23/12/2022 - 8:34
Em outubro, o Jeep Avenger fez sua primeira aparição pública no Salão de Paris (França), mas o primeiro modelo 100% elétrico da marca não representa uma virada radical para a eletrificação total, como em outras montadoras, e muito menos vai acabar com a produção do Jeep Renegade.
Em alguns mercados, inclusive, por questões estratégicas e de estágio de eletrificação, o Avenger não será só a bateria: na Itália, por exemplo (e por quê não no Brasil?), também terá versões híbridas.
Além disso, por seu porte e proposta, não é substituto do Jeep Renegade – que segue vivo, e também, ainda, com motores a combustão. Os dois SUVs vão conviver, em uma estratégia que chamamos de “duas caras”.
A beleza das plataformas modulares (em um grupo com amplas fábricas e recursos disponíveis, claro) é que, uma vez feito o investimento, se multiplicam as recompensas – na forma de produtos a oferecer.
Assim, uma vez amortizadas as despesas adicionais com moldes, o resto é lucro. Quanto mais modelos nascerem da mesma plataforma, mais se diluem os custos de desenvolvimento inicial. Então, por que não aproveitar a oportunidade e criar a próxima geração de um carro de sucesso como o Jeep Renegade?
Deste modo, se o Avenger nasce na fábrica de Tychy (Polônia), outro SUV, feito na Espanha (Zaragoza) disputará o mesmo segmento do atual menor modelo da gama, o Renegade, produzido hoje em Melfi (Itália), Goiana (Brasil), e Guangzhou (China).
Há risco de canibalização? Em Detroit (e em Paris), estão convencidos que não. Não só pelos motivos já apontados, mas porque eles iriam atrás de consumidores diferentes.
No segmento mais disputado do mercado, o Avenger, ou “mini-Compass” (olhe bem e entenderá) será para casais jovens e solteiros, principalmente mulheres, e o Renegade, para famílias com filhos pequenos e também para solteiros, mas principalmente homens.
Já o novo Jeep Avenger é mais urbano-chique; o Renegade, mais outdoor, aventureiro e off-road – uma vocação que é refletida no seu design (como o atual, mais similar aos dos modelos “duros e puros” da Jeep).
É este o SUV que o ilustrador de nossa parceira italiana Quattroruote imagina aqui – sem muitos elementos concretos a se agarrar, porém, na falta de esboços ou de protótipos em teste.
Jeep Renegade: o mistério
Quando as formas do Avenger foram reveladas, em setembro, a marca exibiu dois outros modelos com versões 100% a bateria (veja quadro) e um quarto, ainda “misterioso”. Poderia ser justamente o futuro Renegade, em sua segunda geração de fato (que pode ou não manter o nome; nós achamos que, pelo sucesso atual, manterá).
E qual plataforma usaria? Considerando a questão da sinergia já apontada, deve ser a mesma do Avenger – que, ao que tudo indica, é a evolução da CMP de Peugeot 208, Citroën C3 e cia., já instalada no Brasil.
Ela passaria a se chamar STLA Small (uma das quatro arquiteturas que viram a espinha dorsal da Stellantis). Nesse caso, o novo Renegade nasceria na fábrica da PSA (é tudo Stellantis hoje) em Porto Real (RJ).
No entanto, ainda não temos certeza absoluta disso. É fato que a STLA Small nasce para a propulsão elétrica, mas não deixa de ser multienergética como a CMP.
Então, se o Avenger é pensado como um elétrico puro, com variantes a gasolina como oferta residual, o novo SUV espanhol (e brasileiro) priorizaria a oferta a combustão, ao menos a princípio (o 1.2 turbo da PSA na Europa, o Fiat/Jeep 1.0/1.3 Firefly turbo no Brasil).
Mas a plataforma CMP não prevê o uso de motorização híbrida, então, se o plano for manter versões 4×4 no Renegade sem ser em uma verão 100% elétrica, ela teria que ser obtida usando um motor a combustão na dianteira e mais um, este elétrico, no eixo traseiro, como no sistema 4xe da Jeep.
