22/09/2021 - 13:33
Gotemburgo, Suécia, Hambach, França e Hangzhou, China. Uma improvável união levará à criação de três novos SUVs muito diferentes em identidade e vocação, mas unidos pela mesma plataforma, seguindo o roteiro escrito e dirigido pelo empresário chinês Li Shufu. Afinal, o dono da Geely – holding de Hangzhou que recentemente assumiu o controle da Volvo, da Lotus e a da Lynk & Co, bem como uma participação significativa na Daimler (de 15%) e a maioria da Smart (51%) – tem um plano claro para o segmento de SUVs.
Entre os compacto-médios, a plataforma CMA (sigla para Common Modular Architecture), já deu origem ao Volvo XC40 (leia avaliação) e ao Lynk & Co 01. Agora, é a vez de atacar o mercado logo abaixo, onde a marca sueca nunca havia entrado – mas hoje pode fazê-lo, graças aos chineses e à colaboração técnica que dará origem, também, a um novo Smart. Os planos dos dois novos SUVs foram admitidos pelos gestores das fabricantes. Håkan Samuelsson, CEO da Volvo, foi quem mais falou. “Vamos usar a plataforma SEA, que nos oferece estrutura de custos muito competitiva, para fazer um carro menor do XC40”. Ele não falou sobre a forma que o modelo assumirá, mas deu pistas sobre a identidade: um irmão menor do XC40, talvez mais crossover e menos SUV, mas com uma distância livre do solo ainda significativa, que o qualifica como “SUV”.
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Sem concessões
Se o XC20 – vamos chamá-lo assim enquanto aguardamos seu nome oficial – for um Volvo em todos os aspectos, isto é, se for considerado um modelo “premium” não só pela cosmética, mas também por sua qualidade construtiva, isso servirá como uma clara comprovação do amadurecimento dos fabricantes chineses.
Vale lembrar que a SEA é uma plataforma puramente elétrica, campo no qual a China acumulou muita experiência recentemente. A segurança está entre as maiores prioridades do projeto: as cinco estrelas no EuroNCAP são o objetivo mínimo, tanto para o XC20 quanto para o pequeno SUV da Smart. E, como a Daimler está diretamente envolvida na gestão da Smart, podemos apostar que não haverá concessões neste ponto.
A plataforma SEA suporta carros com distância entre-eixos de 1,80 a 3,30 m e baterias de até 110 kWh (com cerca de 700 quilômetros de autonomia), projetadas para durar 200.000 quilômetros sem perder desempenho. Nas variantes com um único motor, desenvolve até 540 cv, e nas com dois e tração nas quatro rodas, até 815 cv. A alimentação a bordo é de 800 volts.Posicionado logo abaixo do Volvo XC40, que tem 4,43 metros de comprimento – só um pouco mais do que um Jeep Compass –, o XC20 terá de 4,10 a 4,20 metros, entrando em um segmento hoje em franca expansão no mundo todo. Como a plataforma do novo modelo já nasceu elétrica, ela permite uma longa distância entre-eixos e balanços curtos (devido à ausência do motor a combustão), então o espaço interno não será muito menor que no seu irmão maior.
Um antigo desejo
Já em relação ao modelo da Smart, já se falava em um SUV da marca no início dos anos 2000. Mas, como se sabe, ele nunca virou realidade. Agora, enfim ganhará vida. Já estão prontas sua plataforma, fábrica, agora na China, e esboços do estilo. O carro – um modelo elétrico a bateria, obviamente – está pronto para ser produzido, e sua data de estreia já foi definida: o primeiro semestre do próximo ano.
Embora esteja entre os médios-compactos na gama de produtos que terão origem na SEA, o Smart SUV – do qual a marca divulgou esboços que nos ajudaram a criar a projeção por computador que você vê aqui – deverá ultrapassar os quatro metros de comprimento. Será o primeiro modelo da marca fundada em 1997 por Daimler e Nicholas Hayek, então proprietário da Swatch, a superar tal barreira (o Forfour, de 2004, não passava de 3,75 m).
Fontes dizem que será só alguns centímetros menor que o Mini Countryman e não se parecerá com nenhum dos modelos da Smart já vistos até hoje – mas manterá o posicionamento “premium”. Claro que todos perguntarão: e a qualidade? É verdade que a CMA foi desenvolvida em conjunto com os chineses – mas a direção escandinava do projeto era considerada, de certa forma, uma garantia. A nova SEA, criada diretamente pela Geely, será o primeiro teste verdadeiro de maturidade técnica da indústria da China.
Aliás, ela tem conteúdos técnicos significativos e exigiu um investimento de US$ 2,8 bilhões. Para ter competitividade econômica, além de apostar na utilização de componentes predominantemente chineses e na redução dos custos industriais na fase de produção, há a questão da economia de escala. Serão produzidas centenas de milhares de unidades dos dois novos SUVs no período inicial – incluindo um da Lynk & Co (abaixo) – e, depois, a gama ainda será expandida.
O que esperar destes dois novos SUVs no Brasil? O XC20 certamente virá para cá, pois a marca sueca está se saindo muito bem por aqui no seu processo de eletrificação. Já o Smart depende do interesse do grupo em reintroduzir a marca no país – depois da experiência fracassada com o Fortwo. Mas garantimos que este novo SUV terá muito mais potencial.
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