na continuação do campeonato fez Emerson perder o título para o escocês Jackie Stewart, que se tornou o primeiro carrasco de um brasileiro na F1.
1974– Na Copa da Alemanha, a seleção tricampeã era favorita, mas seu futebol estava ultrapassado. Mesmo assim, o Brasil de Rivelino chegou à semifi nal contra a surpreendente Holanda. O time comandado por Cruyff utilizou uma tática maluca, que ficou conhecida como carrossel holandês: vários jogadores estavam o tempo todo próximos à bola, em qualquer lugar do campo. A Holanda despachou o Brasil com uma vitória por 2-0 e Cruyff se transformou no segundo carrasco da seleção canarinho.
1982– Com vitórias espetaculares, o Brasil chegou às quartas de final da Copa da Espanha como amplo favorito. O time de Zico, Sócrates e Falcão, entre outros craques, só precisava empatar com a Itália para ir à semifinal. Mas a Itália surpreendeu. Paolo Rossi fez 1-0. O Brasil sofreu, mas Sócrates empatou. Paolo Rossi fez 2-1. Outra luta intensa e Falcão empatou novamente. Mas Paolo Rossi fez 3-2. Não deu para empatar. O país inteiro chorou, pois o melhor time encontrou o seu carrasco. Até hoje, essa derrota só é considerada menos trágica do que a de 1950.
1986– A Seleção Brasileira da geração de Zico, Sócrates e Falcão ainda teve uma segunda chance. O futebol não era mais tão vistoso, mas o time chegou às quartas de final contra a França. Nos 90 minutos, o goleiro Joel Bats defendeu um pênalti cobrado por Zico e o jogo foi para a prorrogação. Na decisão por pênaltis, Bats defendeu outro pênalti, dessa vez batido por Sócrates. Surgia o quarto carrasco do futebol brasileiro.
1989– Ayrton Senna buscava seu bicampeonato na Fórmula 1 depois de intensa batalha contra o francês Alain Prost, que também corria pela McLaren. Mas Prost estava perfeito na corrida decisiva no GP do Japão. Ayrton simplesmente não conseguia ultrapassá-lo depois de tentar durante 46 voltas. Quando o brasileiro forçou uma ultrapassagem, Prost, o carrasco, manteve sua trajetória e os dois bateram. O francês chegava ao seu tricampeonato.
1998-Quase uma década depois da crueldade de Prost contra Senna, Brasil e França se encontraram na decisão da Copa de 1998, em Paris. O herói brasileiro Ronaldo sofreu um colapso nervoso e o time entrou abatido em campo. O francês Zidane marcou dois gols de cabeça e liderou a vitória de 3-0 contra a seleção canarinho.
2002- Rubens Barrichello tentava levar a melhor sobre Michael Schumacher desde 2000, quando se encontraram na Ferrari. Finalmente, no GP da Áustria de 2002, Rubinho deu um show, com uma pilotagem soberba, sem chances para Michael ultrapassálo. Mas, faltando poucos metros para a chegada, teve de obedecer a uma ordem da equipe pelo rádio e reduziu a velocidade para o alemão receber a bandeirada em primeiro lugar. Foi um escândalo e Schumacher assumiu o papel de inimigo público número 1.
2008- Na única temporada em que teve chances de ser campeão da Fórmula 1, o brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, chegou a comemorar o título, ao vencer o GP do Brasil de 2008. Mas, na penúltima curva da prova, o inglês Lewis Hamilton, da McLaren, ultrapassou o alemão Timo Glock, da Toyota, e tirou o título que já estava sendo comemorado por Massa. O campeão era o carrasco Hamilton.
2009- Assim como as seleções de 1982/86, Rubens Barrichello teve outra chance de ser campeão. Contratado pela Brawn, viu-se no melhor carro da temporada. A equipe ganhou cinco das seis primeiras corridas. Mas todas essas vitórias foram do inglês Jenson Button. Quando Rubens finalmente ganhou um GP, Button já estava disparado no campeonato. Foi nosso último carrasco.