E aí pode ser mais lógico (e barato) o Renegade manter a plataforma atual – o que, no Brasil, preservaria sua fabricação em Goiana, PE, “liberando” Porto Real para expandir as ofertas da Peugeot e da Citroën (e até produzir o Avenger?). A conferir.
Seja qual for a escolha da marca, as coisas vão mudar bem na família Jeep. Afinal, o Avenger se posiciona na base da gama, com 4,08 m. Acima dele, o novo Renegade deve crescer um pouquinho, e superar os 4,30 m de comprimento.
Isso porque, acima dele, o Compass de nova geração vai abandonar sua plataforma atual (de compacto, a mesma do Renegade). Assim, se hoje os dois são muito próximos, com essa mudança o Compass se distanciará do Renegade ao adotar a STLA Medium, virando um verdadeiro médio (e aposentando o fracassado Cherokee).
A gama da Jeep se completaria com o Grand Cherokee. Faz sentido, não?
O Avenger ao vivo
Ao vivo, o novo “baby Jeep” tem um ar bem adulto, graças ao uso de recursos visuais que lhe conferem uma presença maior do que sugere seu tamanho. Tendo o observado de perto, já podemos “desmascarar” o ilusionista (no caso, o designer), revelando seus segredos.
Mágica número um: o pilar dianteiro é recuado, para o capô parecer mais comprido.
Mágica número dois: tem um estilo Jeep “adulto”, que o insere na genealogia do Grand Cherokee e o ligam mais diretamente ao irmão maior Compass (principalmente na dianteira, no desenho da coluna traseira e no que dá no teto).
Mágica número três: alguns detalhes que alargam a seção dianteira e traseira, como para-lamas salientes e as lanternas cercadas por contorno preto que as alarga, como lápis de olho, estendendo-as horizontalmente.
Além disso, meio que ilegalmente, entramos no Avenger, mas não podemos revelar nada sobre o interior. Só podemos dizer que é confortável e, mesmo atrás, tem um espaço bem decente para os joelhos dos ocupantes.
Em suma, todas as coisas que aproximam o bebê Jeep da faixa superior, em vez de afastá-lo. Mas há uma arma principal, e ela não poderia deixa de ser a tração elétrica.
Conhecendo a plataforma em que o modelo nasce – quer ela se chame STLA Small ou não –, ainda é evolução da CMP usada pelos modelos da PSA, então dá para deduzir que terá variantes elétricas com bateria de cerca de 50 kWh. Na versão 4×2, o motor terá 156 cv e 260 Nm. Já na 4×4, o modelo pode chegar à faixa de 300 cv.
Convivência: as outras novidades
Se o Avenger inaugura a oferta de emissão zero da marca americana, ele não ficará sozinho por muito tempo no mercado dos Jeep 100% elétricos: em 2024, se juntarão a ele dois produtos que nascem na mesma plataforma, o STLA Large (grande), mas que não poderia ser mais diferentes em estilo, configuração e destinação.
O Recon (à direita, na foto de baixo) é o elo entre a linha de SUVs, no topo da qual temos o Grand Cherokee, e a família off-road, composta por Wrangler e Gladiator.
Com linhas quadradas mas elegantes e um nariz “civilizado”, tem o avançado sistema de gerenciamento de tração nas quatro rodas Selec-Terrain, com tecnologia de travamento de eixo elétrico, o que torna a versão Moab capaz de percorrer facilmente a dificílima Rubicon Trail, nos Estados Unidos, e merecedor da certificação interna “Trail Rated”, reservada apenas para os Jeeps mais capazes em condições off-road.
O outro modelo da versão maior da plataforma STLA é o Wagoneer S (à direita, na foto de cima), um SUV que também é do segmento D, mas bem urbano, com laterais lisas, linhas aerodinâmicas e uma grade fina em que as sete fendas da marca são pouco mais que uma referência iconográfica.
Aqui é o desempenho na estrada que mais conta, com 600 cv de potência, 3,5 segundos para acelerar de 0-100 km/h e uma autonomia de mais de 600 quilômetros. Um quarto modelo, misterioso e a bateria, é anunciado para 2025. O herdeiro direto do Renegade? Ou seria do Compass ? Saberemos em breve.
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